segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Para pensar

A globalização não provoca apenas um aumento da circulação de mercadorias. Ela trasnforma a maneira com a qual nós representamos o mundo, as suas possibilidades, as fronteiras, o espaço, o tempo: ela estrutura as imaginações.
Abdou Diouf, ex-presidente do Senegal

sábado, 26 de fevereiro de 2011

O evitável e o inevitável

Após o fim da Segunda Guerra Mundial e o início da chamada Guerra Fria a tecnologia nuclear virou vedete. Algo entre amada, respeitada e odiada, a energia nuclear - com fins pacíficos ou militares - marcou a segunda metade do século XX.
A corrida armamentista entre EUA e URSS fez com que ambos os países construíssem enormes arsenais nucleares. Os EUA, por exemplo, construíram (desde 1945) 66,5 mil armas nucleares de 100 tipos diferentes. Como era de se esperar, a tensão internacional alcançou um nível insuportável e em 1968 a ONU estabeleceu um Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares reunindo incialmente os 5 membros do Conselho de Segurança - EUA, URSS (depois Rússia), China, Reino Unido e França - todos detentores de armas nucleares. No entanto, França e China só ratificaram o tratado em 1992.
Pelos termos do tratado ficaria estabelecido um limite máximo de ogivas nucleares e ninguém poderia vender ou transferir armas deste tipo para outros países "não-nucleares". Desse modo, a ideia era afastar o fantasma da guerra nuclear generalizada, sem impedir o uso pacífico da tecnologia.
Uso este que tem sido alvo de inúmeras críticas entre ecologistas e mesmo pessoas com alguma memória. Em princípio a energia atômica para geração de energia elétrica foi aplaudida como uma tecnologia limpa e eficiente. No entanto, rapidamente se expôs o problema da água usada para o resfriamento dos reatores das usinas nucleares que é devolvida à natureza com alta temperatura, interferindo no meio ambiente. Porém o pior ainda viria no ano de 1986.
No dia 26 de abril de 1986 (fevereiro no nosso calendário) uma ação mal executada na Usina de Chernobyl, na Ucrânia, provocou a explosão de um dos reatores. Com a "ajuda" do vento a núvem tóxica atingiu boa parte da Europa, apesar de os efeitos mais nocivos terem acontecido na Ucrânia, Rússia e Bielarus. Depois disso, não só os reatores soviéticos foram alvo de críticas, mas toda usina nuclear foi colocada como suspeita diante da opinião pública mundial.


Em amarelo a principal área afetada, as demais receberam "restos" da núvem radioativa
A Alemanha acabou com todas as suas usinas (apesar de comprar energia da França, do outro lado da fronteira, produzida em usinas nucleares). No Brasil as críticas em relação à energia nuclear são apoiadas na convicção popular de que uma usina e uma bomba relógio são praticamente a mesma coisa. Este ano o acidente, ou catástrofe, de Chernobyl comemora 25 anos e a Ucrânia planeja abrir a usina desativada para visitação pública.



As imagens são de 2006. Narração em inglês.

O armamento do mundo pode ser evitado, o acidente poderia ser evitado, as mortes, enfim, poderiam ter sido evitadas. Só as sequelas não podem mais ser evitadas.

Leia +
Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares. Texto integral AQUI
Novo tratado entre EUA e Rússia, assinado em 5 de fevereiro de 2011. Notícia AQUI
20 anos de Chernobyl. Notícia AQUI
25 anos de Chernobyl. Notícia AQUI

Sociedade, reciclagem e cinema

Um artista plástico conceituado com uma fixação - materiais recicláveis - e um propósito social em mente - modificar o mundo, mesmo que atingindo apenas poucas pessoas. Na outra ponta pessoas anônimas com uma imposição - viver da coleta de materiais recicláveis - e um objetivo em mente - sobreviver da melhor forma possível. Juntando as duas pontas tem-se o belo documentário Lixo extraordinário, filmado ao longo de três anos, tempo em que durou a ação de Vik Muniz no lixão de Gramacho, Duque de Caxias-RJ.
A verdade é que dificilmente este documentário poderia sair ruim. A proposta do artista brasileiro era ótima e contava com uma eficiente equipe de apoio, e as pessoas encontradas no lixão se mostraram personagens interessantíssimos: carismáticos, bem articulados, com histórias envolventes.

Este foi o filme que cerca de 130 alunos da 2a. e 3a. séries do Ensino Médio assistiram ontem em uma saída idealizada pela Profa. Vânia, de artes. Aparentemente os alunos gostaram do que viram e eu gostei do que ouvi deles. Alguns mais sensibilizados, outros mais impressionados... espero, apenas, que tenham se aberto a um mundo que definitivamente não é vivido por eles, mas ao qual não deixam de pertencer.

Uma breve reflexão
Fiquei um tempo pensando no porquê do documentário ser grande parte em inglês, mesmo quando o depoente era o artista brasileiro (radicado em Nova York), Vik Muniz. Vendo a versão em inglês do site promocional do documentário uma resposta começou a pintar. Quantas pessoas se atinge em inglês? Quantas pessoas dispostas a colaborar de algum modo se atinge em inglês?
Há um bocado de coerência nisso considerando o projeto idealizado pelo artista. Do contrário eu seria obrigado a pensar que o interesse brasileiro é menor que o internacional...

 Site em inglês do filme AQUI.


Atualização
Notícia na Folha de S. Paulo

Catador de lixo quer ir ao Oscar de limusine e terno

Sinceramente, achei a manchete bem maldosa. O que menos importa é o fato de ele ir à entrega do prêmio de limusine.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sugestão de leitura

‘Paz para acabar com a paz’ 
Como país aliado, o Brasil participou da Conferência de 1919, após a Primeira Guerra Mundial, mas foram as grandes potências vencedoras que decidiram tudo

Por Eugênio Vargas Garcia, diplomata, professor titular do Instituto Rio Branco e autor de Entre América e Europa: a política externa brasileira na década de 1920. Brasília: Editora UnB/Funag, 2006

Exemplar em inglês do Tratado

A Galeria dos Espelhos do imponente Palácio de Versalhes, em Paris, estava completamente lotada. Era o dia 28 de junho de 1919, e estavam em jogo os destinos do mundo. Enquanto ministros, delegados e jornalistas disputavam espaço no salão, dois pálidos representantes da Alemanha eram conduzidos à pequena mesa onde um volumoso tratado os esperava. O silêncio abafou todos os murmúrios e o suspense não durou muito. Para alívio geral, os alemães, resignados, assinaram o documento. Do lado de fora, salvas de canhões comemoraram o esperado desfecho. A paz havia sido concluída. Mas que paz era essa?
O Tratado de Versalhes encerrava oficialmente os trabalhos da Conferência de Paz de Paris (1919-1920), convocada para deliberar sobre o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O Brasil, por ter participado do conflito (ver box), estava presente. No entanto, era um ator periférico. Os assuntos europeus centralizavam todas as atenções, como a concessão de independência a países da Europa Oriental (quais?) e a administração da Alemanha derrotada. Problemas concretos de outras regiões, como o equilíbrio de forças na Ásia ou a definição dos mandatos no Oriente Médio, tinham precedência sobre os temas de eventual interesse latino-americano.
[...]
Continua AQUI

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Escravidões

Escravos domésticos juntos de sua senhora
Talvez nenhum tema (ou instituição ou aspecto sócio-econômico) seja mais importante para a história do Brasil que a escravidão. No entanto, não é algo tão simples como às vezes parece. Antigamente quase tudo era resumível em "africanos trazidos para o Brasil para trabalhar na agricultura - cana e depois café - vivendo em senzalas". Porém, a cada ano os historiadores chegam a um quadro mais complexo, destacando particularidades regionais, diferenças quanto ao tipo de trabalho, versatilidade dos escravos, ambiente rural versus urbano, componentes africanos também particulares influindo nas relações escravistas, etc.
Tenho uma grande amiga, Ynaê Lopes dos Santos, que é especialista em escravidão urbana no Rio de Janeiro e, agora no doutorado, pretende comparar este universo carioca à realidade de Havana (Cuba). Na época em que ela terminou o mestrado, em 2007, deu uma entrevista para a Agência USP de Notícias. Abaixo seguem alguns trechos comentados.
“Os escravos urbanos tinham duas formas básicas de morar. Em alguns casos, residiam nas mesmas casas dos senhores, dormindo muitas vezes em esteiras nos corredores, sótãos ou porões. Porém, segundo documentos da época, alguns deles moravam longe dos seus proprietários, em casas alugadas, casebres e cortiços: era o chamado morar sobre si”
Escravos e suas atividades urbanas
Em geral os senhores urbanos tinham poucos escravos, de dois a três, e o que determinava onde ou como os cativos iriam morar dependia da relação estabelecida com seus proprietários.
Na cidade, os senhores colocavam grande parte dos negros escravizados para trabalhar como “escravos ao ganho”, exercendo desde funções mais qualificadas, como barbeiros, sapateiros e artesãos, até trabalhos braçais. “Muitos também executavam as tarefas domésticas. Além de seu próprio sustento escravo, parte dos rendimentos era destinada ao senhor para pagamento da diária previamente estipulada”, conta Ynaê.

Em diversas situações, eles passavam alguns dias fora da casa trabalhando e, após o período combinado com o proprietário, voltavam com o dinheiro. “Em alguns casos a única fonte de sustento da casa era obtida por meio dos escravos ao ganho, principalmente nas famílias mais pobres ou quando os proprietários eram mulheres ou viúvas.”
Segundo ela, dentre os mais de mil pedidos de licença [Pedidos de Licenças para Escravos saírem ao Ganho] existentes, há um que comprova claramente a prática do morar sobre si, ao discriminar endereços diferentes para o senhor e seu cativo.
Segundo Ynaê Lopes dos Santos o "morar sobre si" foi muito difundido na capital do Império, ao ponto de muitos casarões terem se transformado em cortiços de escravos. Porém, ela mesma alerta, isto não implicava em uma escravidão mais suave apenas por não existir o espaço da senzala ou uma aceitação da escravidão pelos escravizados. A ausência de revoltas escravas no Rio de Janeiro não significa passividade.
Pelourinho - o castigo público e exemplar
“Na capital do Brasil, a resistência escrava e a luta pela liberdade foram, fundamentalmente, individuais, ainda que contassem com laços e redes de solidariedade. Assim como a alforria, o morar sobre si acabou sendo prática costumeira na cidade: durante todo o tempo, os escravos precisavam negociar com seus senhores para alargar sua autonomia, aproveitando para isso as mais diferentes situações”.
 
 
 
A matéria original se encontra AQUI.
Todas as imagens são gravuras de Jean-Baptiste Debret, pintadas entre as décadas de 1810 e 1831, quando o pintor francês voltou ao seu país de origem.

Os 14 Pontos

A posição estadunidense até a Primeira Guerra Mundial era de isolacionismo em relação à Europa. Ou, seguindo a orientação de George Washington, um dos chamados "pais" da independência dos EUA, os problemas europeus deveriam ficar entre os europeus. Depois, no começo do século XIX este posicionamento foi atualizado pela Doutrina Monroe. O presidente James Monroe em 1823 afirmou:
Julgamos propícia esta ocasião para afirmar, como um princípio que afeta os direitos e interesses dos Estados Unidos, que os continentes americanos, em virtude da condição livre e independente que adquiriram e conservam, não podem mais ser considerados, no futuro, como suscetíveis de colonização por nenhuma potência européia (…)
Não só os problemas europeus deveriam ficar na Europa, como também a América passaria a ser apenas dos americanos. Uma versão polida da máxima "cada macaco no seu galho" aplicado ao mundo da política internacional.
Mas os EUA do início do século XIX não eram os mesmo do final do mesmo século e muito menos do começo do século XX. A consolidação do território e suas fronteiras somado a um incrível processo de industrialização colocaram os EUA em condições cada vez melhores para concorrer com as grandes potências industriais da época: Inglaterra, França e Alemanha. Com a Guerra, então, o cenário ficou ainda mais positivo. Todo mundo oferecendo até a última gota de sangue no conflito armado enquanto os estadunidenses poderiam usar toda sua capacidade produtiva para abastecer os mercados europeu e americano (latino-americano também).

Não confunda este Wilson...
Não por acaso que o presidente Woodrow Wilson, que governou de 1913 a 1921, posicionou-se a favor da entrada dos EUA na Primeira Guerra, a fim de aproveitar o momento e colocar seu país no tabuleiro das relações internacionais. Porém ele não era uma voz unânime.

...com este Wilson

Terminado o conflito Wilson ofereceu ao Congresso estadunidense sua proposta de tratado de paz para levar à Europa. No entanto o texto foi recusado da primeira vez, pois a maioria considerou que feria o princípio de isolacionismo tão defendido nas décadas anteriores. Depois de serem propostas alterações, o texto passou e foi levado à mesa de discussões na europeia.
Basicamente o texto levado é este abaixo. Já o que vingou das boas intensões de Wilson é bem pouco. Em todo caso, ele é considerado o "pai" da Liga das Nações, órgão internacional que antecede a ONU.


1) Inaugurar pactos de paz, depois dos quais não deverá haver acordos diplomáticos secretos, mas sim diplomacia franca e sob os olhos públicos;
2) Liberdade absoluta de navegação nos mares e águas fora do território nacional, tanto na paz quanto na guerra, com exceção dos mares fechados completamente ou em parte por ação internacional em cumprimento de pactos internacionais;
3) Abolição, na medida do possível, de todas as barreiras econômicas entre os países e o estabelecimento de uma igualdade das condições de comércio entre todas as nações que consentem com a paz e com a associação multilateral;
4) Garantias adequadas da redução dos armamentos nacionais até o menor nível necessário para garantir a segurança nacional;
5) Um reajuste livre, aberto e absolutamente imparcial da política colonialista, baseado na observação estrita do princípio de que a soberania dos interesses das populações colonizadas deve ter o mesmo peso dos pedidos equiparáveis das nações colonizadoras;
6) Retirada dos Exércitos do território russo e solução de todas as questões envolvendo a Rússia, visando assegurar melhor cooperação com outras nações do mundo. O tratamento dispensado à Rússia por suas nações irmãs será o teste de sua boa vontade, da compreensão de suas necessidades como distintas de seus próprios interesses e de sua simpatia inteligente e altruísta;
7) Bélgica, o mundo inteiro concordará, precisa ser restaurada, sem qualquer tentativa de limitar sua soberania a qual ela tem direito assim como as outras nações livres;
8) Todo território francês deve ser libertado e as partes invadidas restauradas. O mal feito à França pela Prússia, em 1871, na questão da Alsácia e Lorena, deve ser desfeito para que a paz possa ser garantida mais uma vez, no interesse de todos;
9) Reajuste das fronteiras italianas, respeitando linhas reconhecidas de nacionalidade;
10) Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria, cujo lugar entre as nações queremos ver assegurado e salvaguardado;
11) Retirada das tropas estrangeiras da Romênia, da Sérvia e de Montenegro, restauração dos territórios invadidos e o direito de acesso ao mar para a Sérvia;
12) Reconhecimento da autonomia da parte da Turquia dentro do Império Otomano e a abertura permanente do estreito de Dardanelos como passagem livre aos navios e ao comércio de todas as nações, sob garantias internacionais;
13) Independência da Polônia, incluindo os territórios habitados por população polonesa, que devem ter acesso seguro e livre ao mar;
14) Criação de uma associação geral sob pactos específicos para o propósito de fornecer garantias mútuas de independência política e integridade territorial dos grandes e pequenos Estados.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Música e história

Poucas manifestações culturais são tão marcantes quanto a música. Sem grande dificuldade podemos identificar - de modo genérico, é verdade - uma determinada cultura pela sonoridade de sua música. A cítara indiana, o violino entre os ciganos, a percussão de raiz africana... Porém a musicalidade é algo muito vivo, fluido, em constante mutação, ainda mais nos dias de hoje. Algumas manifestações musicais já desapareceram, outras tantas surgiram e talvez venha a sumir também.
No caso do Brasil a música disputa, ao meu ver, o posto de ícone identitário junto com o futebol. Não importa qual estilo musical você prefere, mas via de regra o brasileiro de orgulha em seu patriotismo meio heterodoxo com a diversidade musical brasileira. Samba, bossa, MPB, pagode, axé, coco, xote, etc, isso sem contar nos estilos que vieram de fora e já parecem nativos.
Eu, por exemplo, adoro rock. Mas como sou do interior de São Paulo tenho minhas raízes caipiras e, portanto, gosto muito de viola. Não aquele instrumento que lembra um violino, e sim aquele "violão" menorzinho de 10 cordas em pares que fez a fama das Duplas Caipiras e das modas de viola. É uma sonoridade e um jeito de contar/cantar a vida bem particular. Instrumento antigo (pelo menos 500 anos de existência, chutando baixo) era o som típico do trovadorismo português visto nas aulas de literatura e foi dos primeiros instrumentos populares da América Portuguesa. Não por acaso marca presença em praticamente todo o território nacional, especialmente nas regiões mais rurais.
Bom, mas tudo isso para dizer que acabei de ouvir um CD interessantíssimo de dois violeiros que resolveram tocar rock com violas. E ficou bom!!! Aliás, infinitamente melhor que aquele pessoal que resolve tocar Stairway to Heaven no piano ou coisa parecida.

O fanfarrão do Ozzy provavelmente aprovaria, mas antes perguntaria a opinião da Sharon!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um rei, seus problemas pessoais e históricos

Ontem, na minha patética tentativa de assistir todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar, fui ver "O Discurso do Rei". A quantidade de prêmios que já ganhou (e ainda pode ganhar) e as polêmicas geradas aumentaram a espectativa, mas o filme não decepcionou. No entanto, falar da qualidade das atuações ou da beleza do filme é totalmente desnecessário aqui. Há um monte de críticas em todos os jornais e sites de cinema, portanto vou economizar minhas palavras.
Só gostaria de chamar a atenção para dois tópicos interessantes, duas das polêmicas que considerei mais interessantes.

Uma é a polêmica causada pelos historiadores sempre que aparece um filme com contexto histórico. Digo com "contexto" porque não considero este filme exatamente histórico, pois a questão maior é o drama pessoal do Rei George VI e sua gagueira que diante de suas resposabilidade como homem público praticamente o impediam de reinar. Porém, o que gerou discordâncias sérias foi o fato de o filme atenuar a simpatia pelo nazismo de David, irmão mais velho e primeiro herdeiro do trono de George V. Aspecto bem delicado e historicamente muito interessante. Afinal, lança luzes sobre a relativa aceitação velada que o regime de Hitler teve entre os conservadores dos demais países europeus e que acabaram fechando os olhos para o avanço nazista. Quando se deram conta havia uma guerra armada diante de seus olhos.
Leia + AQUI.
Outra polêmica, bem mais suave, diz respeito à gagueira do rei. No filme ela é encarada apenas como uma questão psicológica, no entanto hoje conhece-se fatores genéticos diretamente ligados a este problema da fala. De todo modo não se pode dizer que se trata de uma erro do diretor ou do roteirista, na década de 1930 não se fazia ideia das causas da gagueira. Os fonoaudiólogos e demais especialistas que cuidam da fala estão felizes como nunca ao ver um tema tão pouco comentado sendo visto e discutido graças ao filme.
Leia + AQUI.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Questão de linguagem

Atualmente se defende que os professores falem a língua dos jovens ou, ao menos, tente diminuir a distância entre realidades ou idades muito diferentes.
Um professor de matemática em Santos foi radical. O raciocínio foi bem preconceituoso simples: ele leciona na periferia da cidade e pensou em usar "casos reais" ao formular problemas para os alunos da 1a. série do Ensino Médio.
Nas questões, o professor pergunta, por exemplo, qual a quantidade de pó de giz que um traficante deverá misturar para ganhar 20% na venda de 200 gramas de heroína ou quantos clientes cada prostituta deverá atender para que o cafetão compre uma dose diária de crack.
In: O Estado de S. Paulo

Genial, não? Não! Além de desnecessário ele deve ter imaginado que isso fizesse parte do universo dos seus estudantes. Prostitutas, drogas, traficantes, etc, não precisam figurar em um problema de matemática para aproximar alunos e professor. Resultado: ele está sendo acusado de apologia ao crime.
Além do mais, para fazer regra de três serve quase qualquer coisa do planeta!!!

Vídeo e poesia

Castro Alves, poeta romântico baiano escreveu os mais intensos poemas contra a escravidão no Brasil Império. Abolicionista dedicado, um de seus mais famosos poemas é O Navio Negreiro (Tragédia no Mar), escrito em 1868, em São Paulo, quando tinha apenas 21 anos.
O poema apresenta um quadro contundente das atrocidades envolvidas no tráfico de escravos africanos que, apesar de proibido desde 1850, ainda marcava a origem da massa de negros cativos do Brasil. Tanto foi que o poema e seu livro Os escravos tornaram-se bandeira do movimento abolicionista, mesmo depois da prematura morte do poeta aos 24 anos.
Passeando pelo Youtube acabei encontrando um vídeo com as imagens iniciais do filme Amistad, de Steven Spielberg, sobrepostas pelos versos d'O Navio Negreiro declamado por Paulo Autran, falecido ícone do teatro brasileiro. Eu, particularmente, gostei muito do resultado.

Quem quiser ler o poema, clique AQUI.


"Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar..."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Guerra Química

Eu costumo dar uma olhada mensal na Pré-Univesp, uma revista virtual editada pelo programa de Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Todo mês, como já comentei em alguns posts no ano passado, a revista escolhe um tema e tenta traçar o maior número de conexões possíveis, reunindo textos, vídeos, infográficos das mais diversas disciplinas.
Este mês o tema da revista é o desenvolvimento da Química. As abordagens são várias, mas me chamou a atenção o artigo sobre Guerra Química, com um interessante trecho sobre a Primeira Guerra Mundial.
Fica a sugestão de leitura.

Mau uso da ciência
Armas químicas são exemplos da utilização irracional dos avanços científicos

Por Patricia Piacentini

(...)
Durante a Primeira Guerra Mundial, cientistas pesquisaram um grande número de substâncias para o emprego bélico. Dessas, 12 foram efetivamente empregadas no campo de batalha, com efeitos lacrimogênios, asfixiantes ou irritantes.
Entretanto, o primeiro uso em larga escala dessas armas ocorreu em 1915, na batalha de Ypres, na Bélgica, onde os alemães abriram as válvulas de numerosos cilindros que continham cerca de 60 toneladas de gás cloro, que, levados pelo vento, atingiram a tropa britânica. “Em questão de minutos, homens desesperados, mãos na garganta, deitavam-se no chão ou cambaleavam em retirada. Do seu efetivo naquela batalha, cinco mil soldados morreram devido aos efeitos do cloro e milhares dos que sobreviveram ficaram incapacitados de lutar pelo resto da guerra. Somente os alemães usavam máscaras de gás naquele dia. Esse foi o início da guerra química moderna”, relata Ilha.
(...)

Reportagem completa AQUI.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Jesuítas e o Google

Estava lendo o jornal quando me deparei com uma notícia sobre um concurso de desenho do Google para crianças e adolescentes. Confesso que adoro aquelas brincadeiras do Google em datas "especiais". O concurso "Doodle 4 Google" era exatamente isso. Eles deram um tema - O Brasil do Futuro - e a molecada pirou em cima.
Minha surpresa foi saber que a ganhadora na categoria de 6 a 9 anos foi uma aluna do Colégio Santo Inácio, Jesuíta também, chamada Maria Luiza.

Doodle de Maria Luiza intitulado "Nosso Brasil do Futuro"
 Não vi os outros concorrentes, mas gostei muito do resultado. A garota mandou muito bem com essa referência às olimpíadas usando os "os" do Google. Parabéns!

A matéria toda AQUI.
A imagem é de divulgação, mas foi vista na Folha de S. Paulo.

Começos

No ano passado eu comentei com alunos da 2a. e 3a. séries sobre as minhas impressões quando entrei na faculdade e sobre as possibilidades de trote. Sem perceber e sem desejar, acabei assustando alguns. Independente de eu ter dito que ficar meio perdido no começo da faculdade é normal e que os trotes estão mudando para melhor a cada ano, teve gente que criou uma imagem pouco positiva deste começo.
Para quem sai do colégio, especialmente de uma escola privada, a impressão que se tem é que você está sozinho. De uma hora para outra foi obrigado a se virar por conta própria. Você acorda de um sonho bom - professores que sabem seu nome, coordenação pedagógica que atende aos pedidos de seus pais, inúmeras provas para você tirar nota - e cai numa realidade quase plenamente adulta. A vida universitária (a boa vida universitária em instituições públicas ou privadas sérias e tradicionais) opera uma seleção natural: quem sabe estudar sozinho, quem sabe o que quer, quem sabe planejar e seguir metas pessoais sobrevive.
Se você não aceitava sequer ser mudado de sala no colégio porque ficaria longe de seus amiguinhos, sinto muito, mas a verdade é que provavelmente irá chorar todos os dias nos primeiros meses. Sim, você vai precisar fazer novos amigos! Em todo caso, fica um segredo: isso não é difícil.
Quanto ao trote, fique atento sem perder a ternura. É um momento muito divertido, contanto que não parta para a violência ou humilhação pública. Na real, boas universidades estão deixando a violência para trás. Se seu trote for violento provavelmente você escolheu mal sua faculdade.
No mais, toda experiência maluca é válida. As festas estilo "Eduardo e Mônica" - festa estranha com gente esquisita - são tão significativas quanto bons professores. A única coisa que eu abriria mão seriam os professores picaretas, eles existem aos montes, mas são desnecessários.


Trote da USP de Ribeirão Preto (SP) teve "banho de lama"
"Não estou nem aí. A felicidade é maior do que a sujeira", afirmou Livia Maria Michelassi da Silva, 20, que aceitou a brincadeira e rolou na lama do campus. Caloura de biologia, ela conseguiu uma vaga após dois anos de cursinho.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

É história que não acaba mais...

Alguns alunos da 3a. série me pediram o conteúdo progrático de história pedido pela Fuvest. Apesar de eu ter orientado-os a procurar no manual do candidato, achei que não custava colocar aqui também. Mas que fique claro, é um mero recorta-e-cola do manual de vestibular 2011. Aliás, duvido que algo mude para este ano. A Fuvest continua pedindo uma montanha de conteúdo para o Ensino Médio, mas na hora da prova acabamos brindados com um recorte bem estranho. Neste vestibular que acabou de terminar caiu história do Brasil apenas na prova específica da segunda fase...

SUGESTÃO: Leia com atenção a introdução que a Fuvest faz ao programa. Talvez seja a parte mais interessante e válida. Eles dizem o que se espera do aluno ao final do Ensino Médio.

Este programa está constituído por um conjunto de temas que tratam da História do Brasil, da América e Geral, esta última centrada no Mediterrâneo e na Europa. Do candidato, espera-se que, com base no conhecimento desses conteúdos, saiba
a) operar com os conceitos básicos do saber histórico: com a relação passado-presente e as várias modalidades do tempo-histórico;
b) identificar, distinguir e relacionar fenômenos históricos;
c) que o passado pode ser conhecido através das mais variadas fontes, que vão muito além dos documentos oficiais;
d) que o uso, compreensão e valorização dessas fontes dependem das interpretações dos historiadores e estas, por sua vez, do contexto em que eles vive(ra)m.
PROGRAMA

I - História do Brasil
1. A Pré-história e as origens do homem americano.
2. Populações indígenas do Brasil: experiências antes da conquista, resistências e acomodações à colonização.
3. O sistema colonial: organização política e administrativa.
4. A economia colonial: extrativismo, agricultura, pecuária, mineração e comércio.
5. A interiorização e a formação das fronteiras.
6. Escravos e homens livres na Colônia.
7. Religião, cultura e educação na Colônia.
8. Os negros no Brasil: culturas e confrontos.
9. Rebeliões e tentativas de emancipação.
10. O período joanino e a Independência.
11. Primeiro Reinado e Regência: organização do Estado e lutas políticas.
12. Segundo Reinado: economia, política e manifestações culturais.
13. Escravidão, indígenas e homens livres no século XIX.
14. Imigração e abolição.
15. A crise do Império e o advento da República.
16. Confrontos e aproximações entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai (séculos XIX e XX).
17. Movimentos sociais no campo e nas cidades no período republicano.
18. Política e Cultura no Brasil República.
19. As transformações da condição feminina depois da 2a Guerra Mundial.
20. O sistema político atual.

II - História da América
1. Culturas indígenas: maias, astecas e incas.
2. A conquista da América espanhola: dominação e resistência.
3. As colonizações espanhola e inglesa: aproximações e diferenças.
4. Formas de trabalho compulsório nas Américas no período colonial.
5. Ideias e movimentos pela independência política nas Américas.
6. A formação dos Estados nacionais (América Latina e Estados Unidos).
7. EUA: expansão para o Oeste e Guerra de Secessão.
8. Modernização, urbanização e industrialização na América Latina no século XX.
9. Revoluções na América Latina (México e Cuba).
10. Crise de 1929, New Deal e a hegemonia dos EUA no pós-guerra.
11. Estado e reforma política: Lázaro Cárdenas e Juan Domingo Perón.
12. Militarismo, democracia e ditadura na América Latina no século XX.
13. Manifestações culturais na América no século XX.
14. Questões políticas da atualidade.

III - História Antiga
1. Culturas e Estados no Antigo Oriente Próximo.
2. O mundo grego.
3. O mundo romano.

IV - História Medieval
1. O cristianismo, a Igreja Católica e os reinos bárbaros.
2. Os mundos do Islão e de Bizâncio.
3. Economia, sociedade e política no feudalismo.
4. O desenvolvimento do comércio, o crescimento urbano e a vida cultural.
5. A crise do século XIV.

V- História Moderna
1. O Renascimento.
2. As reformas religiosas e a Inquisição.
3. O Estado moderno e o Absolutismo monárquico.
4. Antigo Regime e Ilustração.
5. As Revoluções inglesas do século XVII e a Revolução francesa de 1789.
6. Revolução industrial e capitalismo.

VI - História Contemporânea
1. A Europa em guerra e em equilíbrio (1789-1830): Napoleão, Congresso de Viena e Restauração.
2. A Europa em transformação (1830-1871): as revoluções liberais, nacionalistas e socialistas.
3. A Europa em competição (1871-1914): imperialismo, neo-colonialismo e belle époque.
4. O capitalismo nos séculos XIX e XX.
5. Classes e interesses sociais em conflito nos séculos XIX e XX.
6. Arte e cultura nos séculos XIX e XX: do eurocentrismo ao multiculturalismo.
7. As duas grandes guerras mundiais (1914-1945).
8. As revoluções socialistas: Rússia e China.
9. As décadas de 20 e 30: crises, conflitos e experiências totalitárias.
10. Bipolarização do mundo e Guerra Fria.
11. Descolonização e principais movimentos de libertação nacional na Ásia e África.
12. Os conflitos no mundo árabe e a criação do Estado de Israel.
13. A queda do muro de Berlim, o fim do socialismo real e a desintegração da URSS.
14. Expansão/crescimento do mundo urbano, as novas tecnologias e os novos agentes sociais e políticos.
15. Conflitos étnico-religiosos no final do século XX.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Uma dica

Quem gosta de fazer pesquisas na internet tem sempre o mesmo problema: "a fonte é confiável?". Mas, sejamos justos, antigamente também corríamos o risco de pegarmos uma enciclopédia ruim para fazer as pesquisas escolares.
Por isso é sempre bom sugerir o que, afinal, tem de bom na internet. Fica aqui mais uma sugestão:


Bons textos, grande acervo e belas imagens. Agora é por conta de vocês!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A criatividade e seus limites

Eu costumo me divertir com a criatividade do ser humano. Não me considero uma pessoa criativa, ou talvez por me preocupar em ser de fato original acabo descartando ideias que parecem muito inspiradas em outras coisas. Mas nem todo mundo pensa assim.
Veja o caso da peça Lisístrata, do dramaturgo grego Aristófanes. O texto, de 441 a.C., é muito famoso por fazer uma crítica à Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta. Na visão do dramaturgo o conflito comandado pelos homens - políticos e guerreiros - enfraquecia Atenas e a deixava vulnerável a outros inimigos. Então, na peça, as mulheres comandadas por Lisístrata decidem iniciar uma greve de sexo para obrigar seus maridos a acabarem com a guerra. As mulheres são bem sucedidas em seu protesto e Atenas e Esparta decidem pela paz.
Agora a "releitura" contemporânea:
Senadora belga propõe greve de sexo até formação de governo
A senadora social-democrata flamenga Marleen Temmerman propôs que as mulheres dos negociadores da crise belga declarem uma "greve de sexo" com o objetivo de pressionar um acordo que permita solucionar o bloqueio político no país, que leva mais de meio ano sem Executivo.
Em declarações ao jornal "De Morgen", Temmerman, no Senado desde 2007 e ginecologista de profissão, afirma que "uma greve de sexo poderia funcionar no país, pois é melhor que o cinismo".
A Bélgica vive seu 239º dia sem governo, depois que as eleições do dia 13 de junho do ano passado não alcançaram um acordo entre os sete principais partidos para reformar o Estado e formar uma coalizão de governo.
Detalhe, a senadora declarou sua inspiração em Lisístrata. Cabe agora ver se vai dar certo!

Humor político

Toda piada envolve algum conhecimento. Se você não domina alguns códigos básicos a situação simplesmente não será engraçada. As piadas de português, por exemplo, só fazem sentido para brasileiros. O mesmo ocorre com charges, um tipo de cartoons que se popularizou especialmente como crítica política.
O aluno Luan, da 3a. série, enviou a charge abaixo.

Se você não entendeu é sinal de que faltam algumas informações. Então, fica a dica: procure ler sobre a crise (ou revolta) no Egito.
Dê uma olhada nos posts desta semana.


ATUALIZAÇÃO: E não é que Hosni Mubarak se desplugou (ou foi desplugado) do governo do Egito? Veja AQUI.

Créditos: O Luan viu a charge num blog de nome Baratonta, mas creio que a imagem rodou por um monte de blogs. Porém a obra é de Carlos Latuff, um conceituado cartunista brasileiro especializado em temas políticos e com publicações por todo o mundo. Veja o interessante blog do cartunista: Tales of Iraq War

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Era uma vez um império...

Todos que nascem no Brasil são brasileiros e isto parece muito óbvio para nós. Mas isso não se aplica a todos os países e nacionalidades.
Nós temos, grosso modo, os Estados-Nacionais e os Estados Multi-Nacionais. Ou seja, há países em que o Estado (estrutura legal e de poder) e a Nação (identidade coletiva comum a uma determinada população) coincidem, e países em que há um Estado e muitas Nações dentro de um mesmo território nem sempre de forma tranquila. Na Espanha atual, por exemplo, nós temos o Estado espanhol e até mesmo uma identidade espanhola, mas há o País Basco, a Catalunha, etc.
Mas o que queria comentar com vocês é a respeito do Império Austro-Húngaro. Vejam, já no nome há muita informação. Primeiro, define-se por império, ou seja, uma Estado fruto de expansão territórial que abarca diferentes povos sob um mesmo regime, via de regra uma monarquia. Porém, este império iguala em direitos dois povos que terão preferência nos círculos decisórios (governos, administração, educação, etc.): os austríacos e os húngaros. Porém, isto não acaba assim, há ainda uma série de outras nacionalidades envolvidas, populações que reivindicavam maior participação no governo, reconhecimento de sua cultura e de seu idioma e até direito a autonomia administrativa ou total. Em alguns casos como os sérvios, parte desta população já fazia parte de outro país, a Sérvia, e via-se separado dos demais.
Vejam o mapa abaixo (em espanhol):

Italianos, tchecos, eslovacos, eslovenos, poloneses, croatas, sérvios, romenos e outros estavam reunidos dentro do Império Austro-Húngaro.
Quando o Arquiduque Francisco Ferdinando foi a Saraievo pretendia-se anuncia algumas reformas no Império para dar maior autonomia a boa parte destas nacionalidades a fim de acalmar os ânimos e evitar outros conflitos internos. No entanto, seu assassinato acabou colocando mais lenha na fogueira que existia há muito tempo.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Motivos, estopins e consequências

Caio, aluno da 3a. série, deixou nos comentários uma pergunta que respondi por lá mesmo. No entanto, a questão que ele levantou merece maior atenção. A pergunta era a respeito do início da I Guerra Mundial, se o motivo para a Grande Guerra era a morte do arquiduque (príncipe) austríaco Francisco Ferdinando.
Como diria o esquartejador, vamos por partes.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, nenhum tema provocou tanta reflexão como a guerra de 1914 a 1918, sequer a Revolução Francesa consumiu tanto papel, tinta e horas de pesquisa. Portanto, é de se esperar que não haja apenas uma versão para a eclosão do conflito.
Ao contrário do que afirma o Tratado de Versalhes que determinou o fim da guerra, atualmente poucos (ou nenhum) historiadores defendem que a "culpa" toda foi do Império Alemão por desejar o conflito armado. Para muitos, incluindo o próprio Hobsbawm o enfrentamente não era desejado, ou ainda, sequer era imaginado nas dimensões em que acabou ocorrendo. Até então as guerras eram mais pontuais, envolvendo dois ou três países, e relativamente rápidas.

Mapa da Europa no início da Guerra

Quando a organização sérvia Mão Negra assassinou Francisco Ferdinando o governo austro-húngaro esperava que a Sérvia ou permitisse ações punitivas contra os assassinos ou, em caso de recusa, haveria uma guerra delimitada entre os dois Estados. O que ocorreu foi um efeito dominó devido a uma série de acordos diplomáticos secretos, interesses nacionais e ambições internacionais. O apoio da Rússia aos sérvios exigiu que o Império Austro-Húngaro acionasse sua aliança com os alemães. Estes ao avançarem sobre o que viria a ser a Polônia sabiam da aliança dos poloneses com França e Inglaterra, e a quadrilha toda estava armada.
Mas todos os Estados estavam sobre um grande barril de pólvora: Inglaterra, França e o Império Alemão disputavam espaço na economia mundial e é importante lembrarmos que os alemães saíram atrás na corrida por colônias na África e na Ásia. O Império Russo queria maior influência nos Bálcãns, região em que disputava com a Áustria-Hungría.
Por outro lado, há também as teses marxisitas-leninistas, iniciadas, como indica o nome, por Lenin, líder da Revolução Russa. Para ele (e muitos que o seguiram) a I Guerra Mundial era inevitável, pois representava uma consequência "natural" do Imperialismo, este visto como uma fase avançada do capitalismo. Ou seja, o desenvolvimento de um capitalismo cada vez mais agressivo e monopolista acabaria por gerar a necessidade de redesenhar o mapa da Europa tendo em vista as ambições nacionais.
Some a isso tudo as paixões e ódios nacionalistas, o incrível desenvolvimento tecnológico e bélico, e a incapacidade das elites políticas de anunciarem a paz para evitar maiores catástrofes. Resultado, uma guerra de destruição total altamente traumática para todo o continente e com consequências para todas as partes do globo de alguma forma em contato com os europeus.
Esclareceu ou ficou mais confuso?

Uma ferramenta útil

A disputa por leitores e a construção de uma imagem criativa faz com que os jornais tentem sempre apresentar novidades. Por conta das recentes eleições acabou surgindo uma série de infográficos interessantes nos grandes jornais brasileiros. O Estado de S. Paulo, por exemplo, lançou um tipo de "painel presidencial" que, até o momento, ainda está em construção.

Imagem do painel: charge e links temáricos

A proposta é montar uma linha do tempo que contemple de modo resumido toda a história da República brasileira, presidente a presidente. Ou seja, começando com Deodoro da Fonseca e terminando em Dilma Roussef. Está longe de ser algo profundo e detalhado, mas pinta um cenário interessante. Vamos ver quando chegarem no período da Ditadura Militar ou nos presidentes mais recentes... há sempre mais polêmica de 1964 para cá.
Para ver o painel clique AQUI.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A tão aguardada

Fuvest divulga lista de aprovados

Trabalho, muito trabalho

Creio que falei para os alunos da 2a. série que a temática do trabalho - escravo, compulsório, degradante, ou qualquer outro adjetivo que preferir - havia sido tema da redação da Fuvest 2011. Na verdade foi tema do ENEM 2011, desculpe-me.
De qualquer modo vejam a proposta e leiam com atenção pois coincide exatamente com a nossa proposta para o começo deste ano.
Nós iremos um pouco mais além, pois abordaremos também a escravidão antiga e moderna, bem como as condições de trabalho surgidas da Revolução Industrial. Mas isto é assunto para outro post.

P.S. No ano passado já escrevi sobre esta temática. Veja o post Análogo ou não?

Proposta de Redação ENEM 2011

Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema O trabalho na Construção da Dignidade Humana, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatospara defesa de seu ponto de vista.

O que é trabalho escravo
Escravidão contemporânea é o trabalho degradante que envolve cerceamento da liberdade

A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, acabando com a possibilidade de possuir legalmente um escravo no Brasil. No entanto, persistiram situações que mantêm o trabalhador sem possibilidade de se desligar de seus patrões. Há fazendeiros que, para realizar derrubadas de matas nativas para formação de pastos, produzir carvão para a indústria siderúrgica, preparar o solo para plantio de sementes, entre outras atividades agropecuárias, contratam mão de obra utilizando os contratadores de empreitada, os chamados “gatos”. Eles aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelo crime.
Trabalho escravo se configura pelo trabalho degradante aliado ao cerceamento da liberdade. Este segundo fator nem sempre é visível, uma vez que não mais se utilizam correntes para prender o homem à terra, mas sim ameaças físicas, terror psicológico ou mesmo as grandes distâncias que separam a propriedade da cidade mais próxima.
Disponível em: http://www.reporterbrasil.org.br/ Acesso em: 02 set. 2010 (fragmento).

O futuro do trabalho
Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria. Em 2020, você trabalhará em casa, seu chefe terá menos de 30 anos e será uma mulher

Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglomerados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em torno de projetos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. “Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?”, diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil).
Disponível em: http://revistagalileu.globo.com/  Acesso em: 02 set. 2010 (fragmento).

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Em tempo

Unicamp divulga os aprovados na 1a. chamada

Visitas virtuais

De um tempo para cá se tornou comum grandes museus ou instituições culturais disponibilizarem os "tours vituais". Com ajuda de técnicas de fotografia panorâmica em 360o, alta definição e as ferramentas da internet é possível recriar ambientes reais no universo virtual e, assim, permitir a milhares de pessoas uma experiência em alguns casos impossível de outro modo.
Por estes dias eu recebi um e-mail de uma amigo com o link para o "tour" pela Capela Sistina, do Vaticano. Imagino que todos tenham ao menos ouvido falar da tal capela. Construída durante o pontificado do Papa Sisto IV no auge do Renascimento italiano,  a Capela se transformou num ícone daquele movimento artístico por ter sido pintada por um dream team de pintores renascentistas. Os afrescos que decoram o interior do edifício levam a assinatura de Raphael, Botticelli, Bernini, Michelangelo, entre outros.
Em resumo, vale uma olhada: clique AQUI

Dica: Se você resolver olhar com atenção cada detalhe da capela recomendo tirar o som. O canto angelical me pareceu especialmente infernal!!!

Por coincidência, poucos dias depois de ter recebido o link da Capela Sistina li uma notícia no jornal anunciando o lançamento de um novo serviço do Google. Um enorme "portal" reunindo as coleções de inúmeros museus espalhados pelo mundo de modo que qualquer um pode passear pelas galerias, ver quadros nos mínimos detalhes e até reunir suas próprias coleções.
Nelson Mattos, vice-presidente de engenharia do Google, disse que o site do Art Project permitiria que crianças da América Latina, Índia e África, que teriam pouca chance de ver os originais, tivessem experiência próxima à real, por meio da Internet.
Eu fiquei impressionado!
Para ver o Art Project, clique AQUI.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Um velho conselho

Cuidado com seus critérios para escolher uma faculdade...
Piratas do Tietê, do cartunista Laerte na Folha de 06.02.2011

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Todos de olho nos países árabes

Hoje alguns alunos da 2a. série vieram conversar após a aula. Na aula começamos a abordar as relações de trabalho, escravidão e trabalho assalariado, de modo que achei curioso quando soube que o interesse era sobre as agitações do Egito. Tema atualíssimo e de grande importância, pois a mudança política no mais populoso país árabe pode influenciar toda a região. O problema é que no calor dos acontecimentos acabamos nos confundido com tantos nomes, ideias e perspectivas. Qual o motivo dos protestos e o que querem mudar são apenas duas entre tantas outras perguntas possíveis.
Não pretendo responder a tudo por aqui, mas oferecer um guia de leituras para facilitar. Se houver alguma outra questão podemos discutir através dos comentários.

Hoje li na Folha de S. Paulo (só para assinantes) uma entrevista muito interessante com Walid Kazziha, professor da Universidade Americana do Cairo e especialista em Oriente Médio. Segue:

Folha - Como um protesto espontâneo conseguiu em poucos dias o que anos de oposição formal no Egito não alcançaram?

Walid Kazziha - Não é que um bando de pessoas decidiu de repente protestar numa praça do Cairo. Há muito tempo jovens têm trocado ideias na internet. Inspirados na queda do regime tunisiano, eles marcaram o protesto do último dia 25 para demonstrar a insatisfação de várias partes da sociedade egípcia contra o regime.
Nem a Irmandade Muçulmana nem outros partidos de oposição tiveram parte nisso. Este é um movimento sem liderança, formado por jovens de classe média, que domina a internet e que tem objetivos sociais, econômicos e políticos muito claros. Quer mais igualdade e democracia.

A desigualdade existe há muito tempo, assim como a falta de liberdade. Porque só agora o movimento surgiu?
A internet foi crucial, pois permitiu uma comunicação rápida e ampla e deu a abertura para o mundo exterior.

Mubarak já disse que não concorrerá a mais um mandato, mas isso não terminou os protestos. Qual a saída?
Quando Mubarak fez o discurso, muitos simpatizaram com ele, até entre os manifestantes. Mas a violência de anteontem acabou fortalecendo o movimento. Agora há basicamente dois caminhos. Ele poderá sucumbir à pressão e sair, abrindo caminho para que o vice conduza o país a um novo regime, mais liberal. O outro caminho é que o Exército restabeleça uma ditadura militar. O que parece claro é que os protestos não terminarão enquanto Mubarak estiver no poder.


Para que lado o Exército tende a caminhar?
Até agora o Exército manteve uma posição neutra. Manteve-se leal a Mubarak, mas não agiu para reprimir os oponentes do governo. Se o atual impasse permanecer, o Exército terá de escolher [um lado].


A alternativa a Mubarak é uma teocracia islâmica, como teme-se no Ocidente?
Havia a mesma expectativa na Tunísia e ela não se materializou. Aqui temos uma situação semelhante. A Irmandade Muçulmana é um partido político organizado, mas com influência limitada.

Os EUA de Bush fizeram uma tímida tentativa de promover a democracia na região. Agora Obama defende a saída de Mubarak. Isso é positivo?
É pouco e tarde demais. Se os protestos mostraram algo é que a democratização não ocorre de fora para dentro, mas é um processo interno.

O sr. crê que o Egito criará um efeito dominó na região?
Se esse movimento resultar num Egito mais liberal, terá um enorme impacto regional. Afetará o conflito árabe-israelense, e as outras sociedades árabes serão inspiradas. Um efeito dominó é perfeitamente possível.
Não são poucos os nomes de personagens e organizações que o Prof. Walid Kazziha cita. Neste caso eu sugiro que leiam os seguintes post de Luiz Raatz publicados no Radar Global, o blog do caderno internacional do O Estado de S. Paulo. São claro e objetivos, nada muito longo.

Os cenários para a crise no Egito
Os personagens da revolta no Egito

E o interessante post do mesmo jornalista comparando o Egito atual com o Irã de 1979:

O Cairo de 2011 e a Teerã de 1979

Se você preferir algo mais completo é possível ler o conjunto de notícias publicadas pela Folha de S. Paulo nos últimos dias e reunidas no especial A Revolta Árabe.
 
Mas (tem sempre um mas...), você pode ser resistente a ler tanta coisa. Ok, é sua opção, mas não opte por ficar sem informação. Há uma interessante entrevista concedida pelo correspondente do Estadão nos EUA, Gustavo Chacra. Clique AQUI.
Ou assista aos vídeos do G1, AQUI

Velhos termos, usos atuais

É fundamental termos o domínio de certos termos e expressões que, em alguns casos, são considerados "conceitos polissêmicos". Mas o que significa isto?

Os conceitos são ideias, expressões que possuem toda uma história, uma reflexão acumulada e que toda vez que são usados estes conceitos trazem à tona essas articulações do passado. Já a palavra polissemia significa "vários significados", ou seja, um conceito polissêmico quer dizer que determinada expressão possui significados diversos aos longo dos tempos e em diferentes locais dependendo das relações existentes.
Creio que ficará mais fácil de entender com um exemplo.
Entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade (mais ou menos) do século XX tivemos a presença do Imperialismo europeu e estadunidense na Áfria e na Ásia. Uma dominação ora econômica, ora político-militar em diversos países daqueles continentes o que na prática significou o Neocolonialismo: dominação e exploração de um sobre o outro. Com as independências asiáticas e africanas, assim como o pós-Segunda Guerra e o surgimento do mundo bipolar (capitalismo-EUA vs. socialismo-URSS) passou-se a falar do imperialismo estadunidense de caráter econômico e cultural sobre a América Latina, e as disputas por um poder "simbólico" na África e na Ásia (novamente).
A disputa entre EUA e URSS acabou no final da década de 1980 e junto foi-se o mundo-bipolar e a divisão em 1o., 2o. e 3o. mundos. Agora fala-se de mundo globalizado, multipolar e países emergentes. Acabou a ideia de imperialismo?
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o chancheler [chefe da diplomacia brasileira] Marco Aurélio Garcia fez o seguinte comentário ao ser questionado sobre a acusação que se faz à China de "de pretender estabelecer uma relação neocolonial com a África, com a América Latina":
Uma relação neocolonial só se estabelece se o colonizador e o colonizado estão de acordo. Temos perfeitas condições de resolver esse tipo de problema. Nós temos, entre outras coisas, de resolver problemas de política interna. Vejamos a questão cambial, que incide sobre nossas exportações. Os EUA têm responsabilidade, a China tem responsabilidade, mas nós também. Da mesma forma que eles usam instrumentos de política interna que têm incidência sobre a política externa, também podemos fazê-lo.
A diferença que temos hoje é não vem ninguém aqui nos dizer como é que tem que ser nossas políticas monetária, cambial, nossa política macroeconômica de maneira geral. Nós decidimos.
A ideia de neocolonialismo aplicado à China é a mesma do século XIX? Como Garcia pensa essa relação e o papel do Brasil?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

UNESP

Primeira chamada do vestibular da UNESP
Lista de espera

Algum dos nossos?

Regras, cada um com as suas

Todos sabemos que há regras em sala de aula. Algumas são universais, outras da escola e há ainda aquelas que variam de professor para professor numa espécie de contrato particular entre as partes e, portanto, só dizem respeito aos envolvidos.
No ano passado vi a imagem abaixo num blog (o crédito está na imagem). O português sofrível deixa a situação um bocado engraçada, mas fiquei pensando onde poderia estar pregada tão estranha lista de regras. Só espero que não seja em uma escola.
De modo geral estas regras também valem na nossa sala de aula!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sem o glamour de James Bond

Documento que teria apressado fim da 2ª Guerra é divulgado

Um documento mostrando que os nazistas tinham sido enganados por um espião duplo em um momento decisivo da Segunda Guerra Mundial foi divulgado no Reino Unido.

O memorando em alemão, interceptado e decodificado por agentes britânicos, confirmou que os alemães tinham acreditado em informações falsas recebidas de um espião espanhol e haviam concentrado suas tropas na região de Pas de Calais, na França, na expectativa de uma invasão britânica.
Isso permitiu que os britânicos seguissem em frente com a planejada invasão da Normandia, em junho de 1944, confiantes de que milhares de tropas alemãs estariam de prontidão em outro local, incapazes de reagir.
Segundo historiadores, a informação contida no memorando salvou vidas e teria apressado o final da Segunda Guerra. (...)
Leia o restante da matéria AQUI.

O recomeço

Estamos voltando agora para as aulas. Fim das férias e início de um longo período de estudos (ou assim se espera!).
Para os alunos da 3a. série, bom retorno e espero que possamos continuar o trabalho iniciado no ano passado. Vocês já são de casa e não preciso explicar como as coisas acontecem.
Aos alunos da 2a. série, será um prazer conhecê-los e gostaria de aproveitar para dar-lhes boas vindas tanto na sala de aula quanto neste blog.
Depois de um ano de atividade é bom comentarmos algumas particularidades deste espaço virtual. Quando este projeto começou tudo era meio experimental. A ideia principal consistia em criar uma ambiente informal fora da escola para aprofundar, discutir e tirar dúvidas sobre o conteúdo tratado em sala, mas também disponibilizar coisas que não necessariamente cabem no cronograma normal das aulas. O experimentalismo continua e os objetivos não foram alterados. O desafio agora é apresentar coisas inéditas, diferentes do que já foi postado por aqui.
Em 2010 foram mais de 200 posts sobre os mais diversos assuntos. Tentei classificar todos com uma tag (ou marcador) para que a busca fosse mais simples. Agora, em 2011, toda vez que eu postar um conteúdo novo aproveite para dar uma olhada no que já foi escrito a respeito do mesmo tema no ano anterior.
Quanto aos comentários, o espaço continuar aberto para todo tipo de discussão saudável. E qualquer dúvida que não couber a um determinado post pode ser enviada pela aba comentários, no alto da página.
Sintam-se em casa!