sábado, 26 de fevereiro de 2011

O evitável e o inevitável

Após o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da chamada Guerra Fria a tecnologia nuclear virou vedete. Algo entre amada, respeitada e odiada, a energia nuclear - com fins pacíficos ou militares - marcou a segunda metade do século XX.
A corrida armamentista entre EUA e URSS fez com que ambos os países construíssem enormes arsenais nucleares. Os EUA, por exemplo, construíram (desde 1945) 66,5 mil armas nucleares de 100 tipos diferentes. Como era de se esperar, a tensão internacional alcançou um nível insuportável e em 1968 a ONU estabeleceu um Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares reunindo incialmente os 5 membros do Conselho de Segurança - EUA, URSS (depois Rússia), China, Reino Unido e França - todos detentores de armas nucleares. No entanto, França e China só ratificaram o tratado em 1992.
Pelos termos do tratado ficaria estabelecido um limite máximo de ogivas nucleares e ninguém poderia vender ou transferir armas deste tipo para outros países "não-nucleares". Desse modo, a ideia era afastar o fantasma da guerra nuclear generalizada, sem impedir o uso pacífico da tecnologia.
Uso este que tem sido alvo de inúmeras críticas entre ecologistas e mesmo pessoas com alguma memória. Em princípio a energia atômica para geração de energia elétrica foi aplaudida como uma tecnologia limpa e eficiente. No entanto, rapidamente se expôs o problema da água usada para o resfriamento dos reatores das usinas nucleares que é devolvida à natureza com alta temperatura, interferindo no meio ambiente. Porém o pior ainda viria no ano de 1986.
No dia 26 de abril de 1986 (fevereiro no nosso calendário) uma ação mal executada na Usina de Chernobyl, na Ucrânia, provocou a explosão de um dos reatores. Com a "ajuda" do vento a núvem tóxica atingiu boa parte da Europa, apesar de os efeitos mais nocivos terem acontecido na Ucrânia, Rússia e Bielarus. Depois disso, não só os reatores soviéticos foram alvo de críticas, mas toda usina nuclear foi colocada como suspeita diante da opinião pública mundial.


Em amarelo a principal área afetada, as demais receberam "restos" da núvem radioativa
A Alemanha acabou com todas as suas usinas (apesar de comprar energia da França, do outro lado da fronteira, produzida em usinas nucleares). No Brasil as críticas em relação à energia nuclear são apoiadas na convicção popular de que uma usina e uma bomba relógio são praticamente a mesma coisa. Este ano o acidente, ou catástrofe, de Chernobyl comemora 25 anos e a Ucrânia planeja abrir a usina desativada para visitação pública.



As imagens são de 2006. Narração em inglês.

O armamento do mundo pode ser evitado, o acidente poderia ser evitado, as mortes, enfim, poderiam ter sido evitadas. Só as sequelas não podem mais ser evitadas.

Leia +
Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Texto integral AQUI
Novo tratado entre EUA e Rússia, assinado em 5 de fevereiro de 2011. Notícia AQUI
20 anos de Chernobyl. Notícia AQUI
25 anos de Chernobyl. Notícia AQUI

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