Mostrando postagens com marcador Nazi-fascismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nazi-fascismo. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 23 de abril de 2012

O que é hiperinflação?


Quando falamos em período entre-guerras, ou melhor, a década de 1920 na Europa, é obrigatório lembrar da precária situação econômica: desemprego, baixa produtividade do campo e da indústria e hiperinflação. Quando a conjuntura parecia um pouco melhor, veio a catastrófica crise de 1929 para fechar a década. Um cenário que, não por acaso, colaborou decisivamente para ascensão dos regimes autoritários nazi-fascistas.
Mas o que quer dizer hiperinflação exatamente? Não é difícil de imaginar uma inflação altíssima e descontrolada, com diários aumentos de preço. Um dos casos mais famosos é a hiperinflação da Alemanha (República de Weimar) em 1923. Para se ter uma ideia, entre janeiro de 1922 e dezembro de 1923 a inflação chegou a um patamar de 1 bilhão por cento. Difícil de visualizar? Então leia o texto abaixo retirado do livro Os Três Camaradas, do alemão Erich Maria Remarque:
1921...Fico pensando. Já não me lembro de nada. Aquele ano falhara, simplesmente. No ano de 1922, trabalhei como ferroviário na Turíngia e, em 1923, como chefe do departamento de propaganda de uma indústria de borracha. Isto aconteceu no período de inflação. Meu salário mensal ascendera às vertiginosas alturas dos duzentos bilhões de marcos. Havia pagamento duas vezes por dia, e logo após o recebimento, uma licença de uma hora para que se pudesse sair correndo pelas lojas, a fim de comprar ainda alguma coisa útil, antes de ser anunciado o novo câmbio do dólar; pois então o dólar só valeria a metade. 
(Erich Maria Remarque. Os Três Camaradas. Rio de Janeiro: Record, [s.d.]. P. 8)

Para enfatizar: as crianças estão brincando com maços de dinheiro desvalorizado
durante a crise de 1923 na Alemanha.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Propaganda e os propagandistas

Bertolt Brecht (1898-1956)
Como atividade optativa neste bimestre havia um trabalho com documentos cujo tema era o nazi-fascismo. Um dos documentos era, na verdade, um poema de Bertolt Brecht, um dos maiores dramaturgos do século XX e ferrenho crítico do nazismo desde o primeiro instante. Perseguido pelo regime de Hitler, Brecht deixou a Alemanha e perdeu sua cidadania alemã. Suas peças e poemas possuem sempre uma crítica ao nazismo ou à sociedade que aceitava a liderança do Führer sem qualquer questionamento. Até hoje o termo brechtiano se aplica ao teatro crítico e pedagogicamente político, voltado para o engajamento da sociedade contra a opressão.
No poema abaixo, Brecht trata justamente de uma das inovações nazistas: a propaganda. Como os nazistas estavam voltados para uma política de massas, era fundamental seduzir e conquistar o apoio da população como um todo. Nunca, até então, um partido (e depois um governo) havia usado tanto de propaganda: cartazes, comícios, rádio, cinema, tudo servia aos propósitos de sedução de corações e mentes.
O curioso é que a inovação nazista acabou se tornando o "feijão com arroz" da política . Experimente ler o poema sem as estrofes 2, 3 e 4, que são bem específicas. Não parece a descrição de qualquer campanha política? Ou mais, não parece a propaganda de qualquer coisa, do sabão em pó a um carro de luxo?

NECESSIDADE DA PROPAGANDA
1.
É possível que em nosso país nem tudo ande como deveria andar.
Mas ninguém pode negar que a propaganda é boa.
Mesmo os famintos devem admitir
Que o Ministro da Alimentação fala bem.
2.
Quando o regime liquidou mil homens
Num único dia, sem investigação nem processo
O Ministro da Propaganda louvou a paciência infinita do Führer
Que havia esperado tanto para ter a matança
E havia acumulado os patifes de bens e distinções
Fazendo-o num discurso tão magistral, que
Naquele dia não só os parentes das vítimas
Mas também os próprios algozes choraram.
3.
E quando em um outro dia o maior dirigível do Reich
Se desfez em chamas, porque o haviam enchido de gás inflamável
Poupando o gás não-inflamável para fins de guerra
O Ministro da Aeronáutica prometeu diante dos caixões dos mortos
Que não se deixaria desencorajar, o que ocasionou
Uma grande ovação. Dizem que houve aplausos
Até mesmo de dentro dos caixões.
4.
E como é exemplar a propaganda
Do lixo e do livro do Führer!
Todo mundo é levado a recolher o livro do Führer
Onde quer que esteja jogado.
Para propagar o hábito de juntar trapos* , o poderoso Göring
Declarou-se o maior “juntador de crápulas” de todos os tempos
E para acomodar os crápulas* fez construir
No centro da capital do Reich
Um palácio ele mesmo do tamanho de uma cidade.
5.
Um bom propagandista
Transforma um monte de esterco em local de veraneio.
Quando não há manteiga, ele demonstra
Como um talhe esguio faz um homem esbelto.
Milhares de pessoas que o ouvem discorrer sobre as auto-estradas
Alegram-se como se tivessem carros.
Nos túmulos dos que morreram de fome ou em combate
Ele planta louros. Mas já bem antes disso
Falava de paz enquanto os canhões passavam.
6.
Somente através de propaganda perfeita
Pôde-se convencer milhões de pessoas
Que o crescimento do Exército constitui obra de paz
Que cada novo tanque é uma pomba da paz
E cada novo regimento uma prova de
Amor à paz.
7.
Mesmo assim: bons discursos podem conseguir muito
Mas não conseguem tudo. Muitas pessoas
Já se ouve dizerem: pena
Que a palavra “carne” apenas não satisfaça, e
Pena que a palavra “roupa” aqueça tão pouco.
Quando o Ministro do Planejamento faz um discurso de louvor à nova impostura
Não pode chover, pois seus ouvintes
Não têm com que se proteger.
8.
Ainda algo mais desperta dúvidas
Quanto à finalidade da propaganda: quanto mais propaganda há em nosso pais
Tanto menos há em outros países.

* A palavra alemã Lumpen tem os dois sentidos, “trapos” e “crápulas”. (N. do T. )

terça-feira, 6 de março de 2012

Coragem, uma definição visual

Eu confesso que fiquei muito em dúvida sobre a definição visual expressa pela imagem abaixo. Talvez coragem, ou talvez "a vitória da consciência sobre a alienação". Em todo caso, o ato do cidadão é poderoso!


Vi esta imagem em uma notícia da Revista de História da Biblioteca Nacional e reproduzo abaixo o texto desta excelente publicação.

A coragem de dizer não 
Foto histórica de um homem que se recusou a fazer a saudação nazista cai na internet e faz sucesso nas redes sociais
Felipe Sáles

Contrariando a atração à frivolidade das mensagens virais que tomam a internet, uma antiga foto de um homem que se recusou a fazer o cumprimento nazista se espalha pelo Facebook e faz sucesso na rede mundial de computadores. Enquanto dezenas de pessoas saúdam o Terceiro Reich, o homem permanece de braços cruzados e com um semblante de desdém.
A imagem foi feita em 1936 – em plena Alemanha Nazista – no Porto de Hamburgo, onde a multidão se aglomerava para assistir ao lançamento de um navio militar. O cidadão se chamava August Landmesse e era operário do estaleiro de Hamburgo. Apesar de ter ingressado no Partido Nazista em 1931, ele foi expulso em 1935 por ser casado com uma judia. A união lhe valeu duas filhas e a prisão por “desonrar a raça ariana”. Em 1941, August foi libertado e enviado à guerra. Em pouco tempo no campo de batalha foi dado como desaparecido em combate e declarado morto. Já a mulher de August teria sido presa pela Gestapo, a polícia secreta nazista, e depois desaparecido.
A história veio à tona apenas em 1991, quando August foi identificado. Ao ver a foto num jornal alemão, Irene, uma de suas filhas, o reconheceu. Enquanto sua irmã foi morar com a avó materna, Irene foi enviada a um orfanato e depois adotada. Em 1996, ela escreveu um livro contando a história da família. A imagem, que já foi curtida quase 100 mil vezes e compartilhada outras 40 mil, foi publicada no último sábado (dia 4) na página do Facebook do movimento Senri No Michi – uma organização criada após o terremoto e o tsunami de 2011 do Japão, com o objetivo de divulgar ações de caridade.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Arte com areia e história

Sabe aqueles e-mails que começam com "Imperdível" ou "Maravilhoso, você também vai amar"? Pois é, a maioria eu nem olho. Mas vez ou outra recebo algum que vale a pena e como em geral é minha mãe que manda me obrigo a ver do que se trata.
Desta vez minha mãe me mandou um vídeo de uma moça ucraniana que ganhou o primeiro lugar no Ukraine’s got talent (aquele programa de calouros que tem em quase toda a Europa) em 2009. A particularidade é que não se trata de dança ou canto ou algum talento bizarro, mas a moça - Kseniya Simonova - é uma exímia "pintora com areia" (!?). Ela ganhou o prêmio fazendo uma animação ao vivo com areia. Utilizando uma trilha sonora como fundo e uma superfície translúcida como suporte, Kseniya foi desenhando uma história acrescentando e tirando areia.

A narrativa trata da II Guerra Mundial, quando os ucranianos lutaram contra a invasão nazista numa situação muito delicada. Anteriormente, a Ucrânia havia resistido à dominação russa, responsável pela incorporação do país à URSS em 1922. Desse modo, para muitos ucranianos os nazistas representaram, a princípio, a libertação do jugo soviético. Mas para outros, o desafio era lutar contra os alemães do mesmo modo que haviam lutado contra o Exército Vermelho. O resultado final foi 5 a 8 milhões de mortos no conflito. A história por si só é comovente, no entanto a artista conseguiu acrescentar ainda mais dramaticidade por meio de uma narrativa lírica, usando como fio condutor a separação de um casal por conta da guerra.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Para quem quiser aprofundar a reflexão

Sei que o tema fascina muita gente (mais até do que eu, sinceramente, gostaria) e talvez se deva a isso o bom resultado da maior parte dos alunos da 3a. série neste bimestre. O nazismo e a figura de Hitler foram estudados neste bimestre que se encerrou sob uma ótica bem específica: as questões "como foi possível um regime como o nazista surgir na Alemanha?" e "poderia o nazismo ter se estabelecido em outro país na mesma época?" nortearam toda a abordagem. Assistimos ao filme "A Onda", lemos alguns textos, entre eles um de Erich Fromm, enfim, vocês trabalharam bem.
Mas tem sempre alguém que quer ir um pouco mais longe. Então fica aqui uma sugestão de leitura.

Figura esvaziada de Hitler
Mostra na Alemanha levanta a questão se regimes de exceção representam anseios da sociedade

Por Francisco Carlos Teixeira da Silva e Karl Schurster

A exposição "Hitler und die Deutschen: volksgemeinschaft und verbrechen" (Hitler e os alemães: a comunidade do povo e os criminosos), abrigada na chamada Zeughaus, a antiga Casa de Armas do império alemão, no centro histórico de Berlim, teve como principal propósito uma mudança de foco na interpretação sobre o Terceiro Reich. Seguindo a tendência da historiografia contemporânea, que considera como insuficiente tratar o nazismo como obra solitária de Hitler, os organizadores da mostra, que ocorreu do fim de 2010 ao início de 2011, questionaram qual o significado da escolha do Führer pelo povo alemão e por que continuaram a apoiá-lo até 1945. A centralidade do ditador alemão foi deslocada em prol de uma análise mais profunda sobre a “comunidade do povo alemão”, conceito tão difundido durante o nazismo.
A constante preocupação com a identificação das especificidades e diferenças nacionais para explicar os regimes que participaram da Segunda Guerra Mundial nos aproximam do uso da história comparada. Um exemplo disso está posto na antiga tese que explicava o nazismo pelas “peculiaridades alemãs”, sonderweg, o chamado “caminho especial” da história e desenvolvimento alemão, que se preocupou mais com o período imperial do que propriamente com o Terceiro Reich. De acordo com esta interpretação, o nazismo foi um fenômeno único derivado do legado peculiar do Estado autoritário prussiano e do desenvolvimento ideológico alemão, mas sua singularidade se deve, sobretudo, ao personagem Hitler, sendo impossível ignorá-lo, subestimá-lo ou substituí-lo. Esta preocupação, exposta por parte da historiografia sobre a ditadura alemã durante a Guerra Fria, limitou as explicações sobre o nazismo ao Estado e as Instituições, tornando embaçada a visibilidade sobre a efetiva participação do povo alemão durante o regime. Mesmo quando se falou na chamada Historikerstreit (disputa dos historiadores) gerando um grande e importante debate acerca do lugar que ocupa o Terceiro Reich na história alemã (1983-1986), a centralidade do debate estava voltado para a Hitler. O que a exposição “Hitler e os alemães” traz de mais importante não é uma análise dos processos de fascistização da sociedade mediante as ações do Estado Nacional-Socialista, mas, sim a proposição de um processo de fascistização comandado e assumido pela própria sociedade.
(CONTINUA)


Francisco Carlos Teixeira da Silva é professor titular de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor visitante da Technischen Universität Berlin.
Karl Schurster é doutorando em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com estágio de pesquisa na Freie Universität Berlin.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Os livros e o mundo

Sou um tanto inexperiente com relação ao uso do Twitter, tanto é que ele ainda não está integrado ao blog. Não sei ao certo qual o melhor uso para esta ferramenta, mas eu a uso para "reunir" notícias. Sigo vários jornais, museus, sites oficiais e agências de notícias, assim não preciso ficar entrando em diversos sites todo dia. Além disso, sigo alguns blogs. Um deles chama-se Livros só mudam pessoas e defende uma bandeira que considero muito nobre: o aumento de leitores.
Vez ou outra este blog posta algumas listas, os "10 livros que (alguma coisa)". Não sei se alguém já tentou montar um lista, mas não é nada fácil. Há um filme chamado Alta Fidelidade, baseado no livro homônimo de Nick Hornby, no qual um dos personagens tem por mania fazer listas. Depois que vi o filme tentei fazer as minhas 10 músicas favoritas, então diminui para 5 e estou até hoje sem saber quem merece ocupar a 1a. posição. A verdade é que toda lista é muito subjetiva e os critérios nem sempre são claros.
Bom, mas o blog Livros só mudam pessoas gosta de listas e postou recentemente uma com os "10 livros que estragaram o mundo", assinada por "Liliana". Seria muito forte dizer que discordo da lista, mas não concordo com tudo, a começar pelo título. Livro estraga o mundo ou as pessoas (leitoras ou não) o estragam?
A autora toma o cuidado de destacar logo no início que as leituras muitas vezes equivocadas causaram males, em alguns casos, superiores ao benefício da circulação das ideias ali contidas. Sou levado a concordar quando penso no 7o. colocado: Minha Luta, de Adolf Hitler. O único benefício da publicação deste livro em 1924 teria sido alertar o mundo para os riscos da ascensão de Hitler e dos nazistas ao poder. Porém "ninguém" prestou atenção ou, mais provável, poucas pessoas viram algum inconveniente em um defensor da pureza étnica, da eliminação de judeus, do expansionismo militar e do nacionalismo chauvinista ocupar o poder que veio a ocupar. Quando, em 1933, Hitler finalmente conseguiu o que tanto queria, se tornar o líder supremo da Alemanha, enquanto Inglaterra e França (ou qualquer outro país da Liga das Nações) mantiveram-se em considerável silêncio. Nem mesmo depois que o governo alemão começou a se armar, anexar os Sudetos, a Áustria, etc., essa posição mudou.
E porque não fizeram nada? Porque provavelmente os governos dos demais países concordavam em parte com esta lista. Na 2a. posição consta o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, escrito em 1848. Este livro estragou o mundo? A não ser que, sob uma lógica extremamente conservadora, se considere que propor uma alternativa à exploração dos trabalhadores seja estragar o mundo. E nunca é demais deixar claro que da ideia à prática há uma enorme distância, tanto é que nem o marxismo se resume ao Manifesto, nem os regimes comunistas que existiram ao longo do século XX foram inspirados apenas neste livro escrito em sintonia com um mundo muito específico: a luta operária de meados do século XIX na Europa Central.
No entanto, o pavor gerado nos capitalistas (liberais na economia e conservadores na política) pela crítica comunista levou a uma interpretação muito peculiar do mundo no século XX, ainda mais depois da Revolução Russa de 1917: a onda vermelha poderia varrer todo o globo e isso era inadmissível para eles. Diante deste medo doentio e desejo supremo de garantir seus ganhos com a propriedade privada, os governos europeus das décadas de 1920 e 1930 aceitaram que homens como Mussolini e Hitler fizessem o serviço sujo de eliminar comunistas, socialistas e anarquistas. E aquele livro de 1924 que "estragou o mundo" foi ignorado.
Talvez a culpa desta situação se deva à leitura do 8o. lugar da Lista: O Príncipe, de Maquiavel. Segundo a autora do post,

É este livro que sugere a famosa expressão os fins justificam os meios, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.

Escrito em 1532, O Príncipe tem cara de manual de governo, mas é na verdade um estudo de práticas de governantes segundo a obervação de Maquiavel. Considerar que este livro "estragou" o mundo apenas porque foi lido por Napoleão, Stalin e Hitler, parece-me um bocado absurdo. Ainda mais porque Churchill certamente também o leu, assim como todos que transitam pela política. E se, por um lado todos citam que "os fins justificam os meios" sem que esta frase esteja na obra, por outro lado, esquecem (ou não sabem) que Maquiavel também afirmava que o príncipe pode ser amado ou temido, sendo preferível que seja amado.
Depois de pensar essas três obras fico me perguntando qual o significado do 5o. colocado: Democracia e educação, de John Dewey. Para a autora, o que justifica a presença deste livro de 1916 na Lista é o convencimento do mundo de que a educação não é sobre fatos, e que "a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno".
Hã? Isso estragou o mundo?!? Concordaria se Liliana tivesse dito que a má interpretação ou má aplicação das ideias de Dewey gerou adultos sem espírito crítico e autonomia intelectual. Mas dizer que a consequência da leitura equivocada de Democracia e educação levou a "uma geração de jovens com uma educação de qualidade inferior, que carece de uma sólida fundação em fatos e conhecimentos"?!
Certamente se houvesse mais espírito crítico não veríamos o século XX que vivemos onde os leitores de Minha Luta puderam combater com armas em mãos os leitores do Manifesto do Partido Comunista sem que sofressem qualquer interferência dos liberais-conservadores leitores equivocados de O Príncipe.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Leitura extra

Acabamos de ver nas aulas da 3a. série a Crise de 1929 e iniciamos o estudo do Nazi-fascismo. Se tudo correr bem e alguma força sobrenatural colaborar chegaremos até o fim do bimestre à história do Brasil com a crise da República Velha e o Estado Varguista. Mas até lá tem um pouco de chão.
Em todo caso, fica como sugestão de leitura extra um conjunto de artigos diferentes. O tema principal é a história das Copas do Mundo de 1930, 1934 e 1938, mas tudo está intimamente articulado com o contexto político e econômico da época (ou seria o contrário?).
Como o material é um pouco grande para o blog (6 páginas), deixei para download no site do Colégio.

Boa leitura!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Trabalho Bimestral - 3a. série EM

Para o pessoal da 3a. série o trabalho envolve um filme e alguns textos. O importante neste caso, como consta no roteiro que todos receberam, é estabelecer o diálogo entre o filme e a história do nazi-fascismo.
Como não quero que ninguém veja o filme errado, seguem os dados da produção alemã.

A Onda (Die Welle)
Diretor: Dennis Gansel
País de Origem: Alemanha
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 107 minutos
Ano de Lançamento: 2008
Sinopse:
Professor propõe um experimento que explique na prática os mecanismos do fascismo. Em pouco tempo, seus alunos começam a propagar o poder da unidade e ameaçar os outros. Quando o jogo fica sério o professor decide interrompê-lo, mas aí já é tarde demais.
Trailer AQUI
 
 
Texto 1

Erich Fromm. O medo à liberdade. 14ª Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. P. 167-8

Em nosso modo de ver, nenhuma dessas explicações que sublinham fatores políticos e econômicos excluindo os psicológicos – ou vice-versa – está certa. O nazismo é um problema psicológico, mas os próprios fatores psicológicos têm de ser interpretados como sendo moldados por fatores sócio-econômicos; o nazismo é um problema econômico e político, porém o fascínio por ele exercido sobre um povo inteiro tem de ser interpretado em bases psicológicas. O que nos interessa neste capítulo é este aspecto psicológico do nazismo, sua base humana. Isso insinua dois problemas: a estrutura do caráter das pessoas a quem ele atraiu e as características psicológicas da ideologia que o transformou em instrumento tão eficaz com relação àquelas mesmas pessoas.
Ao considerar a base psicológica para o sucesso do nazismo esta diferenciação tem de ser feita desde logo: uma parte da população curvou-se ao regime nazista sem qualquer resistência vigorosa, mas também sem se converter em admiradora da ideologia nazista e de suas práticas políticas. Outra parte foi profundamente atraída pela nova ideologia e fanaticamente apegada aos que a proclamaram. O primeiro grupo consistia sobretudo da classe operária e da burguesia liberal e católica. A despeito de uma excelente organização, especialmente entre a classe operária, estes grupos, embora continuamente hostis ao nazismo desde seu início até 1933, não revelaram a resistência interior que seria de esperar como resultante de suas convicções políticas. Sua vontade para resistir fraquejou rapidamente e desde então causaram escassa dificuldade ao regime (exceto, está clara, a pequena minoria que lutou heroicamente contra o nazismo durante todos estes anos). Psicologicamente, esta presteza em submeter-se ao regime nazista parece dever-se, principalmente, a um estado de fadiga e resignação interior, que (...) é característico do indivíduo da era atual, mesmo em países democráticos. Na Alemanha, uma outra condição estava presente, no que toca à classe operária: a derrota sofrida por ela após as primeiras vitórias na Revolução de 1918 [o autor faz referência ao início da República de Weimar]. A classe operária entrara no período de pós-guerra com vivas esperanças de concretização do socialismo ou, no mínimo, de uma elevação acentuada de sua posição política, econômica e social; porém, sejam quais forem as razões, testemunhara uma série ininterrupta de insucessos, que acarretou seu desapontamento completo. No começo de 1930, os frutos de suas vitórias iniciais estavam quase completamente dissipados e o resultado foi um sentimento vívido de resignação, de descrença em seus chefes, de dúvida sobre o valor de qualquer espécie de organização e atividade política. Ainda continuavam membros dos respectivos partidos e, conscientemente, continuavam acreditando em suas doutrinas políticas; porém, bem no íntimo, muitos haviam desistido de qualquer esperança na eficácia da ação política.
Um incentivo adicional para a lealdade da maioria da população ao Governo nazista entrou em ação após a subida de Hitler ao poder. Para milhões de pessoas, o governo de Hitler passou a ser idêntico a "Alemanha". Uma vez de posse do poder, combatê-lo implicava desligar-se da comunidade dos alemães; quando os outros partidos políticos foram abolidos e o Partido Nazista tornou-se a Alemanha, a oposição a ele significava oposição à Alemanha. Parece que nada é mais difícil para o homem comum do que suportar o sentimento de não identificar-se com nenhum grupo maior. Por mais que um cidadão alemão possa opor-se aos princípios do nazismo, se tiver de optar entre ficar sozinho e sentir que pertence à Alemanha, como regra optará pela última solução. Pode ser observado, em muitos casos, que os alemães que não são nazistas mesmo assim defendem o nazismo contra críticas de parte de estrangeiros, porquanto acham que um ataque ao nazismo é um ataque à Alemanha. O medo ao isolamento e a relativa debilidade dos princípios morais auxiliam qualquer partido a conquistar a lealdade de grande setor da população, uma vez que este haja capturado o poder do Estado.
 
 
 
 
 
 
Prazo de entrega: 11 de maio
Será feita uma exibição para quem quiser (voluntariamente) assistir o filme na escola. Divulgarei o dia e o horário certinhos em sala de aula.

domingo, 11 de abril de 2010

Mais propaganda

Depois de uma sugestão de video que a Helen fez resolvi voltar a escrever sobre propaganda.
O vídeo em questão é este logo abaixo um Pato Donald feito na medida para atacar a Alemanha nazista durante a II Guerra Mundial:



Mas a Disney sempre trabalhou muito bem a serviço da ideologia estadunidense. A popularidade dos personagens, a universalidade da linguagem do desenho animado e a facilidade de "educar" desde cedo para os valores da América.
Se os nazi-fascistas descobriram o poder da propaganda é indiscutível que todo mundo aprendeu a lição rapidamente.
Após a II Guerra, num contexto que já sinalizava para a Guerra Fria, a Disney ofereceu seus serviços em prol das relações de boa-vizinhança dos EUA. Assim, foram criados uma série de desenhos reunidos sob um nome amplo de "Alô, amigos!". Os personagens da Disney iriam viajar pela América Latina para se apresentarem aos "novos" amigos e para "trazê-los" para o universo norte-americano.
O Pato Donald iria conhecer o México, o Lago Titicaca (Peru) e... o Rio de Janeiro, onde faria uma grande amizade, o Zé Carioca! Isso tudo na segunda metade da década de 1940 e seguinte. Ao mesmo tempo o Brasil se aproximava política e economicamente dos EUA. Um serviço muito bem feito.


A culpa é do samba este ritmo lascivo e envolvente...


Pato Donald + cachaça + paixão por mulheres

Mas tem muito mais. Por exemplo, o Pateta como gaúcho argentino.
Fiquem à vontade para procurar no YouTube.

terça-feira, 30 de março de 2010

A propaganda é a alma do negócio

Todo mundo já ouviu esta expressão. Diria até que ninguém duvida desta afirmação. Mais poderoso que a propaganda só uma propaganda exclusiva, feita de forma constante e para todas as idades. É claro que não se trata de vender sabão em pó ou margarina, mas algo maior e... mais perigoso: o futuro.
Não podemos dizer que os fascistas italianos e os nazistas alemães inventaram a propaganda política. Desde o fim do século XVIII já temos algo parecido com publicidade eleitoral por via de jornais e impressos variados, entre eles os cartazes. Porém nada se compara ao aparato organizado e, porque não dizer, sofisticado montado pelos Estados alemão e italiano nas décadas de 1920 a 1940.
Reunindo material gráfico, rádio, cinema e educação estes regimes totalitários alcançaram e moldaram corações e mentes em prol de seus projetos de governo.
Veja estes dois cartazes italianos, já em plena II Guerra:
Linguagem simples e direta: "A Alemanha é realmente sua amiga". Um sorriso cordial e a mão estendida se contrapõem a um soldado estadunidense negro (olha o racismo aí, gente!) um tanto cambaleante agarrado a uma estátua romana que ele acabou de anotar: custa US$ 2,00.
Mais profundas eram as campanhas "educativas", tanto aquelas que diziam respeito às crianças quanto às que se referiam ao comportamento esperado do povo. E não era pouca coisa, afinal Mussolini e Hitler cultivavam uma imagem paternalista - severo, mas apaixonado por seu povo. Logo, exigia-se toda a fidelidade e lealdade possível.
"Traidor" - e o nome das rádios que transmitiam ou estariam transmitindo informações privilegiadas.
Encontrei no YouTube um video bem interessante sobre a propaganda nazista. Trata-se de um filme nazista produzido para disseminar o anti-semitismo, ou seja, para defender a superioridade alemã (ariana) sobre os judeus, o povo escolhido para se o "bode expiatório" das frustrações nazistas. 
Reparem no uso da imagem para estigmatizar os judeus e como os nazistas "brincaram" com as imagens e a música provocando uma atmosfera que oscila entre o ridículo inicial e a tensão do "perigo semita". Além disso, notem a ideia de "conhecimento de causa". O tom é de estudo científico, um filme documentário a respeito de uma verdade absoluta.
O filme é narrado em alemão com legendas em inglês, mas isto não será um problema pra vocês, tenho certeza. É coisa rápida, não vai dar tempo de fazer uma pipoca.



NOTA: Vocês não vão acreditar. Eu esqueci de colocar no ar este post que já estava pronto!!! VERGONHA!

quinta-feira, 25 de março de 2010

Outra face da eugenia

Foi discutido em aula a questão da eugenia como parte da ideologia (ou doutrina) nazista. Muitas vezes ouve-se falar da tal "teoria da raça pura" tão defendida por Hitler e seus amigos, mas acabamos perdendo um pouco a dimensão real desta ideia.
Segundo o dicionário, eugenia é a "teoria que busca produzir uma seleção nas coletividades humanas, baseada em leis genéticas", por meio de controle de natalidade, definição de perfil genético desejado, etc. Porém a eugenia é mais antiga que o nazismo e anterior aos avançados conhecimentos de genética que possuimos hoje em dia. Além disso, a defesa de uma raça pura ou de uma purificação de raça não se restringe à Alemanha nazista.  Argumentos como branqueamento da população, erradicação de deficiências mentais e físicas, e combate à psicopatologias diversas foram colocados em prática inúmeras vezes. Países como EUA, Inglaterra, França e Brasil (entre outros) já defenderam em algum momento a eugenia, seja de forma governamental ou privada.
Toda vez que você ouvir alguém dizendo que não quer que sua filha ou filho se case fora de determinado círculo social ou étnico tenha certeza: é um raciocínio eugênico. Fique atento!

A ONG People for the Ethical Treatment of Animals, mais conhecida como PETA, viu mais longe e identificou o desejo eugênico nos criadores de cães. Obcecados por cachorros de raça pura em oposiçao aos miscigenados (leia-se: vira-lata), os criadores estão fazendo cruzamentos cada vez mais selecionados colocando em risco a saúde dos animais. A(o) PETA não teve dúvida, lançou uma campanha polêmica:
Raça superior? Errado para pessoas. Errado para cachorros.

Por que gerou polêmica? Porque uma coisa é defender uma "raça superior" outra coisa é dizer que os criadores compartilham dos mesmos ideais que Hitler. Mas no final das contas, não é a mesma coisa???

Viva os vira-latas, humanos e caninos!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Conteúdos para download

Senhores e senhoras dos 3º anos,

Como eu havia prometido, estou enviando neste exato momento o conteúdo abordado nas aulas com o auxílio do data show. Trata-se das aulas sobre ideologia e propaganda nazi-fascista.
Qualquer dúvida basta escrever nos comentários ou me procurar em sala. 










Na correria das aulas acabei me esquecendo de mostrar uma foto dos dois ilustres cavalheiros que tanta destruição levaram à Europa e ao Mundo.
Juntos em uma cerimônia na Itália, o Duce Benito Mussolini e o Führer Adolf Hitler.
Cliquem sobre a imagem para ampliar a fotografia (bem menor que o ego e a megalomania de ambos).