segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ah, a FUVEST

A FUVEST conseguiu criar uma aura de respeitabilidade e temor. Nunca sei se os vestibulando tem mais medo ou respeito por este vestibular, mas é fato que depois que ele passa todos respiram mais aliviados.
Do ponto de vista prático, da prova em si, já disse antes: não considero uma prova muito bonita. O pessoal andou fazendo umas mudanças, mas nada que mudasse profundamente. Aliás, como deveria ser mudado.
A prova deste ano ocorreu ontem, domingo, e exigia que o candidato resolvesse 90 testes de conhecimentos gerais. Em princípio era dito que parte dessas questões seriam interdisciplinares, o que estou procurando até agora.
No que diz respeito à prova de História, está bem melhor que no ano passado. Melhoraram bastante a distribuição temática de modo que tivemos, entre as 10 pergunta: uma questão de Pré-história Brasileira (leitura atenta e raciocínio lógico resolviam); uma de Idade Média (genérica, sem mistério); Idade Moderna contou com duas, uma sobre a Expansão Marítima Portuguesa e o pensamento mercantilista, e outra sobre a escravidão; e a FUVEST gosta tando do tema escravidão que teve mais uma questão, agora no século XIX e que lembrava bastante uma da UNESP; teve uma questão sobre Período Joanino e relações com Inglaterra (voltarei a falar desta questão); muito próxima desta última, que abordava as mudanças da produção e comércio mundiais, uma sobre ferrovias (achei meio chatinha de fazer, pois era fácil de se confundir); século XX a dentro, tivemos uma sobre a Revolução de 1930 e, curiosamente, o mesmo tema foi abordado na prova da UNICAMP; e terminamos a prova com uma pergunta sobre Ditadura Militar e outra sobre o Impeachment do Presidente Collor, dois temas que também apareceram no ENEM e na UNICAMP.


Em resumo, ao contrário do ano passado, o vestibular 2012 foi feito para alunos brasileiros! Parabéns, FUVEST!!!!!






Bom, gostaria de aproveitar este post só para apontar uma curiosidade e defender a dedicação aos estudos e a atenção às provas.
Neste ano a questão 73 da prova V dizia:
“Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como celeiros e armazéns não diferentes do que chamamos na Inglaterra de armazéns italianos, de secos e molhados, mas, em geral, os ingleses aqui vendem suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. (...) As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil.”
[Maria Graham. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990, p. 230 (publicado originalmente em 1824). Adaptado.] 
Esse trecho do diário da inglesa Maria Graham refere-se à sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em 21 de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram alguns efeitos
a) do Ato de Navegação, de 1651, que retirou da Inglaterra o controle militar e comercial dos mares do norte, mas permitiu sua interferência nas colônias ultramarinas do sul.
b) do Tratado de Methuen, de 1703, que estabeleceu a troca regular de produtos portugueses por mercadorias de outros países europeus, que seriam também distribuídas nas colônias.
c) da abertura dos portos do Brasil às nações amigas, decretada por D. João em 1808, após a chegada da família real portuguesa à América.
d) do Tratado de Comércio e Navegação, de 1810, que deu início à exportação de produtos do Brasil para a Inglaterra e eliminou a concorrência hispanoamericana. e) da ação expansionista inglesa sobre a América do Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico, após sua vitória sobre as tropas napoleônicas, em 1815.
e) da ação expansionista inglesa sobre a América do Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico, após sua vitória sobre as tropas napoleônicas, em 1815.
Questão sem muito mistério, precisava ficar atento às datas para evitar confusões e lembrar que com a Abertura dos Portos, em 1808, e o Tratado de Comércio e Amizade com a Inglaterra, em 1810, o mercado brasileiro foi invadido pelos produtos da maior potência industrial e comercial da época, e aliada histórica de Portugal. Resposta C.

Agora, vejam esta questão, da 2a. Fase da FUVEST de 1993 e que eu já usei em provas da 2a. série do Ensino Médio:
"As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras SUPERFINO DE LONDRES saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmigham, podem ser obtidas nas lojas do Brasil a um preço um pouco mais alto do que em nossa terra."

Esta descrição das lojas do Rio de Janeiro foi feita por Mary Graham, uma inglesa que veio ao Brasil em 1821.
a) Como se explica a grande quantidade de produtos ingleses à venda no Brasil desde 1808, e sobretudo depois de 1810?
b) Quais os privilégios que os produtos ingleses tinham nas alfândegas brasileiras?
Oh!!! Mas é o mesmo texto e a mesma questão? Sim, senhores! Só a questão B é que pedia para nomear as vantagens alfandegárias da Inglaterra que chegavam a ser maiores que às oferecidas aos produtos portugueses.
'Bora estudar, rapaziada!

Para quem não viu a prova, clique AQUI.
Gabarito oficial, clique AQUI.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Valeu a tentativa?

Todo bimestre é a mesma coisa, tem sempre alguém tentando... só nunca ouvi falar que deu certo!


Do Deixando o Ócio visto no Jacaré Banguela.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Domingo é dia de...



Domingo é dia de FUVEST!!
Como você já teve oportunidade de errar nos outros vestibulares, agora não tem mais desculpa. Na dúvida, verifique logo abaixo se não está esquecendo nada:

  • Local da prova AQUI
  • Documento de Identidade (RG)
  • Caneta esferográfica (azul ou preta)
  • Lápis nº 2 
  • Borracha
  • Chegar até 12:30


Não levar celular!! 


Boa sorte!


segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A vez da PUC-SP

Temporada de vestibulares é assim mesmo, cada final de semana tem um. Se você optou por prestar o maior número possível pensando em aumentar suas chances, prepare-se para ficar esgotado em janeiro quando tudo terminar.
Ontem, domingo, foi dia de PUC-SP. Mais uma prova com modelo diferente: 45 testes, 5 questões dissertativas interdisciplinares e uma redação. Indo direto ao ponto, temos para comentar as 5 questões de múltipla escolha de história e a dissertativa de história & geografia.
Eu li na internet que o cursinho ETAPA elogiou a seção de história. Eu não compartilho da mesma opinião. É verdade que as 5 questões foram variadas, cobriram grande parte do conteúdo e de forma ampla, e também reconheço o desafio de se formular apenas 5 testes para um currículo tão vasto. No entanto, pessoalmente, me pergunto sobre os critérios utilizados.
Começamos por Guerras Púnicas! Não perguntou-se sobre as instituições da República ou do Império, nem sobre a relação plebeus e patrícios, mas sobre a expansão da República Romana a partir da guerra contra Cartago. Na minha opinião um detalhe que ganhou atenção demais numa prova de 5 questões.
A questão seguinte era sobre colonização portuguesa na América. Temática clássica, texto idem. E bastava ter uma leve noção, já que a leitura do texto dava ao aluno condições de responder com tranquilidade.
Na sequência mais um texto, desta vez uma declaração do Partido Democrático (PD) de 1932.
“A revolução não se fez para assumir a tutela da Nação senão para entregar à Nação o governo de si mesma. Se a Nação entender, pelo voto de seus genuínos representantes, organizar-se antes de um modo do que de outro, devemos nos inclinar diante de sua soberania. Podemos e devemos instruir o povo, convertendo-o às ideias que nos parecem mais acertadas; mas não é lícito impor-lhe o nosso pensamento e vontade. Seria o despotismo. O Partido Democrático não pode desviar-se desta linha. No frontispício de seu programa, como a doirar a cúpula dos compromissos assumidos, figura a bela tricotomia americana do governo do povo, pelo povo e para o povo.”
(Declaração do Partido Democrático de São Paulo, 13 de janeiro de 1932, in Déa Ribeiro Fenelon (org.). 50 textos de história do Brasil. São Paulo: Hucitec, 1986, p. 152-153.)
Esta questão tinha uma armadilha que era localizar com segurança qual era a "revolução" citada. A data do documento induz a pensar na Revolução Constitucionalista de 1932, mas esta ocorre meses depois e por causa do descontentamento com a Revolução de 1930 que acabou com o domínio da oligarquia paulista e levou Getúlio Vargas ao poder. Era necessário também que o aluno lembrasse que o PD apoiou a Aliança Liberal contra os cafeicultores paulistas e o candidato do então Presidente Washington Luis em nome do voto secreto e contra as manipulações eleitorais. Mas acabou se desiludindo com o Governo Provisório de Vargas e unindo-se ao PRP na Frente Única Paulista em 1932.
Em seguida havia uma questão com uma charge razoavelmente conhecida. Ela consta do nosso Livro Didático e foi questão de prova substitutiva neste ano. A imagem mostra o insólito "casamento" entre Hitler e Stálin, fina ironia por conta do Pacto Germano-Soviético de Não Agressão assinado em 1939, início da Segunda Guerra Mundial.
Por fim, uma questão puramente interpretativa sobre os anos 70, com texto da Maria Rita Kehl. Não havia mistério, apenas pedia-se leitura atenta. Quem fez o mini-curso de História e Futebol ainda teve uma vantagem, já que o Renatão fez uma exposição sucinta sobre o período bem ao estilo do texto.
Eu senti, confesso, falta de alguns temas. Não não se falou de escravidão ou qualquer outro tipo de mão de obra, não se falou de cultura brasileira e alguns devem ter estranhado a ausência de uma questão com História Medieval. Nem a questão dissertativa consertou isso, apesar de ter apresentado uma proposta interessante - urbanização -  unindo aspectos históricos e geográficos. Aliás, questão bem tranquila esta!


Para quem não fez e quer dar uma conferida, clique AQUI.
Veja também o gabarito AQUI.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Humor na República

Ok, sei que a Proclamação da República foi comemorada ontem, mas só vi esta tirinha hoje no Jacaré Banguela.
Apesar do atraso a piada continua valendo.


Por Will Tirando

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Para quem prefere vídeos

O Gustavo, aluno da 2a. série C, me questionou nos "comentários" sobre a possibilidade de estudar para a prova usando video-aulas. No caso, ele mandou o link para três vídeos narrados pelo "historiador" (na verdade sociólogo de formação) Boris Fausto.
Eu, particularmente, não sou o maior fã de video-aulas, mas não condeno. Neste caso, em particular, o Brasil Império é tratado com seriedade e não há risco de nenhuma escorregada historiográfica. Como já disse ao Gustavo, Boris Fausto é uma profissional respeitado e sério.


O vídeo acima está completo, mas é possível encontrar no YouTube uma versão em três partes. Boris Fausto também comentou o restante da História do Brasil em vídeos que, ao todo, devem dar cerca de 3h. Você pode buscar por "História do Brasil por Boris Fausto" e assistir aos vídeos de seu interesse.

Outro aluno, desta vez da 3a. série, o Coelho, me apresentou um podcast de história. Ou seja, seriam audio-aulas feitas para o site Jovem Nerd. Porém, deve-se tomar cuidado, há um certo exagero nas tintas e um pequeno gosto que cômico. Mas se você não pretende mesmo ler o caderno ou o nosso livro, talvez prefira ouvir 70min de conversa sobre o Império brasileiro.

Unicamp 2012: comentários

No domingo último, dia 13, ocorreu a primeira fase do vestibular Unicamp 2012. O atual formato teve início no ano passado e aproximou a prova de seleção da tendência já sinalizada pelo ENEM: exigência de conhecimentos transversais, habilidades que vão além da simples "decoreba", interpretação de textos e questões que não desprezam a bagagem dos alunos. Considerando que a Unicamp já possuia uma tradição em fazer provas bem feitas, não é de se surpreender com a qualidade da atual.
Uma das mudanças instituídas no ano passado foi a redação, ou melhor, as redações: agora são 3 propostas diferentes, mas que guardam um certo diálogo entre si. Eu, particularmente, adorei as deste ano. Temas atuais que exigiam formatos que, ao mesmo tempo, pediam o domínio da técnica, mas saía daquele formato quadrado dissertação-narração-carta. Vale a pena conferir!
Com relação as questões de História, tivemos uma prova balanceada contemplando inúmeros temas: história dos povos árabes (na África), moderna (renascimento e reformas religiosas; e iluminismo), contemporânea com ênfase em geopolítica (Conflito Israelo-Palestino), Brasil Colônia (emboabas), Brasil Império (guerra do Paraguai) e Brasil recente (Diretas Já!).
Ainda assim, me surpreendeu a falta de alguns temas, como África Negra, escravidão no Brasil, América Latina e anos 1940-1950 (Brasil e Mundo). Mas sabemos que não dá pra colocar tudo em cerca de 9 questões.
Gostaria de chamar a atenção para alguns detalhes:
1. A questão sobre a Guerra do Paraguai apresentou exatamente o mesmo texto trabalhado pela 2a. série neste bimestre. Faz parte do nosso livro didático e foi alvo de um trabalhinho.
2. O trecho do Contrato Social de Rousseau serviu a duas questões, uma de cunho mais filosófica e outra de inserção da filosofia em seu contexto histórico, como deve ser.
3. Por fim, comento uma questão em particular.

(Questão 38 da prova Y)

“Ninguém é mais do que eu partidário de uma política exterior baseada na amizade íntima com os Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados Unidos uma política externa que se começa a desenhar. (…) Em tais condições a nossa diplomacia deve ser principalmente feita em Washington (...). Para mim a Doutrina Monroe (...) significa que politicamente nós nos desprendemos da Europa tão completamente e definitivamente como a lua da terra.”
(Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva, “Manoel Bonfim e a ideologia do imperialismo na América Latina”, em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1988, p.88.)
Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar que:
a) Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador, antecipou a política imperialista americana de tornar o Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.
b) A Doutrina Monroe a que Nabuco se refere, estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de “a
América para os americanos”.
c) Ao declarar que a América estava tão distante da Europa “como a lua da terra”, Nabuco reforçava a necessidade imediata de o Brasil romper suas relações diplomáticas com Portugal.
d) O pensamento americano considerava legítimas as intenções norte-americanas na América Central, bem como o apoio às ditaduras na América do Sul, desde o século XIX.

Resolução:
Considero que esta era a questão mais complexa da prova, pois exigia o domínio de ao menos dois momentos históricos distintos: um sobre a Doutrina Monroe e outro sobre Joaquim Nabuco. É claro que se aluno soubesse exatamente a data da Doutrina e seu lema mataria a resposta, mas considerando o contrário, seria preciso localizar de quando é a fala de Nabuco.
A Doutrina Monroe já foi discutida por aqui em outro post e outro contexto, mas vale repetir um trecho definidor da fala do presidente estadunidense James Monroe em 1823:

Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência européia (…)


Formulada no início do século XIX, ou seja, bem antes de os EUA virarem uma potência mundial, a Doutrina tinha como objetivo diminuir, senão impedir, o assédio imperialista europeu no continente Americano após a independência de quase todos os territórios que antes haviam sido colonizados por países do Velho Mundo.
Na imagem, Tio Sam barra a Inglaterra e a Alemanha
Nabuco, por sua vez, fala da virada do século XIX para o XX, momento em que o imperialismo comercial inglês, francês e alemão era extremamente forte na América Latina e especialmente no Brasil. Sua defesa era de se fazer frentes à Europa seguindo o lema "a América para os americanos", de Monroe, ou seja, aumentando independência da diplomacia brasileira em relação à Inglaterra, por exemplo.
Era importante, para esta questão, esquecer os EUA pós-Segunda Guerra Mundial, quando, já uma potência, o lema acaba tendo uma conotação bem negativa: "A América para os americanos do norte", por assim dizer. E aí sim, a fala de Nabuco pareceria entreguista.

Resposta: B

Para quem não viu a prova toda, clique AQUI
O gabarito se encontra AQUI


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Representações alegóricas

A cada dia somos mais visuais. Nos comunicamos por meio de imagens, estáticas ou em movimento, transmitimos ou lemos mensagens sem qualquer escrito. Cores, formatos, dimensões, expressões corporais ou gestos, tudo pode ter significado. Cabe a cada um saber ler esses códigos dentro do que cada cultura oferece. Esses códigos possuem também uma face temporal, o que nossos avós entendiam como óbvio não necessariamente nos dizem alguma coisa hoje.
Hoje, em aula, um aluno da 2a. série me perguntou o que era uma alegoria. A resposta não é tão complexa, trata-se de uma representação concreta de uma ideia abstrata. Não pareceu tão simples? Qualquer representação de uma ideia, sem corpo ou forma, em uma imagem (visual ou verbal) é considerada uma alegoria.
Como exemplo aproveito a proximidade com o 15 de novembro: a alegoria da República.


Esta aí em cima é a República Brasileira, recém-nascida, na verdade. Inspierada no republicanismo francês, nossa república resgata a personificação tradicional da "Marianne" nome da jovem destemida que venceu o Absolutismo em defesa do povo e da nação. Na prática, Marianne é república e mãe-pátria ao mesmo tempo.
Reparem que todo o parágrafo anterior é alegórico. A "moça" Marianne só existe enquanto imagem, sempre de vestido longo e barrete frígio sobre a cabeça. Ela nunca foi a luta contra um fulano chamado Absolutismo, mas metafóricamente este seria o combate da Revolução Francesa.
No caso brasileiro, a jovem (e armada) República supera a velha Monarquia. Na imagem acima, o último primeiro-ministro de D. Pedro II, o Visconde de Ouro Preto, ajoelha-se e entrega, rendido, a coroa para o novo regime que se inicia. Ao fundo, vê-se a cena da Proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca na Praça da Aclamação (hoje Praça da República) no Rio de Janeiro.
Toda a mensagem apenas com um desenho: isto é alegoria!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sugestão de leitura: o início da República

Dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República, está chegando, assim como a prova bimestral da 2a. série. Unindo o útil ao agradável (!?) escolhi um interessante artigo da Revista de História da Biblioteca Nacional como leitura de aprofundamento.
Para o pessoal da 2a. série a sugestão é ainda mais recomendável, afinal, nossa prova no dia 16 tem como um dos conteúdos obrigatórios justamente o tema do texto abaixo...


O pecado original da RepúblicaComo a exclusão do povo marcou a vida política do país até os dias de hoje
José Murilo de Carvalho (professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de "A cidadania no Brasil: o longo caminho").

Ano de 1889: cem anos da Revolução Francesa. A corrente jacobina dos republicanos brasileiros julgava ser essa a ocasião ideal para a proclamação de nossa República, que deveria, segundo ela, ser feita revolucionariamente pelo povo lutando nas ruas e nas barricadas. O principal porta-voz dessa corrente, Silva Jardim, pregava abertamente o fuzilamento do conde d’Eu, o marido da princesa Isabel. Sendo o conde um nobre francês, seu eventual fuzilamento daria à revolução brasileira um sabor especial, pois lembraria a morte na guilhotina do rei Luís XVI.
Um ponto central da propaganda republicana era a idéia de autogoverno, do povo governando a si mesmo, do país se autodirigindo, sem necessidade de uma família real de origem européia e de um imperador hereditário. Das três correntes principais da propaganda, a jacobina era a que atribuía maior protagonismo ao povo.
A corrente mais forte era a liberal-federalista, de derivação anglo-americana. O liberalismo vinha do lado anglo, da Inglaterra; o federalismo, do lado norte-americano. O liberalismo predominou no Manifesto Republicano de 1870, mais bem representado por Saldanha Marinho, e o federalismo, no projeto de constituição dos republicanos paulistas de 1873, cujo representante mais influente era Campos Sales. Por sua ascendência liberal, oriunda dos liberais do Império, ela admitia participação popular, embora sem lhe atribuir o primeiro plano, como faziam os jacobinos. Pelo lado federalista, no entanto, não havia muita simpatia pelo povo. Interessava-lhe, sobretudo, o autogoverno estadual a ser conquistado pelo federalismo.
(CONTINUA)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Provas bimestrais

Estamos às vésperas das provas bimestrais e, se tudo correr bem, serão as últimas avaliações do ano. Portanto, nada de relaxar na reta final!
Para que todos possam se organizar melhor, segue a lista dos conteúdos que cairão na prova do dia 16 de novembro.

2a. série

A matéria toda é praticamente História do Brasil Independente no século XIX, ou seja:
  • 1o. Reinado
  • Período Regencial
  • 2o. Reinado
  • Crise da Monarquia e início da República
Tudo isso consta dos capítulos 21 (p. 419-445) e 23 (p. 454-458). Prestem atenção, o capítulo 23 não será exigido em sua totalidade, apenas este intervalo de páginas!!!
Por fim, uma recomendação de todo bimestre: sigam como roteiro de estudo o caderno. Só avaliaremos o que foi discutido em sala de aula!


3a. série

A matéria deste bimestre é bem compacta, mas muito importante. Será alvo de avaliação o Brasil entre 1945 e 1964, a chamada Democracia Populista.
O livro de vocês, infelizmente, é muito superficial neste conteúdo: Capítulo 6, unidade 5 (p. 594-597).
Para complementar este conteúdo disponibilizei no GIC o power-point que trabalhamos em sala com imagens e textos, assim como aquele texto sobre o Governo JK e o Nacional-desenvolvimentismo.
Sugiro ainda a leitura dos textos do livro:
  • "Para saber mais" (p. 608-612)
  • "Estudo do texto: Nacionalismo Econômico" (p. 614) 
A recomendação feita para a 2a. série continua valendo: sigam como roteiro de estudo o caderno. Só avaliaremos o que foi discutido em sala de aula!

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vestibular UNESP 2012

Neste domingo passado, dia 6, tivemos a prova para ingresso na UNESP. Foram 90 questões de múltipla escolha, sendo 30 para cada uma das áreas abaixo:

  • Linguagens e códigos: elementos de língua portuguesa e literatura, língua inglesa, educação física e arte;
  • Ciências Humanas: elementos de história, geografia e filosofia;
  • Ciências da Natureza e Matemática: elementos de biologia, química, física e matemática.
Da parte que me toca, gostei das questões de História. Bem distribuídas quanto aos temas, tivemos quase uma pergunta para cada período histórico (nacional e geral) e a presença da História Afro-Brasileira. A prova também privilegiou o trabalho com textos o que é sempre uma faca de dois gumes: por um lado, exigia do aluno apenas bom domínio da leitura e interpretação, por outro, deixava o exame mais longo.
Não pretendo corrigir cada uma das questões aqui, mas o aluno Felipe Avilez manifestou uma dúvida pelo Twitter, portanto, lá vamos nós. Se entendi corretamente, a dúvida era com relação à questão 37.

Enunciado:
A tabela contém dados extraídos de A formação do capitalismo dependente no Brasil, 1977, de Ladislau Dowbor, que se referem ao preço médio de um escravo (sexo masculino) no Vale do Paraíba.

Ano
Preço (mil réis)
1835
375
1845
384
1855
1.075
1865
972
1875
1.256

Indique a alternativa, que pode ser confirmada pelos dados apresentados na tabela.

(A) A comercialização interna de escravos permitiu que os preços se mantivessem altos na primeira metade do século XIX.
(B) A Lei do Ventre Livre, de 1871, foi a principal responsável pela diminuição no número de escravos e pela redução dos preços.
(C) A grande imigração, a partir de 1870, aumentou o uso de mão de obra escrava e provocou redução nos preços.
(D) A proibição do tráfico de escravos, em 1850, provocou sensível aumento nos preços, pois limitou drasticamente o ingresso de africanos.
(E) A aplicação da tarifa Alves Branco, em 1844, aumentou os impostos de importação, dificultou o tráfico de escravos e provocou elevação nos preços.

Resolução:
Esta questão é relativamente simples, mas exigia ao menos 3 habilidades. Era necessário saber ler a tabela e até mesmo imaginar um gráfico com a oscilação do preço dos escravos. Temos o valor praticamente estável entre 1835 e 1845, com um incrível aumento do preço em 1855. Afora a acomodação ocorrida em 1865, o preço médio do escravo continua subindo em 1875. Em um segundo momento era fundamental saber quais variáveis interferem a fixação de um preço: regrinha básica da oferta e procura. Ou seja, ou muita gente estava procurando por mão de obra cativa ou estava faltando escravos no mercado, ou ambos! No terceiro momento era necessário lembrar que a proibição do tráfico atlântico de escravos ocorreu em 1850, com a Lei Eusébio de Queiróz. Logo, houve uma queda abrupta da oferta de "mercadoria" justificano a escalada dos preços.
Alternativa D



Para quem não fez a prova e quer dar uma olhada,clique AQUI.
Para quem fez e quer conferir o gabarito,clique AQUI.


Se houvermais alguma questão com dúvida é só deixar um comentário logo abaixo.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Trabalho escravo hoje

Há uma série de eventos e temas que estão na moda e não digo que isto é bom ou ruim por princípio. Se cuidar da saúde está em voga não podemos considerar o modismo algo ruim. Também é o caso das discussões sobre trabalho escravo e consumo consciente.
Em geral pensamos em consumo consciente quando falamos de reciclagem, produtos orgânicos ou, simplesmente meio ambiente. Mas é claro que a coisa vai mais além. Se vivemos num mundo cujas relações se estabelecem por meio do consumo - ao fim temos "você é aquilo que você compra" - é fundamental que tenhamos consciência do que estamos comendo, vestindo, usando, etc. Não é fácil, afinal o capitalismo tem o "dom" de automatizar as coisas. Do consumo para o consumismo é um passo e logo estamos simplesmente adquirindo mais e mais, sem sequer pensar no porquê preferimos X a Y.
Da parte das empresas, o interesse é maximizar os lucros. Isso se consegue aumentando as vendas OU diminuindo custos que vão desde a matéria-prima até a mão de obra. Aí está o gancho para o trabalho escravo, também chamado de trabalho análogo ao escravo ou trabalho subumano. Não se trata do mesmo tipo de escravidão que vigorou oficialmente no Brasil até 1888, mas também envolve coerção, violência e condições degradantes de trabalho e sobrevivência. Basta lembrarmos do caso da confecção espanhola Zara e suas oficinas ilegais aqui no Brasil ou as denúncias contra o MacDonald's, além dos inúmeros casos envolvendo o agronegócio.
A grande questão é: você concorda com o uso de mão de obra escrava ou o tratamento desumano aos trabalhadores? Se não concorda, ainda assim consome estes produtos?
Pensando nisso e na necessidade de chamar a atenção das pessoas para seu consumo que a ONG Made in a Free World criou um teste on-line chamado de Slavery Footprint, uma alusão às tais pegadas de carbono. Com base em seus hábitos o site calcula quanto do seu dia a dia é fruto do trabalho escravo.



O teste é um pouco mais longo que os da Revista Capricho, mas acho que vale a pena. Eu fiquei um bocado espantando ao saber que cerca de 47 escravos trabalham para mim!


Fiquei sabendo aqui: Quantos escravos trabalham para você?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Patrimônio Nacional na internet

Os bens tidos como patrimônio cultural só fazem sentido se as pessoas os conhecem e se apropriam desses locais, ou seja, se entendem o valor e os "utilizam" cotidianamente. Mas na maioria das vezes habitamos na cidade onde se encontram tais patrimônios, o que não significa que não tenham importância para nós.
Mesmo estando longe de Permanbuco a riqueza arquitetônica de Olinda faz parte do universo cultural brasileiro: marco de uma época e da presença portuguesa (assim como holandesa) nesse território que hoje chamamos de Brasil.
Eu, particularmente, preferia conhecer em meio a uma viagem de férias, mas ainda não foi possível. Até lá, preciso me contentar com experiências virtuais como o Hzoom. Este projeto, tocado pelo historiador Rafael Vasconcellos, a fotógrafa Marília Vasconcellos e a produtora Mirza Pellicciotta, conta com apoio do ProAc do Governo do Estado de São Paulo e começou por gerar fotos panorâmicas para navegação em 360o. Ainda em fase inicial, o Hzoom reune alguns dos sítios reconhecidos como Patrimônio Cultural da Humanidade localizados no Brasil: até o momento concentrados no Nordeste (PE, PI e SE) e em São Paulo.
Todos os sítios contam com uma descrição sumária e as razões pelas quais houve o tombamento, além de bons controles: laterais, para cima e para baixo, zoom in e out. Não deve nada aos sites estrangeiros com a mesma proposta.
Vale o click!



Para saber +
Viagem virtual pelo patrimônio brasileiro



P.S. Para quem ficou intrigado com o fato de ter tantas imagens de Campinas, explica-se: os idealizadores do projeto são da cidade no interior de São Paulo e boa parte das imagens foram feitas nas horas livres. Olinda, por exemplo, foi fotografada durante as férias!!!