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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sobre a ideia de igualdade

Muito se fala (e se falou ao longo da História) sobre a ideia de igualdade. A sociedade contemporânea, nascida do pensamento racional ocidental e das Revoluções Burguesas, baseia-se na igualdade jurídica. É verdade que a igualdade social permanece como um desejo, mas a igualdade legal, aquela que diz "somos todos iguais perante a lei" marca, em tese, a morte dos privilégios. No caso da Revolução Francesa, por exemplo, tinha-se a morte dos privilégios da nobreza e do clero, dos monopólios reais e das distinções por nascimento.
No entanto, no Brasil a luta contra privilégio sempre teve um caminho muito tortuoso. A desigualdade é quase natural e de difícil combate. Em muitos casos luta-se mais para conseguir privilégios para si que para garantir a igualdade perante os demais. Como o antropólogo Roberto da Matta já tratou, o "sabe com quem você está falando" é um indicativo deste universo cultural. O pretenso "doutor", seja por ter ou por parecer ter dinheiro, já se considera superior. Para citar apenas mais um exemplo, temos os juízes, guardiões das leis que garantem nossa igualdade, também defensores de vagas exclusivas de estacionamento em frente aos tribunais, mas em plena via pública. E que fique claro: público = de e para todos!
Diante deste cenário todo li com muito interesse a carta de um leitor do jornal Folha de S. Paulo em 18 de agosto e gostaria de compartilhar com todos vocês. Leiam com atenção!

'Como todo brasileiro, ciclista odeia a igualdade', diz leitor
ALEXANDRE PINHEIRO
Moro no Rio. Estava prestes a atravessar a calçada de uma rua próxima à minha casa quando alguém parou de repente a poucos centímetros das minhas costas, fazendo um som com a boca.
Virei-me, surpreso, e havia uma moça na contramão em uma bicicleta que, por pouco, não me atingiu. Quando passou por mim, eu senti que tinha o direito de reclamar e falei: "Pô, na contramão?!".
Mas eu esqueci que estava diante de uma raça superior, a dos ciclistas, e fui devidamente xingado de "babaca".
Certamente a ciclista viu no meu rosto que eu não sei andar de bicicleta e sou usuário de transporte público, visto que não tenho automóvel (assim como meus pais nunca tiveram) nem mesmo sei dirigir. Em outras palavras, eu sou um mero pedestre e por isso valho muito pouco diante da superioridade moral dos ciclistas --afinal, eles salvarão o planeta de gente como eu, que depende do transporte público poluente.
Infelizmente, essa pretensa superioridade moral dos ciclistas --facilmente observada quando trafegam na contramão, na calçada, avançando sinais-- não me surpreende nem um pouco. Aliás, vejo aí um comportamento típico dos brasileiros: nosso ódio visceral pela igualdade.
Quando vejo os ciclistas, não consigo evitar de pensar em uma hipótese que talvez servisse para meus colegas pesquisadores das ciências sociais: o uso da bicicleta esconde a repulsa de seus usuários pelo contato com os outros --seja físico, no ônibus ou no metrô, seja dividindo o mesmo espaço na rua, dentro dos carros (em ambos os casos, todos são iguais, estão todos na mesma situação e não importa quem tem mais capital cultural, social ou econômico).
O ciclista não apenas se afasta das pessoas, como também se põe acima dela.
Alguns alegarão que não posso generalizar, pois há o "bom ciclista" e o "mau ciclista". Concordo. Mas, quando um deles é atropelado, transformam-se nos ciclistas. Quando é para elogiar e paparicar quem usa bicicleta para salvar o planeta ou a si mesmo, são todos ciclistas. Ou seja: o bônus é de todos; o ônus é individual. Como todo brasileiro, ciclista odeia a igualdade.

Pense nisso!

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Lembrete: atividades optativas

Alunos da 2a. e da 3a. série,

Já estão no GIC as propostas de atividades optativas para o 3o. bimestre. 
Confiram lá e, qualquer dúvida, me procurem!
Fiquem atentos ao prazo: 6 de setembro.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Quem procura, acha!

Atualmente "Google" virou sinônimo de pesquisa e em alguns idiomas já existem neologismos transformando o nome do buscador em verbo. Porém, está cada vez mais óbvio que não basta buscar uma palavra para obter um bom resultado: o oráculo não sabe escolher as informações que nós precisamos. Pode parecer estranho para alguns, mas até para pesquisar no Google há método e ferramentas que melhoram os resultados.
Pensando nisso, o gigante da internet criou um site - Google Search Education -  com dicas e tutoriais para ensinar professores e alunos a utilizarem de forma mais otimizada toda a potencialidade do sistema de buscas. Pena que ainda está tudo em inglês, mas para vocês não será um problema, não é?



Facilitando: vá em Lesson Plans & Activities e escolha seu grau de conhecimento (iniciante, intermediário ou avançado)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Provas Bimestrais

E lá vamos nós para as primeiras provas bimestrais do ano!!
Apenas para relembrá-los vou listar aqui os capítulos do livro, leitura mínima para a prova. Além disso, deixarei algumas sugestões de leitura de posts antigos do blog. Quem quiser ir além, leia à vontade.
Qualquer dúvida, o espaço dos comentários está à disposição.

2a. série
O foco é o trabalho escravo ao longo do tempo: antigo, moderno e contemporâneo. É fundamental ficar atento à realidade brasileira, principalmente no que diz respeito ao racismo! O trabalho bimestral também é matéria, ok?
Capítulos 14 e 15.

Leia também:
Escravidões
O infame comércio
Abolição e abolicionismo
Análogo ou não?
Trabalho, muito trabalho


3a. série
Ao longo do bimestre abordamos principalmente o início do século XX ou, nas palavras de Eric Hobsbawm, o fim do "longo século XIX": Imperialismo e Neocolonialismo, Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, o Pós-Guerra: Nazi-Fascismo e Crise de 1929.
Capítulo 9 (p. 185-189)
Capítulo 19 (377-380)
Capítulo 27 (546-558)


Leia também:
Velhos termos, usos atuais
Novo impulso imperialista?
Motins, estopins e consequências
Era uma vez um império...
Os 14 Pontos
A Crise de 1929 em imagens


E se você, aluno da 2a. ou 3a. série, quiser fazer exercícios, procure no Só exercícios


Bons estudos!!

quarta-feira, 21 de março de 2012

Explicações

Pessoal,
Não sei o que vocês acham, mas considero que as atualizações do blog estão aquém do desejado. Esse ritmo meio lento se deve a duas coisas: à falta de tempo por conta de compromissos profissionais e à tentativa de "dar um gás" no outro blog, o Só Exercícios.
Com a proximidade das provas bimestrais estou tentando ampliar a quantidade e a variedade de questões disponíveis no Só Exercícios para que vocês possam estudar com mais tranquilidade. Portanto, dê uma passadinha por lá.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Camburões e navios negreiros

Os alunos da 2a. série tinham duas opções de atividades optativas para este bimestre tiradas do Livro Didático. Uma delas foi de longe a mais escolhida: uma reflexão sobre uma música do O Rappa.
A música em questão é Todo camburão tem um pouco de navio negreiro e as questões sugeriam duas análises, uma em relação à história da escravidão no Brasil e a outra a respeito da realidade brasileira atual.
Para quem só leu a letra, aproveite para ouvir a música:



Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio NegreiroMarcelo Yuka, Falcão, Marcelo Lobato, Nelson Meirelles, Alexandre Menezes
Tudo começou quando a gente conversava
Naquela esquina alí
De frente àquela praça
Veio os homens
E nos pararam
Documento por favor
Então a gente apresentou
Mas eles não paravam
Qual é negão? Qual é negão?
O que que tá pegando?
Qual é negão? Qual é negão?
É mole de ver
É mole de ver
Que em qualquer dura
O tempo passa mais lento pro negão
Quem segurava com força a chibata
Agora usa farda
Engatilha a macaca
Escolhe sempre o primeiro
Escolhe sempre o primeiro
Negro pra passar na revista
Pra passar na revista
Pra passar na revista
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
É mole de ver
É mole de ver
Que para o negro
Mesmo a AIDS possui hierarquia
Na África a doença corre solta
E a imprensa mundial
Dispensa poucas linhas
Dispensa poucas linhas
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Comparado, comparado
Ao que faz com qualquer
Figurinha do cinema
Ou das colunas sociais
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
É mole de ver
É mole de ver
Que todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (África)

Pessoalmente considero a música muito interessante. A comparação entre a violência preconceituosa -  responsável por criar um binômio quase automático negro-bandido ou, pelo menos, negro-suspeito - com a violência da captura dos africanos para vendê-los como escravo é muito feliz. A música toca em questões delicadas como hierarquia social, o preconceito mascarado (mas atuante), violências explícitas e outras nem tanto (como ignorar os problemas dos outros), etc.
Para aprofundar essa análise entre o braço branco do traficante de escravos e o braço branco da sociedade atual sugiro a leitura de dois posts antigos:





Para os alunos da 2a. série é uma ótima dica de estudo para as provas. Já para a turma da 3a. série, bom, a ladainha de sempre que vocês já conhecem: pensem no fim do ano.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Só exercícios!


Para os alunos da 2a. série, em breve as provas bimestrais estarão aí. Para os da 3a. série, todo dia é dia de estudar, afinal há os vestibulares no horizonte. Então, aqui vai um estímulo:
325 exercícios (até o momento) de história tirados dos principais vestibulares. Questões dissertativas e de múltipla escolha organizadas tematicamente com a ajuda de marcadores (ou tags).
Basta uma visitinha ao blog Só Exercícios.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Representações alegóricas

A cada dia somos mais visuais. Nos comunicamos por meio de imagens, estáticas ou em movimento, transmitimos ou lemos mensagens sem qualquer escrito. Cores, formatos, dimensões, expressões corporais ou gestos, tudo pode ter significado. Cabe a cada um saber ler esses códigos dentro do que cada cultura oferece. Esses códigos possuem também uma face temporal, o que nossos avós entendiam como óbvio não necessariamente nos dizem alguma coisa hoje.
Hoje, em aula, um aluno da 2a. série me perguntou o que era uma alegoria. A resposta não é tão complexa, trata-se de uma representação concreta de uma ideia abstrata. Não pareceu tão simples? Qualquer representação de uma ideia, sem corpo ou forma, em uma imagem (visual ou verbal) é considerada uma alegoria.
Como exemplo aproveito a proximidade com o 15 de novembro: a alegoria da República.


Esta aí em cima é a República Brasileira, recém-nascida, na verdade. Inspierada no republicanismo francês, nossa república resgata a personificação tradicional da "Marianne" nome da jovem destemida que venceu o Absolutismo em defesa do povo e da nação. Na prática, Marianne é república e mãe-pátria ao mesmo tempo.
Reparem que todo o parágrafo anterior é alegórico. A "moça" Marianne só existe enquanto imagem, sempre de vestido longo e barrete frígio sobre a cabeça. Ela nunca foi a luta contra um fulano chamado Absolutismo, mas metafóricamente este seria o combate da Revolução Francesa.
No caso brasileiro, a jovem (e armada) República supera a velha Monarquia. Na imagem acima, o último primeiro-ministro de D. Pedro II, o Visconde de Ouro Preto, ajoelha-se e entrega, rendido, a coroa para o novo regime que se inicia. Ao fundo, vê-se a cena da Proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca na Praça da Aclamação (hoje Praça da República) no Rio de Janeiro.
Toda a mensagem apenas com um desenho: isto é alegoria!

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sugestão de leitura: o início da República

Dia 15 de novembro, feriado da Proclamação da República, está chegando, assim como a prova bimestral da 2a. série. Unindo o útil ao agradável (!?) escolhi um interessante artigo da Revista de História da Biblioteca Nacional como leitura de aprofundamento.
Para o pessoal da 2a. série a sugestão é ainda mais recomendável, afinal, nossa prova no dia 16 tem como um dos conteúdos obrigatórios justamente o tema do texto abaixo...


O pecado original da RepúblicaComo a exclusão do povo marcou a vida política do país até os dias de hoje
José Murilo de Carvalho (professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autor de "A cidadania no Brasil: o longo caminho").

Ano de 1889: cem anos da Revolução Francesa. A corrente jacobina dos republicanos brasileiros julgava ser essa a ocasião ideal para a proclamação de nossa República, que deveria, segundo ela, ser feita revolucionariamente pelo povo lutando nas ruas e nas barricadas. O principal porta-voz dessa corrente, Silva Jardim, pregava abertamente o fuzilamento do conde d’Eu, o marido da princesa Isabel. Sendo o conde um nobre francês, seu eventual fuzilamento daria à revolução brasileira um sabor especial, pois lembraria a morte na guilhotina do rei Luís XVI.
Um ponto central da propaganda republicana era a idéia de autogoverno, do povo governando a si mesmo, do país se autodirigindo, sem necessidade de uma família real de origem européia e de um imperador hereditário. Das três correntes principais da propaganda, a jacobina era a que atribuía maior protagonismo ao povo.
A corrente mais forte era a liberal-federalista, de derivação anglo-americana. O liberalismo vinha do lado anglo, da Inglaterra; o federalismo, do lado norte-americano. O liberalismo predominou no Manifesto Republicano de 1870, mais bem representado por Saldanha Marinho, e o federalismo, no projeto de constituição dos republicanos paulistas de 1873, cujo representante mais influente era Campos Sales. Por sua ascendência liberal, oriunda dos liberais do Império, ela admitia participação popular, embora sem lhe atribuir o primeiro plano, como faziam os jacobinos. Pelo lado federalista, no entanto, não havia muita simpatia pelo povo. Interessava-lhe, sobretudo, o autogoverno estadual a ser conquistado pelo federalismo.
(CONTINUA)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tempo de Recuperação

Chegamos a mais um período de recuperação, desta vez do 3o. Bimestre.
Peço a todos que estudem previamente, realizem as atividades e compareçam às aulas com suas dúvidas e dispostos a aprofundar os estudos.
Lembro a todos o calendário:
Aula-plantão
23.09 (sexta-feira):
Às 14h: 3a. série
Às 16h: 2a. série

Provas
27.09 (terça-feira):
Às 15h: 3a. série
30.09 (sexta-feira):
Às 15h: 2a. série



Roteiro de Estudos (2a. série)

Os conteúdos necessários para Recuperação são:
  • Mentalidade e cultura burguesa – cap. 18
Os tópicos mais relevantes dentro deste conteúdo são: conceito de liberalismo e progresso, trabalhadores x burguesia, pensamento conservador.
  • Processo de independência do Brasil – cap. 20 e visita ao Museu do Ipiranga
O fio condutor deste conteúdo é justamente a visita ao Museu. Não esqueça de estudar os “antecedentes”, movimentos de insatisfação como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana (ou dos Alfaiates).
 
 
Roteiro de Exercícios
Como já enfatizado na prova bimestral, os exercícios abaixo são baseados em “leitura e compreensão”.
P. 364-365: “Londres e Paris no século XIX: os trabalhadores e a miséria”
P. 411-413: “A independência do Brasil (1984)” e “A independência do Brasil (1933)”
Observação: 1) Note que o roteiro se resume a duas atividades e elas serão cobradas na aula de recuperação. 2) Não deixe de acompanhar a matéria pelo que foi dado em aula e está em seu caderno. Alunos que eventualmente fizeram o exercício das páginas 264-365 como atividade extra tragam-na na aula.


Roteiro de Estudos (3a. série)

Os conteúdos necessários para a Recuperação do 3º Bimestre são:
  • II Guerra Mundial – cap. 5, un. 5 
Os tópicos mais relevantes dentro deste conteúdo são: as questões ideológicas (nazi-fascismo x comunismo), antecedentes da II Guerra, política de alianças, acordos internacionais para encerramento da Guerra. 
  • Era Vargas – cap.7, un. 5 
Os tópicos mais relevantes dentro deste conteúdo são: Estado Novo (1937-1945), política trabalhista, processo de industrialização e participação brasileira na II Guerra Mundial. 
  • Guerra Fria – cap. 1, un. 6 
Os tópicos mais relevantes dentro deste conteúdo são: Plano Marshall e reconstrução do Pós-Guerra, definição ideológica da Guerra Fria e formação de blocos antagônicos (capitalistas x comunistas), conceito de Paz Armada. 

Roteiro de Exercícios: 
II Guerra Mundial: 
P. 478-479: 1 a 3, 4, 5 e 9. 
Era Vargas: 
P. 509: "Estudo do Texto" e questão. 
P. 510-516: 6, 19 e 25. 
Guerra Fria: 
P. 530-533: 1, 3, 6 e 7. 

IMPORTANTE: A aula de recuperação tem caráter de plantão de dúvidas, portanto é fundamental que o aluno compareça munido do Livro Didático, exercícios resolvidos e estudo previamente realizado.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Provas Bimestrais

Estamos chegando ao fim de mais um bimestre e no dia 2 de setembro, sexta-feira, teremos as provas bimestrais. Para evitar dúvidas ou esquecimentos reforço aqui a matéria das avaliações como já foi dito em sala de aula.

2a. série:
Como dito em aula, guiem-se pelas anotações de aula no caderno. No livro didático o conteúdo corresponde aos capítulos:

Cap. 18: Cultura burguesa e Europa do século XIX
Atenção: não cairá Unificações Italiana e Alemã. Privilegiem os textos do final do capítulo e lembrem-se da discussão no início do mês de agosto sobre mentalidade burguesa.

Cap. 20: Processo de Independência do Brasil
Atenção: Este capítulo aborda também as independência do restante da América, porém será objeto de avaliação apenas o caso brasileiro. É fundamental considerar nossa aula no Museu do Ipiranga!


3a. série:
Também é importante guiar-se pelo caderno e discussões em aula.

Unidade 5, Cap. 5: II Guerra Mundial
Atenção: É recomendável uma revisão do capítulo anterior (Fascismos)

Unidade 5, Cap. 7: O Brasil até 1945
Atenção: Neste caso, enfatizar o período varguista, incluindo os textos extra ao final do capítulo.

Unidade 6, Cap. 1: A Guerra Fria
Atenção: Privilegiem o estudo das linhas gerais e do imediato pós-Guerra.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Orientações

Nos últimos dias e conforme a entrega do trabalho se aproxima, alunos da 2a. série têm manifestado cada vez mais preocupação. É verdade que a proposta não é simples, no entanto vocês têm plenas condições de executá-la. Só é preciso entender de uma forma mais ampla o que se pede.
A ideia central do trabalho é elaborar uma análise comparativa entre a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, assinada na Revolução Francesa (1789), com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada pela Conferência da ONU em 1948.
Esqueçam uma comparação parágrafo a parágrafo. É claro que demonstrar a compreensão de cada um dos documentos é importante, mas trata-se muito mais de entender contextos e objetivos, e, por isso, é tão importante dominar os contextos que geraram cada uma das declarações. Quando foram assinadas? Por quem? O que se esperava com isso? O que há de novidade em cada uma das declarações?
Lembre-se também que uma análise comparativa não significa encontrar apenas diferenças, mas semelhanças. Neste caso pergunte-se a respeito dos possíveis motivos dessas semilaridades. Estes 159 anos que separam os dois documentos significam uma distância radical? Os objetivos da primeira declaração haviam sido cumpridos? O documento da ONU é mera repetição ou um desejo de reforçar desafios que ainda não havia sido realizados?

Será que fui mais claro que em sala de aula? Qualquer coisa perguntem, o espaço para comentários está aí para isso!! Não se acanhem.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pintura Histórica

Como veremos no Museu Paulista, a pintura histórica possue linguagem e preocupações específicas dos demais "estilos". Com pretenções realistas e típica do século XIX, esta forma de pintar não é histórica apenas na escolha dos temas, mas também na proposta narrativa: como narrar um feito, o que iluminar, quais as fontes escolhidas, o que o artista pretende imortalizar. No fundo as perguntas que fazemos a um autor de um livro de história podem variar muito pouco em relação a um quadro desta escola de pintura.
O grande "problema" ou dificuldade em lidar com a pintura histórica reside no fato das imagens serem muito poderosas, e quando menos esperamos nos encontramos reféns delas. Acostumados que estamos com as fotografias esquecemos que os quadros resultam de escolhas pessoais do artista ou do ambiente social no qual vivia. Acabamos aceitando como fato as batalhas, coroações, proclamações e outros eventos tais quais foram pintados.

Coroação de D. Pedro II, de Manuel de Araújo Porto Alegre. Óleo sobre tela, 80 x 110 cm
 

Para quem quiser se aprofundar, sugiro:

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Saída Pedagógica - Museu do Ipiranga

As turmas da 2a. série realizarão uma saída pedagógica. Nesta quinta-feira (dia 18), na terça-feira (dia 23) e na próxima quinta-feira (dia 25), cada sala irá ao Museu Paulista da USP, mais conhecido como Museu do Ipiranga.
Por ser também o "museu do bairro" muitos de vocês já o devem ter visitado ao menos uma vez. No entanto, é bom que algumas questões fiquem bem explicadas, pois a proposta é um pouco mais fechada que uma tradicional "visita".
Em primeiro lugar, a ida ao Museu possui um propósito ligado ao tema das aulas.
O Processo de Independência do Brasil é um dos conteúdos abordados neste bimestre conforme o programa anual. Sua relevância bem como sua complexidade exige uma abordagem diferenciada e, neste sentido, poucos lugares oferecem tantas possibilidades pedagógicas quanto o Museu Paulista.
Não é nosso objetivo visitar a totalidade das coleções expostas no Museu (seu acervo reúne objetos também voltados para a história do cotidiano e formação urbana da cidade de São Paulo). No entanto, pretendemos abordar especificamente a construção da história e da memória a cerca da Independência, contextualizando e problematizando a forma como os eventos históricos são sucessivamente apropriados por diferentes grupos sociais.
Nosso roteiro terá início, então, com a saída do Colégio logo após o intervalo, por volta das 10h. Teremos pela frente uma longa (!!!) caminhada de 600m até o Museu.
A aula-visita (vamos chamar assim) começará no parque com uma discussão sobre o espaço e a urbanização do Ipiranga em torno do Monumento à Independência. Depois analisaremos os jardins e o edifício do Museu construídos de modo a sugerirem uma monumentalização do espaço e a contemplação da história.
No interior do Museu, nosso itinerário estará concentrado no hall principal, escadaria central e o Salão Nobre (local onde se encontra o quadro Independência ou Morte!, de Pedro Américo). Esta área do Museu especificamente foi profundamente alterada para a comemoração da Independência em 1922. Toda a decoração com estátuas, retratos, ânforas e cenas históricas compõe uma narrativa muito particular de uma época, mas que se mantém inalterada.
Como um dos pontos importantes da visita é a tela de Pedro Américo, fica aqui a sugestão de análise prévia. Olhe com atenção, note os detalhes e esqueça aquela mania das revistas em procurar "erros". Faremos o mesmo coletivamente no dia da visita.

Independência ou Morte! Óleo sobre tela, 7,60 x 4,15 m

Feito este roteiro, voltaremos para o Colégio de onde os alunos poderão retornar para suas casas.

IMPORTANTE: Se ainda não ficou claro, vou dizer mais uma vez. Trata-se de aula, portanto, não deixe de levar material para fazer anotações!!!

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Atividade extra optativa

Pessoal da 2a. série,

Neste bimestre vale o mesmo combinado do anterior. Quem está sentindo dificuldades de leitura e compreensão de texto ou acha que corre risco de escorregar na Prova Bimestral pode optar por fazer uma (ou as duas) atividade extra. Veja bem, é OPTATIVO, você escolhe se quer ou não fazer, mas seguem as regras de sempre com direito a refacção.
Eu ofereço duas propostas que estão no Livro Didático de vocês:
  • P. 364-365: Texto Londres e Paris no século XIX: os trabalhadores e a miséria,  de Maria Stella Bresciani e as 3 (três) questões correlatas.
  • P. 366-367: Texto Ciência e cotidiano e as 2 (duas) questões correlatas.

IMPORTANTE!! A(s) atividade(s) deverá(ão) ser entregue(s) até no máximo dia 19 de agosto.

Qualquer dificuldade, por favor, me procurem! Eu oriento a leitura ou a redação.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

3a. Olimpíada Nacional em História do Brasil

A Unicamp organiza desde 2009 a Olimpíada Nacional em História do Brasil. A proposta é estimular os estudos e valorizar o conhecimento em história, do mesmo modo que já ocorria com as olimpíadas de física, matemática, química, etc.
O processo parece relativamente simples. Monta-se equipes de 3 alunos e um professor orientador (sem limite de equipes por colégio) reunindo estudantes do 8o. ano à 3a. série. A composição das equipes pode ser variada (todos da mesma série ou de séries diferentes) e as 5 primeiras fases são on-line. Apenas a última fase é presencial lá em Campinas. Cada fase é composta por 9 questões de múltipla escolha e 1 tarefa, sendo a equipe aprovada avança para a próxima etapa. Mas se o processo é simples a participação, por sua vez, exige empenho, responsabilidade, estudo e trabalho em equipe.
Mas por que estou comentando isso?
Ontem um aluno da 3a. série, o Mans, veio até mim e manifestou interesse em participar. Confesso que fiquei muito contente, mas satisfeito mesmo ficarei se conseguirmos montar um grupo para participar. Mais algum interessado?
As inscrições vão até 9 de agosto e a primeira fase tem início no dia 15. No entanto, é importante sentarmos para um reunião já agora e pensar em como trabalharemos.
  • Leia o regulamento no site oficial (AQUI) e depois me procure.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

As primaveras II

O mundo pós-napoleônico não constituía uma derrota para os princípios da Revolução Francesa, muito menos para os que mais se beneficiaram dela. Para a alta burguesia, todavia, a situação não foi desfavorável. O desenvolvimento econômico e tecnológico da Revolução Industrial era visível e inegável, o avanço do capitalismo modificava as paisagens rurais e urbanas, especialmente estas. Mas é importante salientarmos que esse desenvolvimento "fomindável" não atingia a todos do mesmo modo. Pelo contrário, a grande massa permanecia longe dos benefícios deste crescimento econômico bem como da participação política.
Era cada vez mais perceptível que o poder, a riqueza e o conforto cabia aos grandes financistas, industriais e proprietários de terras, enquanto o restante da população encontrava-se reunida sob o significativo apelido de "classes perigosas".
Essas "classes perigosas" viviam no campo e na cidade, via de regra em condições precárias, não tinham qualquer direito de participação política e via-se crescer, especialmente nas grandes cidades, as idéias republicanas e as propostas alternativas do que viria a ser o comunismo. Em alguns pontos da Europa ainda havia obrigações servis, de modelo medieval, em plena atividade.
O mapa sinaliza os principais pontos revolucionários de 1848. Observe a fragmentação política nas atuais Itália e Alemanha
Agora, junte este contexto "maravilhoso" com fome no campo (em algumas regiões), organização do proletariado nas regiões mais industriais, e ambições nacionalistas e republicanas especialmente entre pequenos burgueses letrados. Quando no começo de 1848 as manifestações na França tiveram início o restante do continente foi atingido como um rastro de pólvora.
Entretanto, é importante destacar que não havia um comando central, uma articulação entre as diversas manifestações ou lideranças locais. Cada "revolução" ao seu modo buscou derrubar seu governo e instaurar um regime provisório visando mudanças político-sociais. O resultado?
"(...) as revoluções de 1848 surgiram e quebraram-se como uma grande onda, deixando pouco para trás, exceto mito e promessa." (Eric Hobsbawm. A Era do Capital, 1848-1875)
O que era para ter sido uma nova revolução burguesa, republicana e de profunda mudança social acabou por se mostrar, aos olhos da burguesia, como uma ameaça à propriedade privada e aos seus ganhos politicos recentes. Diante do medo da radicalização popular, os moderados se uniram aos conservadores tomando o caminho da "ordem" ao invés do da "mudança".
Quais as semelhanças com mundo árabe contemporâneo? No momento temos a pressão social, o anseio por mudanças, a incrível disparidade entre o que querem os manifestantes e o que os detentores do poder possuem, a desilusão com os atuais governos, e um oceano de possibilidades. Onde isso vai dar é que não temos como saber... ainda.


Não deixe de conferir o belo banco de imagens de André Sena no Flickr. Sobre a "Primavera dos Povos", especificamente, AQUI.

terça-feira, 17 de maio de 2011

As primaveras

Quando nos deparamos com uma série de agitações políticas, manifestações pacífica ou armadas e derrubada de governos é quase obrigatório dar um nome a isso, algo que defina o que está acontecendo. No entanto, para os historiadores definir o que está acontecendo não é assim tão simples, afinal o normal é definirmos o que aconteceu passado um tempo não só para o ocorrido como também para podermos verificar dados, consultar fontes diversas, confrontar informações.

Praça Tahir, Egito - Foto: Misan Saleh/AFP
A alternativa, especilamente para os jornalistas que precisam de algo para "hoje", é recorrer para a comparação. O que não constitui, em si, grande problema, contanto que se tenha sempre em mente que uma comparação em história é (sempre) como olhar um sózia: parece muito com fulano, mas não é a mesma pessoa. É o que acontece quando chamamos os movimentos políticos que estão acontecendo no norte da África e Oriente Médio desde o começo deste ano. Apesar das diferenças de nomenclatura entre um jornal e outro, tem crescido o uso do termo "Primavera Árabe". Mas o que significa esta expressão?
A referência mais clara é à "Primavera dos Povos" acontecida em 1848 na Europa Central. Um onda de protestos razoavelmente autônomos varreu o continente indo da França até a Hungria, passando por Alemanha, Itália, Áustria e demais territórios no meio do caminho. Como é de se esperar os acontecimentos de 1848 não foram um raio em meio ao céu azul e foram tomando corpo em anos anteriores guardando particularidades em cada região da Europa. Em alguns lugares reuniu questões nacionalistas, então emergentes, e reivindicaram independência de seus territórios. Em outros as reivindicações partiam de camponeses sem terra e trabalhadores urbanos vivendo de forma precária. Ou ainda, havia uma baixa burguesia que ansiava por maior relevância política.
Quase 60 anos antes tivera início a Revolução Francesa, movimento burguês que contou com a presença maciça da população mais pobre em seu momento mais radical, quando da ação dos jacobinos. O questionamento da sociedade do Antigo Regime, o fim dos privilégios da nobreza e do clero, bem como dos mais variados monopólios, abriu perspectivas novas para a burguesia industrial e comercial. A radicalização do movimento definitivamente atrapalha os planos desse grupo social, de modo que a ascenção de Napoleão Bonaparte configurou-se como um processo de consolidação dos ganhos anteriores.
Por mais que Napoleão constituisse um governo mais autoritário do que imaginava-se com a República instaurada após a execução de Luiz XVI, ainda assim o general mantinha e propagava ideais da Revolução, especialmente no campo jurídico e econômico. Assim, a expansão napoleônica significou também um "espalhamento" desses princípios pela Europa continental, de Portugal, a oeste, até os limites da Rússia, a leste.
No entanto, a derrota de Napoleão nos campos de batalha levou inevitavelmente a uma rodada de discussões acerca do futuro dos países europeus. O Congresso de Viena - reunião desses países com destaque para Áustria, Rússia e Inglaterra - decidiu o retorno à antigas fronteiras e dos antigos governos. O que na prática significou o retorno das antigas dinastias e casas reais ao poder nos Estados do continente. Porém, não era mais possível voltar ao antigo absolutismo. Poderíamos dizer que as mentes estavam definitivamente contaminadas pelas ideias da Revolução. Na França, por exemplo, o retorno à monarquia significou a instauração de um regime constitucional.
(Continua...)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A informação e seu poder

Estava navegando pela internet quando me deparei com uma notícia curiosa.  A Prefeitura de Taubaté proibiu a venda do jornal Bom Dia, de circulação local, e que havia publicado uma série de denúncias de irregularidades cometidas pela administração do prefeito Roberto Peixoto (PMDB).
Mas o que há de curioso nisso? Afinal, que os meios de comunicação costumam sofrer censura mesmo em plena democracia não é novidade. Irei por partes (como o esquartejador), começando pelas questões mais pontuais.
1. Uma prefeitura não tem poder para silenciar um jornal. Na melhor (ou pior) das hipóteses seria necessário que a Justiça o fizesse. Qual foi a alternativa encontrada pela administração municipal? Criatividade pura: não se impediu a publicação do jornal, apenas foi exigido o cumprimento de uma lei de 1991 que proíbe o comércio ambulante, neste caso os gazeteiros (aqueles jornaleiros que circulam pela cidade). Provavelmente (não conheço Taubaté e seus jornais) a maior parte dos leitores tem acesso ao jornal pelos gazeteiros, sem estes, nada de circulação das notícias e denúncias.
2. Para quem acha que censura a jornais é coisa que só acontece nos estados do Pará, Mato Grosso, Bahia, etc, fique atento. Se há grupos de poder, haverá interesse em controlar a livre circulação de informação.
3. E mais importante: o motivo real deste post.

Informação é poder. Isto é praticamente um clichê, mas apenas porque se trata de uma obviedade. Porém, é importante entender a informação em um sentido amplo. Não se trata apenas de denúncias, queixas e críticas de grupos descontentes. Pensemos também em dados que auxiliam o planejamento e a administração (censos, índices econômicos e sociais, etc.), ou a segurança (estado das fronteiras, agitações populares em regiões ou cidades, etc) e por isso merecem total atenção de qualquer instância do Estado.
Os grandes impérios, desde a Antiguidade, dedicavam especial cuidado à manutenção de redes de estradas percorridas constantemente por mensageiros, funcionários especializados na reunião de informações, e, finalmente, formas de levar as informações desejadas aos ouvidos da população.
É importante lembrar que até o século XX a vida política não passava pela massa da população e, via de regra, eram as cidades capitais as que respiravam mais intensamente os humores da política.
Nesse sentido, um dos casos mais expressivos foi a Paris do século XVIII. Ao longo do século já crescia a publicação de livros, mas o público leitor não era significativo devido às altas taxas de analfabetismo. No entanto, não eram raras as leituras coletivas "popularizando" ideias que nem sempre agradavam o Rei, a Nobreza ou a Igreja. A resposta era só uma: em pleno Estado Absolutista a censura era algo, por assim dizer, habitual. A liberdade de expressão, enquanto valor, não existia como nós pensamos.
Já nas últimas décadas do século XVIII com os ânimos cada vez mais exaltados graças ao desemprego, aos gastos públicos (e militares) elevados, crise de abastecimento, aumento nos impostos e nenhuma participação política, os "ataques com palavras" se multiplicaram. Não só livros, mas principalmente jornais, cartazes e panfletos passaram a circular pela capital do reino informando a população. A informação devastou a Corte. Os problemas isolados, as insatisfações de grupos variados, transformaram-se em motivos para uma contestação coletiva: a Revolução Francesa. Neste caso, a informação foi arma das mais poderosas contra o status quo.

Voltando ao Prefeito de Taubaté, ele está errado em tentar barrar a circulação de informação? Do ponto de vista de quem está no poder e quer garantí-lo a todo custo, não. Mas dentro de um Estado Democrático essa atitude é, no mínimo, arbitrária. Cabe aos que são contrários descobrirem meios de burlar essas amarras. Os revolucionários do século XVIII descobriram o uso do jornal, os rebeldes (revolucionários?) dos países árabes descobriram o uso do twitter e redes sociais. No fundo, a ideia é a mesma.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma ideia de igualdade

Os homens mudam junto com seus pensamentos, contudo há ideias que permanecem por mais tempo compondo uma mentalidade coletiva. Como herdeiros da sociedade ocidental europeia, bebemos também da fonte do Iluminismo que viria a influenciar a Revolução Francesa, marco significativo das ideia e práticas contemporâneas (apesar de muitos defenderem uma tal pós-modernidade).
Como estímulo à reflexão sobre a persistência e a superação de certos pensamentos ofereço a divertida leitura de um trecho do Dicionário Filosófico de Voltaire. O autor francês, um dos mais conhecidos iluministas, sempre foi um autor cheio de ironia e sarcasmo, mesmo quando falava seriamente. Para Voltair, o riso era uma arma para a crítica dos costumes. O que, no entanto, nos obriga a ter muita atenção, pois facilmente podemos nos perder na piada e desconsiderar a reflexão do filósofo.

E fica a pergunta: afinal, Voltaire defendia a igualdade? Ou seria o caso de perguntar que igualdade Voltaire defendia?


IGUALDADE
Que deve um cão a um cão, um cavalo a um cavalo? Nada. Nenhum animal depende de seu semelhante. Tendo porém o homem recebido o raio da Divindade que se chama razão, qual foi o resultado? Ser escravo em quase toda a terra.
Se o mundo fosse o que parece dever ser, isto é, se em toda parte os homens encontrassem subsistência fácil e certa e clima apropriado a sua natureza, impossível teria sido a um homem servir-se de outro. Cobrisse-se o globo de frutos salutares. Não fosse veículo de doenças e morte o ar que contribui para a existência humana. Prescindisse o homem de outra morada e de outro leito além do dos gansos e capros monteses, não teriam os Gengis Cãs e Tamerlões vassalos senão os próprios filhos, os quais seriam bastante virtuosos para auxiliá-los na velhice.
No estado natural de que gozam os quadrúpedes, aves e répteis, tão feliz como eles seria o homem, e a dominação, quimera, absurdo em que ninguém pensaria: para que servidores se não tivésseis necessidade de nenhum serviço?
Ainda que passasse pelo espírito de algum indivíduo de bofes tirânicos e braços impacientes por submeter seu vizinho menos forte que ele, a coisa seria impossível: antes que o opressor tivesse tomado suas medidas o oprimido estaria a cem léguas de distância.
Todos os homens seriam necessariamente iguais, se não tivessem precisões. A miséria que avassala a nossa espécie subordina o homem ao homem - O verdadeiro mal não é a desigualdade: é a dependência.
Pouco importa chamar-se tal homem Sua Alteza, tal outro Sua Santidade. Duro porém é servir um ao outro.
Uma família numerosa cultivou um bom terreno. Duas famílias vizinhas têm campos ingratos e rebeldes: impõe-se-lhes servir ou eliminar a família opulenta. Uma das duas famílias indigentes vai oferecer seus braços à rica para ter pão. A outra vai atacá-la e é derrotada. A família servente é fonte de criados e operários. A família subjugada é fonte de escravos.
Impossível, neste mundo miserável, que a sociedade humana não seja dividida em duas classes, uma de opressores, outra de oprimidos. Essas duas classes se subdividem em mil outras, essas outras em sem conto de cambiantes diferentes.
Nem todos os oprimidos são absolutamente desgraçados. A maior parte nasce nesse estado, e o trabalho contínuo impede-os de sentir toda a miséria da própria situação. Quando a sentem, porém, são guerras, como a do partido popular contra o partido do senado em Roma, as dos camponeses na Alemanha, Inglaterra, França. Mais cedo ou mais tarde todas essas guerras desfecham com a submissão do povo, porque os poderosos têm dinheiro e o dinheiro tudo pode no estado. Digo no estado, porque o mesmo não se dá de nação para nação. A nação que melhor se servir do ferro sempre subjugará a que, embora mais rica, tiver menos coragem.
Todo homem nasce com forte inclinação para o domínio, a riqueza, os prazeres e sobretudo para a indolência. Todo homem portanto quereria estar de posse do dinheiro e das mulheres ou das filhas dos outros, ser-lhes senhor, sujeitá-los a todos os seus caprichos e nada fazer ou pelo menos só fazer coisas muito agradáveis. Vedes que com estas excelentes disposições é tão difícil aos homens ser iguais quanto a dois pregadores ou professores de teologia não se invejarem.
Tal como é, impossível o gênero humano subsistir, a menos que haja infinidade de homens úteis que nada possuam. Porque, claro é que um homem satisfeito não deixará sua terra para vir lavrar a vossa. E se tiverdes necessidade de um par de sapatos, não será um referendário que vo-lo fará. Igualdade é pois a coisa mais natural e ao mesmo tempo a mais quimérica.
Como se excedem em tudo que deles dependa, os homens exageraram essa desigualdade.
Pretendeu-se em muitos países proibir aos cidadãos sair do lugar em que a ventura os fizera nascer. O sentido dessa lei é visivelmente: Este pais é tão mau e tão mal governado que vedamos a todo indivíduo dele sair, por temor que todos o desertem. Fazei melhor: infundi em todos os vossos súditos o desejo de permanecer em vosso estado, e aos estrangeiros o desejo de para aí vir.
Nos íntimos refolhos do coração todo homem tem direito de crer-se de todo ponto igual aos outros homens. Daí não segue dever o cozinheiro de um cardeal ordenar a seu senhor que lhe faça o jantar; pode todavia dizer: "Sou tão homem como meu amo; nasci como ele chorando; como eu ele morrerá nas mesmas angústias e com as mesmas cerimônias. Temos ambos as mesmas funções animais. Se os turcos se apoderarem de Roma e eu virar cardeal e meu senhor cozinheiro, tomá-lo-ei a meu serviço". Tudo isso é razoável e justo. Mas, enquanto o grão turco não se assenhorear de Roma, o cozinheiro precisa cumprir suas obrigações, ou toda a humanidade se perverteria.
Um homem que não seja cozinheiro de cardeal nem ocupe nenhum cargo no estado; um particular que nada tenha de seu mas a quem repugne o ser em toda parte recebido com ar de proteção ou desprezo; um homem que veja que muitos monsignori não têm mais ciência, nem mais espírito, nem mais virtude que ele, e que se enfade de esperar em suas antecâmaras, que partido deve tomar? O da morte.


O livro todo está disponível para download no Domínio Público.