Era cada vez mais perceptível que o poder, a riqueza e o conforto cabia aos grandes financistas, industriais e proprietários de terras, enquanto o restante da população encontrava-se reunida sob o significativo apelido de "classes perigosas".
Essas "classes perigosas" viviam no campo e na cidade, via de regra em condições precárias, não tinham qualquer direito de participação política e via-se crescer, especialmente nas grandes cidades, as idéias republicanas e as propostas alternativas do que viria a ser o comunismo. Em alguns pontos da Europa ainda havia obrigações servis, de modelo medieval, em plena atividade.
O mapa sinaliza os principais pontos revolucionários de 1848. Observe a fragmentação política nas atuais Itália e Alemanha |
Entretanto, é importante destacar que não havia um comando central, uma articulação entre as diversas manifestações ou lideranças locais. Cada "revolução" ao seu modo buscou derrubar seu governo e instaurar um regime provisório visando mudanças político-sociais. O resultado?
"(...) as revoluções de 1848 surgiram e quebraram-se como uma grande onda, deixando pouco para trás, exceto mito e promessa." (Eric Hobsbawm. A Era do Capital, 1848-1875)O que era para ter sido uma nova revolução burguesa, republicana e de profunda mudança social acabou por se mostrar, aos olhos da burguesia, como uma ameaça à propriedade privada e aos seus ganhos politicos recentes. Diante do medo da radicalização popular, os moderados se uniram aos conservadores tomando o caminho da "ordem" ao invés do da "mudança".
Quais as semelhanças com mundo árabe contemporâneo? No momento temos a pressão social, o anseio por mudanças, a incrível disparidade entre o que querem os manifestantes e o que os detentores do poder possuem, a desilusão com os atuais governos, e um oceano de possibilidades. Onde isso vai dar é que não temos como saber... ainda.
Não deixe de conferir o belo banco de imagens de André Sena no Flickr. Sobre a "Primavera dos Povos", especificamente, AQUI.
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