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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Para rir!

Esqueça um pouco o rigor histórico e aproveite a fantasia surreal: a Independência na era do Facebook!



Se alguém quiser, estou à disposição para discutirmos a história, mas aproveite também a piada.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Saída Pedagógica - Museu do Ipiranga

As turmas da 2a. série realizarão uma saída pedagógica. Nesta quinta-feira (dia 18), na terça-feira (dia 23) e na próxima quinta-feira (dia 25), cada sala irá ao Museu Paulista da USP, mais conhecido como Museu do Ipiranga.
Por ser também o "museu do bairro" muitos de vocês já o devem ter visitado ao menos uma vez. No entanto, é bom que algumas questões fiquem bem explicadas, pois a proposta é um pouco mais fechada que uma tradicional "visita".
Em primeiro lugar, a ida ao Museu possui um propósito ligado ao tema das aulas.
O Processo de Independência do Brasil é um dos conteúdos abordados neste bimestre conforme o programa anual. Sua relevância bem como sua complexidade exige uma abordagem diferenciada e, neste sentido, poucos lugares oferecem tantas possibilidades pedagógicas quanto o Museu Paulista.
Não é nosso objetivo visitar a totalidade das coleções expostas no Museu (seu acervo reúne objetos também voltados para a história do cotidiano e formação urbana da cidade de São Paulo). No entanto, pretendemos abordar especificamente a construção da história e da memória a cerca da Independência, contextualizando e problematizando a forma como os eventos históricos são sucessivamente apropriados por diferentes grupos sociais.
Nosso roteiro terá início, então, com a saída do Colégio logo após o intervalo, por volta das 10h. Teremos pela frente uma longa (!!!) caminhada de 600m até o Museu.
A aula-visita (vamos chamar assim) começará no parque com uma discussão sobre o espaço e a urbanização do Ipiranga em torno do Monumento à Independência. Depois analisaremos os jardins e o edifício do Museu construídos de modo a sugerirem uma monumentalização do espaço e a contemplação da história.
No interior do Museu, nosso itinerário estará concentrado no hall principal, escadaria central e o Salão Nobre (local onde se encontra o quadro Independência ou Morte!, de Pedro Américo). Esta área do Museu especificamente foi profundamente alterada para a comemoração da Independência em 1922. Toda a decoração com estátuas, retratos, ânforas e cenas históricas compõe uma narrativa muito particular de uma época, mas que se mantém inalterada.
Como um dos pontos importantes da visita é a tela de Pedro Américo, fica aqui a sugestão de análise prévia. Olhe com atenção, note os detalhes e esqueça aquela mania das revistas em procurar "erros". Faremos o mesmo coletivamente no dia da visita.

Independência ou Morte! Óleo sobre tela, 7,60 x 4,15 m

Feito este roteiro, voltaremos para o Colégio de onde os alunos poderão retornar para suas casas.

IMPORTANTE: Se ainda não ficou claro, vou dizer mais uma vez. Trata-se de aula, portanto, não deixe de levar material para fazer anotações!!!

terça-feira, 28 de junho de 2011

O café, uma cidade e seu teatro

 Na virada do século XX, São Paulo era uma cidade em crescimento acelerado, mas ainda assim longe de ser uma metrópole. A capital da República, Rio de Janeiro, era de fato uma cidade muito mais populosa e... cosmopolita. Capital e sede da Corte desde a chegada a Família Real Portuguesa em 1808, o Rio era a porta de entrada de legações diplomáticas e produtos estrangeiros, uma conexão direta com a Europa. Esta “vocação” continuou com a República, apesar da descentralização que vinha ocorrendo. Não por acaso via-se no Rio a chamada belle époque tropical: moda, literatura, companhias de teatro e ópera vindas Europa tinham acolhida certa.
Se o Rio de Janeiro havia abrigado a monarquia, em São Paulo vivia outro rei – o café – e este tinha muito mais poder. Metáforas à parte, o poderio econômico do estado de São Paulo era fruto da crescente produção e preços favoráveis do café no mercado internacional, o que concedia aos paulistas uma proeminência política ímpar. Feito o golpe (com auxílio dos militares) a Primeira República seria inevitavelmente a dos cafeicultores.
Viaduto do Chá, 1929
A florescente “cidade do café”, capital financeira de todo o complexo cafeeiro do interior do estado e que iniciava um processo de industrialização, necessitava de certos aparelhos urbanos que condissessem com a riqueza de seus mandatários, ou ainda, os ricos cafeicultores precisavam de uma cidade coerente com a imagem que eles tinham de si próprios. Ou seja, era urgente a transformação daquela cidade de cerca de 240 mil habitantes em uma metrópole de verdade. Entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, São Paulo passou por profundas transformações urbanas: linhas de bonde, obras de saneamento, alargamento de ruas dando lugar a avenidas, criação de novos bairros, edifícios públicos, comerciais, residenciais (todos ostentando certa monumentalidade) tomaram conta da paisagem da cidade.
Vista do Vale do Anhangabaú com Teatro Municipal à direita, 1920
É neste contexto que veríamos a construção de um dos cartões postais da cidade (à época e ainda hoje): o Teatro Municipal. São Paulo possuía teatros, um tanto acanhados, é verdade, mas o Novo Teatro São José era bem maior que os demais. No entanto, não havia um capaz de abrigar concertos de ópera e música erudita, nem tampouco espelhar o requinte que a elite paulistana esperava exibir. Desse modo, em 1903 começou-se a construir o que seria o Teatro Municipal, na mesma colina onde antes ficava o São José. O projeto e desenho de Claudio e Domiziano Rossi foram executados pelo escritório do renomado engenheiro-arquiteto Ramos de Azevedo, o construtor predileto dos barões do café. Em estilo eclético e inspirado na ópera de Paris, o Theatro (como então se grafava) ocupava o alto de uma das áreas de lazer mais concorridas da época, o Vale do Anhangabaú, no coração da cidade.
A inauguração ocorreu em 1911, há exatos 100, e inscreveu São Paulo no circuito das companhias europeias de ópera. No entanto, o maior espetáculo recebido pelo Teatro Municipal pretendia justamente romper com o tradicionalismo e com as eternas referências à Europa: a Semana de Arte Moderna de 1922. No mesmo ano se comemorou o centenário da Independência do Brasil com festa também em São Paulo, mas mais ao sul da cidade, no Museu do Ipiranga. Esta não pretendia romper com nada, pelo contrário, pretendia-se reforçar o caráter fundador de São Paulo na formação do Brasil, como quem diz “a cidade do café é também o berço do Brasil”. Uma bela construção! Seja nesta festa mais tradicional, seja na semana que se pretendia vanguardista, a elite ligada ao café parecia comemorar seu vigor econômico, político e cultural. E eles nem imaginavam que ao fim daquela década veriam a derrocada dos preços do café e uma sutil, mas significativa, mudança de rumos na política nacional. No entanto, seus monumentos ainda persistem, a memória que construíram de si continua de pé, presente.



Resta ainda um aviso a fazer: a história dos sucessos da oligarquia do café construída por ela mesma não é a História do Brasil República, e nem mesmo a História de São Paulo.