segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Ah, a FUVEST

A FUVEST conseguiu criar uma aura de respeitabilidade e temor. Nunca sei se os vestibulando tem mais medo ou respeito por este vestibular, mas é fato que depois que ele passa todos respiram mais aliviados.
Do ponto de vista prático, da prova em si, já disse antes: não considero uma prova muito bonita. O pessoal andou fazendo umas mudanças, mas nada que mudasse profundamente. Aliás, como deveria ser mudado.
A prova deste ano ocorreu ontem, domingo, e exigia que o candidato resolvesse 90 testes de conhecimentos gerais. Em princípio era dito que parte dessas questões seriam interdisciplinares, o que estou procurando até agora.
No que diz respeito à prova de História, está bem melhor que no ano passado. Melhoraram bastante a distribuição temática de modo que tivemos, entre as 10 pergunta: uma questão de Pré-história Brasileira (leitura atenta e raciocínio lógico resolviam); uma de Idade Média (genérica, sem mistério); Idade Moderna contou com duas, uma sobre a Expansão Marítima Portuguesa e o pensamento mercantilista, e outra sobre a escravidão; e a FUVEST gosta tando do tema escravidão que teve mais uma questão, agora no século XIX e que lembrava bastante uma da UNESP; teve uma questão sobre Período Joanino e relações com Inglaterra (voltarei a falar desta questão); muito próxima desta última, que abordava as mudanças da produção e comércio mundiais, uma sobre ferrovias (achei meio chatinha de fazer, pois era fácil de se confundir); século XX a dentro, tivemos uma sobre a Revolução de 1930 e, curiosamente, o mesmo tema foi abordado na prova da UNICAMP; e terminamos a prova com uma pergunta sobre Ditadura Militar e outra sobre o Impeachment do Presidente Collor, dois temas que também apareceram no ENEM e na UNICAMP.


Em resumo, ao contrário do ano passado, o vestibular 2012 foi feito para alunos brasileiros! Parabéns, FUVEST!!!!!






Bom, gostaria de aproveitar este post só para apontar uma curiosidade e defender a dedicação aos estudos e a atenção às provas.
Neste ano a questão 73 da prova V dizia:
“Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como celeiros e armazéns não diferentes do que chamamos na Inglaterra de armazéns italianos, de secos e molhados, mas, em geral, os ingleses aqui vendem suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. (...) As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil.”
[Maria Graham. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990, p. 230 (publicado originalmente em 1824). Adaptado.] 
Esse trecho do diário da inglesa Maria Graham refere-se à sua estada no Rio de Janeiro em 1822 e foi escrito em 21 de janeiro deste mesmo ano. Essas anotações mostram alguns efeitos
a) do Ato de Navegação, de 1651, que retirou da Inglaterra o controle militar e comercial dos mares do norte, mas permitiu sua interferência nas colônias ultramarinas do sul.
b) do Tratado de Methuen, de 1703, que estabeleceu a troca regular de produtos portugueses por mercadorias de outros países europeus, que seriam também distribuídas nas colônias.
c) da abertura dos portos do Brasil às nações amigas, decretada por D. João em 1808, após a chegada da família real portuguesa à América.
d) do Tratado de Comércio e Navegação, de 1810, que deu início à exportação de produtos do Brasil para a Inglaterra e eliminou a concorrência hispanoamericana. e) da ação expansionista inglesa sobre a América do Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico, após sua vitória sobre as tropas napoleônicas, em 1815.
e) da ação expansionista inglesa sobre a América do Sul, gradualmente anexada ao Império Britânico, após sua vitória sobre as tropas napoleônicas, em 1815.
Questão sem muito mistério, precisava ficar atento às datas para evitar confusões e lembrar que com a Abertura dos Portos, em 1808, e o Tratado de Comércio e Amizade com a Inglaterra, em 1810, o mercado brasileiro foi invadido pelos produtos da maior potência industrial e comercial da época, e aliada histórica de Portugal. Resposta C.

Agora, vejam esta questão, da 2a. Fase da FUVEST de 1993 e que eu já usei em provas da 2a. série do Ensino Médio:
"As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras SUPERFINO DE LONDRES saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, louça de barro, mas, acima de tudo, ferragens de Birmigham, podem ser obtidas nas lojas do Brasil a um preço um pouco mais alto do que em nossa terra."

Esta descrição das lojas do Rio de Janeiro foi feita por Mary Graham, uma inglesa que veio ao Brasil em 1821.
a) Como se explica a grande quantidade de produtos ingleses à venda no Brasil desde 1808, e sobretudo depois de 1810?
b) Quais os privilégios que os produtos ingleses tinham nas alfândegas brasileiras?
Oh!!! Mas é o mesmo texto e a mesma questão? Sim, senhores! Só a questão B é que pedia para nomear as vantagens alfandegárias da Inglaterra que chegavam a ser maiores que às oferecidas aos produtos portugueses.
'Bora estudar, rapaziada!

Para quem não viu a prova, clique AQUI.
Gabarito oficial, clique AQUI.

2 comentários:

  1. Essa questão já apareceu na segunda fase da fuvest de 1993!

    Isso é corriqueiro?

    Eu estudo as provas antigas, mas nem tão antigas!

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  2. Ricardo,
    Não posso te dizer que é corriqueiro. Pra ser bem sincero foi a primeira vez que notei uma semelhança tão grande. Na maioria das vezes repetem-se temas, ou formas de se abordar um tema. Fica quase como o cenário musical, depois de um tempo tem muita gente cantando parecido.
    De qualquer modo, penso que você deve continuar estudando a partir das provas antigas. E não se preocupe com a antiguidade, os vestibulares estão mudando muito, em breve as questões da década de 1990 vão começar a parecer ultrapassadas.

    Abraço

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