quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Palestra no Sanfra

Pessoal,
A Campanha da Fraternidade deste ano aborda um tema muito interessante. Seu tema é "Fraternidade e saúde pública" e o lema "Que a saúde se difunda sobre a terra!" (Eclo, 38,8). A proposta não é apenas constatar que a saúde pública apresenta problemas, mas chamar as pessoas para a reflexão e mobilizá-las para a ação, seja ela política ou simplesmente agir pelo cuidado ao próximo.
Dentro desta proposta, temos um primeiro evento já agendado pelo pessoal da Pastoral: uma palestra com o médico oncologista Dr. José Alexandre Barbuto. Formado pela Faculdade de Medicina da USP, Barbuto recebeu o título de mestre em imunologia pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) e completou sua especialização em imunologia celular no Instituto Max Planck de Imunologia, em Tübingen, Alemanha. Fez doutorado no Instituto de Ciências Biomédicas na USP e Pós-Doutorado no Arizona Cancer Center, em Tucson, Arizona - EUA. Atualmente é Professor Livre Docente da USP.
Para quem se interessa pela área da saúde como carreira profissional, a palestra é imperdível. Mas para você que se interessa pela saúde em sua dimensão humana, também é imperdível.

Palestra com Dr. José Alexandre Barbuto
Data: Dia 7 de março
Local: Teatro do Sanfra
Horário: Duas sessões, às 14:30 (1a. série) e às 16h (2a. série). Os interessados da 3a. série podem comparecer em qualquer um dos horários.

+ Info: Pastoral

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Para refletir

O vídeo abaixo tem circulado em blogs e no Facebook. Para muitos a temática é a relação entre pais e filhos, a delicada questão dos limites, o ensino da responsabilidade e valores familiares, etc.
Em resumo: um pai revoltado com a atitude da filha, que resolveu expor na Facebook sua "revolta" com os afazeres domésticos, decidiu gravar um vídeo em resposta e puni-la publicamente, ou seja, na mesma moeda da filha.



Apesar da pinta de cowboy e da medida extrema (sou contra armas de fogo por princípio!), o discurso do pai me pareceu bem coerente. Mas gostaria de chamar atenção para um outro aspecto que já comentei em sala de aula em outras oportunidades e outros anos. As pessoas, especialmente a geração que nasceu conectada à internet, está perdendo a noção do que significa uma vida pública e o que é intimidade.
Segundo o pai, no vídeo, a menina resolveu expor sua "raiva" e junto expôs toda a vida familiar. Mas, ao mesmo tempo, esperava que só seus amigos vissem, pois havia bloqueado o acesso de seus pais. Por mais que diga respeito a sua própria vida, "família" implica em responsabilidades com outras pessoas. Sua atitude individual possui, sim, desdobramentos coletivos. E neste caso eles são bem evidentes.
É possível que a garota tenha pensado ainda que estava exercendo sua liberdade de expressão. Ok, mas de uma forma torta, deformada, pois não falou aos seus pais, mas para a audiência de internautas que poderia curtir seu desabafo inconsequente.
Há muito o que se pensar a respeito. E depois de refletir, há muito o que se fazer!

Ideologia?

Neste ano acabei assumindo também as aulas de Filosofia e Sociologia para a 3a. série. Para mim tem sido um enorme desafio, afinal sou historiador. Portanto, tive de voltar a estudar para não ficar "brincando" de filosofia. De acordo com uma amiga minha, professora de filosofia na Universidade Federal do Espírito Santo, um bom começo é levar a sério a proposta de fazer a filosofia e a sociologia dialogarem com a história. Tenho perseguido isso.
Na semana anterior ao Carnaval, discutimos em sala o conceito de ideologia. Mais que apenas trabalhar com significados de um dicionário, tentamos compreender que há mais de um entendimento a respeito do que é ideologia e como ela opera em nossas vidas.
Para ilustrar um sentido bem popular, ou "senso comum", começamos com Cazuza e sua "necessidade" de uma ideologia para viver.


Daí partimos para o que o cientista político Norberto Bobbio chama de "sentido fraco" do conceito, uma definição que não vê a ideologia como um fenômeno problemático, mas o resultado da vida sócio-política.
Entre as várias definições políticas, optei pela seguinte:
Ideologia são “sistemas de crenças explícitas, integradas e coerentes, que justificam o exercício do poder, explicam e julgam os acontecimentos históricos, identificam o que é bom e o que é mau em política, definem as relações entre política e outros campos de atividade, e fornecem uma orientação para a ação” 
(Herbert MacClosky)
Esta definição tenta estabelecer um terreno mais neutro e cuja aplicação é facilmente visualizado em meio a partidos políticos, governos e outros grupos políticos. Tudo muda de figura se adotarmos uma interpretação mais "forte", como diz Bobbio, no caso, seguindo a análise de Karl Marx para quem a ideologia tem como função manter a sociedade dentro do que ele definiu por "alienação social".
"A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dando-lhes a aparência de indivisão social e de diferenças naturais entre os seres humanos (...). A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as ideais”
(Marilena Chaui)
Desse modo, ideologia passa a representar uma forma de dominação e de manutenção do status quo, ou seja, da situação como está. Enquanto a "ideologia" do Cazuza é apenas uma bandeira - por mais que seja uma bandeira sinceramente a favor de uma mudança - a "ideologia" segundo o marxismo é um controle dos dominadores sobre os dominados a fim de abafar qualquer possibilidade de mudança.

Em sala a discussão foi bem mais passo a passo, mas se houver dúvidas, voltamos ao assunto. Ok?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Fique de olho nos jornais!

O ano mal começou e muitos analistas internacionais já começaram a "apostar" em quais são as "promessas" para 2012. Que fique claro que as aspas são para destacar a triste ironia em se tentar especular sobre os graves conflitos internacionais. Mas é inevitável ao ler os mais diversos jornalistas, cientistas políticos ou especialistas em relações internacionais ter a sensação que estão todos a espera da confirmação de alguns prognósticos. Eu, pelo menos, fico na expectativa de dois: 1) Um conflito internacional ou um guerra civil sem precedentes na Síria; 2) Uma ação militar contra o Irã, provavelmente envolvendo Israel, EUA e mais alguns.
Não se trata de ficar naquela tensão um tanto besta quanto à uma guerra mundial, mas é fato que aquela região é motivo de atenções há muito tempo.
Em ambos os casos - Síria e Irã - a maior dificuldade é ter acesso à informações confiáveis. Os jornais de todo o mundo tentam obter imagens ou declarações dos habitantes, mas ambos os regimes são bem fechados e dificultam bastante a circulação de pessoas e notícias. Justamente por isso fiquei tão impressionado com o vídeo abaixo, feito pelo repórter e cinegrafista francês Mani. Em meio aos tiroteios e bombardeios em Homs, cidade considerada o principal foco de resistência ao governo de Bashar al Assad e base do Exército pela Libertação da Síria (formado por militares desertores e opositores civis armados), Mani registrou a dor de familiares pela perda de parentes mortos por atiradores do governo, protestos, cerimônias em honra aos mortos, ataques, atendimento precário aos feridos nos combates, etc. É bem impressionante.


A narração do vídeo está em inglês, mas nada muito complicado. Duro mesmo é ver tanta violência por longos 11 minutos.

Para entender melhor a situação da Síria, seguem três sugestões de leitura.

BBC Brasil
Conheça os diferentes grupos políticos que lutam contra o governo na Síria

O Estado de S. Paulo
Síria - Especial com diversos link para notícias, vídeos, fotos, etc.

Não deixe de consultar também o infográfico interativo com informações sobre todos os países da chamada Primavera Árabe AQUI.


Le Monde Diplomatique
Slogans da intifada síria
Assim como a resistência nacionalista árabe na Síria do século XX, a atual sublevação popular é marcada pelo lugar que a mesquita ocupa nas mobilizações, pelo papel motor da juventude e de setores sociais economicamente em crise ou distantes da capital, e pela participação das mulheres









Ah, sobre o Irã falaremos numa outra ocasião. Talvez quando Israel e Irã pararem com essa competição de blefes e mostrarem algo mais consistente.

Guerra, uma definição visual II

Fiquei em dúvida qual seria a melhor ilustração para um mesmo verbete: se aquela do Mello ou esta de Paul Kuczynski.

Guerra


Quase a mesma ideia e mesma crítica, mas sob ângulos diferentes.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Guerra, uma definição visual

Eu simplesmente adorei a ilustração abaixo. Certamente constaria do nosso dicionário ilustrado no verbete:

Guerra


Uma definição atemporal da Guerra, mas particularmente atual quando pensamos nas chamadas "guerras preventivas".

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Representatividade, uma definição visual

Continuando o dicionário ilustrado, imagino outro verbete:

Representatividade ou Democracia

Não custa lembrar que este ano tem eleições municipais!

Eu considero essa imagem uma boa forma de repensar a ideia de "poder político".

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Desigualdade social, uma definição visual

Se alguém um dia fizesse um dicionário ilustrado a fotografia abaixo definiria o verbete:

Desigualdade Social

Paraisópolis/Morumbi, em São Paulo - 2011

Alguém já reparou na fina ironia do nome Paraisópolis? A justaposição seria algo como cidade-paraíso.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Uma vida com livros

Você tem 15 minutinhos livres? Então assista a esse curta-metragem de animação chamado The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore. Segundo a descrição no Vimeo, o filme é sobre pessoas que dedicaram suas vidas aos livros e livros que retribuem essa dedicação. Como inspirações declaradas estão o Furacão Katrina, o Mágico de Oz, Buster Keaton, e todos aqueles que amam livros.



O curta é cheio de simbolismos... vidas que se modificam com livros, livros que só têm vida quando lidos. E o final, bom, assista. Eu confesso que me emocionei.

Visto antes no Jacaré Banguela.




ATUALIZAÇÃO: Ganhador do Oscar 2012 de Melhor Curta de Animação!

Carnaval é bom para... ler!

Feriadão está aí! Para quem adora Carnaval provavelmente esse post vai soar como piada de mal gosto, mas tem sempre alguém que, "ruim da cabeça ou doente do pé", não gosta de samba e outras folias carnavalescas. Então, uma alternativa é descansar longe do agito.
Eu sempre ia para a casa dos meus avós, no interior de São Paulo, pois nunca fui de sambar. Mas até lá tinha carnaval, tanto que um prefeito resolveu construir um Sambódromo. Era tudo tão estranho que até mesmo a população tinha dificuldade de nomear aquilo: todos diziam "sambórdi"!
Mas ainda tem gente que mesmo não gostando da farra, gosta do tema ou do ritmo ou das músicas. Para esse tipo de pessoa eu sugiro a leitura da nova edição da revista pré-Univesp: todinha dedicada ao carnaval!!!
Só para dar uma amostra do que esta edição traz, seguem alguns links:

Carnaval, entre o profano e o sagrado
A festa de origem pagã se modificou ao longo da história e sobrevive no Brasil em diversos espaços


Um entrudo, antepassado do nosso carnaval,
pintado por Debret
No Brasil, dizem que o ano só começa depois do carnaval. Afinal, o período após as festas de fim de ano parece se arrastar à espera da derradeira comemoração. Mas essa afirmação, que parece bem brasileira – assim como nos parece ser essa festança carnavalesca – pode ser universal. O motivo é que o carnaval, e outras tantas festas de nomes diferentes, realizadas nessa mesma época do ano, realmente marcam o início do ano para diversos povos, ao longo da história. 
As mais antigas referências das comemorações do carnaval e das festas realizadas em boa parte do mundo datam da Grécia Antiga. No Hemisfério Norte, é mais ou menos nessa época que se inicia o equinócio de primavera, ou seja, quando os ventos gelados do inverno começam a dar lugar ao cenário em que flores desabrocham, animais iniciam seus cortejos e o céu mais azul se abre para os raios do sol aquecerem as relações sociais.


O valor do carnaval
Festa, identidade cultural do país, movimenta cifras elevadas nos desfiles do Rio de Janeiro e São Paulo

A Marquês de Sapucaí, Rio de Janeiro
(...)
A grandiosidade do espetáculo chama a atenção de turistas brasileiros e estrangeiros. De acordo com dados da Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), em 2011 a capital paulista recebeu 25 mil turistas e para 2012 a expectativa é que o número se repita, com a estimativa de que 20% sejam estrangeiros.
Já o Rio de Janeiro recebeu 1 milhão de turistas no período do carnaval, sendo 400 mil estrangeiros; e a expectativa para 2012, segundo a Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (RioTur), é superar tal marca. A Empresa destaca que o carnaval é o evento mais importante do calendário oficial da cidade e o que atrai mais turistas, impulsionando a rede hoteleira e de comércio e serviços.
A festa movimentou mais de 700 milhões de dólares no ano passado na capital carioca; em São Paulo, o impacto que o carnaval traz para a economia da cidade foi estimado em R$ 48,3 milhões.


Boi-bumbá espetacular
Festa de Parintins renova a tradição em um espetáculo de massa


Um movimento popular chamado frevo
As origens da dança remetem às lutas e resistências enfrentadas pelos pernambucanos


Boa leitura!!!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Diversão e cultura

Tem quem goste de Batman ou X-Men, e não são poucos. Mas há um tipo de leitor de HQ muito especial, é o estudioso-colecionador. Não se trata apenas de gostar de História em Quadrinhos, mas também da História das Histórias em Quadrinho. Eu, confesso, não me enquadro nesta última categoria. Eu me divirto com HQ, reconheço seu valor lúdico, artístico e mesmo histórico-cultural, mas não sou um aficionado por este universo.
No entanto, para quem adora HQ ou é apenas um curioso, fica aqui uma dica de primeira que me faz esquecer todas as críticas que tenho à frequente inutilidade (ou futilidade) da internet:


Em poucas palavras, é um mega arquivo com versões digitais de gibis desde a década de 1930 até a de 1960. Não procure pelo óbvio, não tem Superman. Por outro lado, há todo tipo de HQ, desde bang-bang até publicações oficiais do exército estadunidense. Ah, como tudo está em inglês, é um bom treino.
Interessou? Clique AQUI.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ironias da história

Cinebiografias sempre agradam o público. Músicos, pintores e políticos, com suas vidas cheias de altos e baixos sempre dão bons filmes.
A última biografia vertida para as telas foi a da Primeira Ministra inglesa, Margaret Tatcher, a Dama de Ferro. Primeira mulher a ocupar esse cargo no país, Tatcher perpetuou-se no poder por mais de uma década - de 1979 a 1990. Além disso, marcou uma virada conservadora na política inglesa. Chocando-se com as demandas dos trabalhadores, a Dama de Ferro tomou decisões polêmicas para reduzir gastos do governo e aplicou uma política liberal. Logo, não lhe faltaram inimigos nos sindicatos e no Partido Trabalhista. 
O filme aborda outro evento marcante do governo dela: a guerra contra a Argentina pela disputa territorial das ilhas Malvinas (ou Falklands, para os ingleses), em 1982. Este conjunto de ilhotas na costa da América do Sul era de interesse discutível para ambos os países, mas a Argentina reclamava como parte de seu território usurpado no século XIX. 
Aos olhos da maior parte das pessoas, a declaração de guerra da Argentina era um gesto desesperado da Ditadura Militar visando mostrar poder. Não por acaso, a derrota ajudou desestabilizar o regime autoritário. Enquanto que a vitória inglesa colaborou para a reeleição de Tatcher.
A ironia reside no fato de o filme ser lançado coincidentemente no momento em que o Governo de Cristina Kirchner volta a falar dos direitos argentinos sobre as Malvinas, quase no mesmo tom que o usado na década de 1980. Da minha parte, me pergunto no que isso vai dar. Até lá, aproveitem o filme com a excelente atuação de Meryl Streep.

Localize-se (clique na imagem para ampliar)

Leia +

Argentina leva caso das Ilhas Malvinas à ONU
Governo de Buenos Aires apresentou queixa contra a Grã-Bretanha por 'militarizar o Atlântico Sul'

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A famosa Semana!

Em outro post já comentei o gosto particular que nossa cultura nutre por efemérides - a comemoração de datas específicas. De certa forma, é um motivo para relembrar algum acontecimento que se julga relevante. O vestibular, por sua vez, também A-D-O-R-A uma data comemorativa, de preferência bem redonda 100 ou 200 anos, mas também fica feliz com 50, 75 ou mesmo 90 anos.
O ano mal começou e já temos duas efemérides. Uma delas é a Semana de Arte Moderna, ocorrida entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922!
Idealizada por Di Cavalcanti e reunindo artistas como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Mario e Oswald de Andrade, Villa-Lobos, entre outros, a SAM é considerada um marco na história das artes no Brasil. É verdade que muito se tem revisto. Eles se diziam de vanguarda, rompendo com o provincialismo de uma São Paulo cheia de dinheiro, mas sem grande requinte; esperavam olhar o Brasil real, repensar a cultura nacional e sua identidade, romper com o academicismo. Porém, eram de uma forma ou de outra financiados pela elite cafeeira e todos bebiam nas fontes europeias. No entanto, são justamente essas polêmicas que alimentam as reflexões neste "aniversário". 
Nós, na 3a. série, vamos voltar a discutir a SAM em sala de aula, assim como nas aulas de literatura. Mas, para não deixar passar em branco, ficam aqui algumas sugestões de leitura.

Semana de 22 completa 90 anos e muitas das obras estão nos museus
Conjunto amplo de pinturas, esculturas e outros projetos que ficaram expostos podem ser facilmente vistos


Banquete canibal da modernidade


A Musa do Brasil Cosmopolita
Reportagem de junho de 2011 da Revista Bravo! sobre Tarsila do Amaral



Para ver:
  • Catálogo on-line com as obras de Tarsila do Amaral: AQUI
  • Artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo em 14 de fevereiro de 2012 sobre a SAM (com imagem do original): AQUI

Para ir:
Local: MAC USP Ibirapuera (Pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3° piso - Parque do Ibirapuera)
Entrada Gratuita | De terça a domingo, das 10h às 18h
Exposição com 150 obras nacionais e internacionais do acervo do MAC discute a existência de apenas um modernismo brasileiro, apresentando as várias vertentes da arte produzida no período.
Entre as peças em exposição, divididas em cinco blocos, estão obras de artistas como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Di Cavalcanti, Paul Klee, Pablo Picasso, Giorgio De Chirico, Maria Martins, Giorgio Morandi, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Wassily Kandinsky, Fernand Léger, Victor Brecheret, Antônio Gomide, Henri Matisse, Alfredo Volpi, Alexander Calder, Max Bill, Lygia Clark, Marc Chagall, Ismael Nery, Lasar Segall e muitos outros.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Café com pão

Dia desses estava vendo um seriado estadunidense - Big Bang Theory - e um dos personagens tem fixação por trens. Tanto é que preferia cruzar os EUA de leste a oeste por terra a fazê-lo de avião.
No Brasil não temos mais essa ligação com os trilhos, locomotivas e seus inúmeros vagões. Já tivemos e, por quase um século, a matriz dos transportes era ferroviária. Só depois, na década de 1950 é que começamos a substituir tudo pelas rodovias e seus caminhões. Não creio que cabe aqui discutir se foi uma opção política boa ou ruim, ou se para alguém foi bom ou ruim. Indiscutível é que ainda fica uma certa nostalgia, especialmente entre os mais velhos.
Eu, particularmente, só me lembrei disso porque vi que o Arquivo do Estado de São Paulo lançou mais uma exposição virtual. A proposta é bem interessante, pois busca retomar temas de relevância para a história de São Paulo e do Brasil ao mesmo tempo em dá visibilidade ao fantástico acervo documental (principalmente fotografias e documentos escritos) sob a guardo o Arquivo. E como as exposições são montadas pelos serviço educativo há sempre textos muito acessíveis e propostas para atividades em sala de aula.

Para os interessados, clique AQUI.


Além disso, essa exposição me lembrou de duas obras primas da cultura brasileira que tem como mote as estradas de ferro e expressam de forma sublime a relação que as pessoas tinham com essa máquina que vencia vales e montanhas, carregava pessoas e mercadorias, aproximava o que era longe. Para alguns era o símbolo do "progresso", para outros era o jeito mais rápido de se rever a família, os amigos, a amada.
Em 1936 o recifense Manuel Bandeira escreveu seu famoso Trem de Ferro, um poema que reproduz o universo das viagens de trem em seu ritmo e no próprio som das palavras. O mais interessante é que o poeta, talvez involuntariamente, nos lembra que o trem era uma realidade nacional e preenche essa viagem de elementos regionais únicos. Em Pernambuco o trem não cortava cafezais, mas canaviais e pastos.
Trem de ferro 
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)
Como se não bastasse a beleza do poema, tempos depois Tom Jobim o musicou. No vídeo abaixo, a homenagem de mestre da bossa nova como parte do documentário O Poeta do Castelo, de 1959. (No final ainda há o próprio Bandeira declamando os famosos versos de Vou me embora pra Pasárgada.


Outra obra prima com o tema "trem" é O Trenzinho do Caipira, de Heitor Villa-Lobos, e que faz parte da peça Bachianas Brasileiras no. 2. De modo semelhante ao poeta, Villa-Lobos reproduz o som do trem com os instrumentos da orquestra e dos joga de cabeça na atmosfera das ferrovias. Se você fechar os olhos poderá se imaginar viajando suavemente pelo interior de São Paulo ou Minas Gerais. Uma deliciosa viagem de pouco mais de 4 minutos.


Obviamente, esqueçam as imagens. O que importa é a música executada pela Orquestra Sinfônica de Londres.

Divulgando...

Pessoal,

Como já comentei anteriormente, o outro blog - Só Exercícios - tem até o momento cerca de 300 questões, entre dissertativas e de múltipla escolha, dos vestibulares dos últimos 6 anos. Aos poucos irei postando novos exercícios.
Qualquer dúvida ou se deseja a resposta, basta deixar nos comentários. #ficadica

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dois bons passeios

Final de semana está virando sinônimo de shopping center ou, na melhor das hipóteses, algum parque. Mas é bom variar um pouquinho. Portanto, que tal uma exposição? Aqui ficam duas sugestões, uma delas é na faixa.

ROMA - A Vida e os Imperadores
370 peças e obras originais recontam fatos e costumes do período tardio da República e primeiros séculos do Império Romano.
De 25 de janeiro a 22 de abril de 2012

Busto de Cícero
Exposição temporária no MASP reúne um acervo que nunca saiu da Itália, vindo do Museu Arqueológico Nacional de Florença, do Museu Nacional Romano, do Museu Nacional de Nápoles, do Antiquário de Pompeia, do Museu Arqueológico de Fiesole e da Galeria Uffizi. 
A curadoria buscou "privilegiar a abordagem dos imperadores de Roma do ponto de vista do exercício de seu poder e de suas diferentes personalidades", dividindo o espaço expositivo em 4 núcleos - "Entre César e Augusto: o nascimento do Império", "Nero", "O Apogeu do Império" e "Um Império Multicultural" - cada qual subdividido em 3 a 4 módulos.
O release da exposição afirma que estão entre os destaques "três paredes com afrescos da Vila de Pompeia, as estátuas de Júpiter, de Lívia (esposa de Augusto) e da deusa Ísis, a Cabeça Colossal de Júlio César em mármore, máscaras teatrais, escultura de Calígula, Armadura de Gladiador, desenhos do Coliseu, a Lamparina de Ouro e cerca de 60 joias". 
Ou seja, é coisa fina! A não ser que você pense em ir para a Itália em breve, acho melhor não perder esta oportunidade.

Informações:
Local: MASP (Avenida Paulista, 1578), na Galeria Clemente de Faria, 1 e 2 subsolos. Mapa AQUI.
Horários: Ter.-Dom. e feriados, das 11h às 18h. Qui., das 11h às 20h. A bilheteria fecha sempre 30 minutos antes.
Ingressos: R$15,00. Estudantes, professores e aposentados com comprovantes pagam R$7,00. Visitantes até 10 anos e acima de 60 anos de idade têm entrada gratuita.


Devidamente restaurados, painéis "Guerra" e "Paz", de Portinari, visitam São Paulo pela primeira vez.
De 7 de fevereiro a 21 de abril de 2012

Como presente para a ONU, o governo brasileiro encomendou a Portinari, na década de 1950, dois enormes painéis. Entre 1952 e 1956, o artista trabalhou as duas superfícies de 14x10m, sendo finalmente instalados no hall de entrada da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, em 1957.
A exposição conta ainda com cerca de 100 estudos que precederam os painéis.

Informações:
Local: Fundação Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664), nos seguintes espaços: Salão de Atos, Galeria Marta Traba e Biblioteca Latino-americana Victor Civita. Mapa AQUI.
Horário: Ter.-Dom., das 9h às 18h
Ingressos: GRÁTIS


Sugestão: em ambos os casos, vá de metrô!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Recado

Pessoal,

Organizar a rotina de estudos é sempre o primeiro passo para um ano tranquilo, sem grandes surpresas. Para facilitar a organização de vocês estou tentando colocar (na medida do possível) todo o material extra, discutido em sala, especialmente as orientações de trabalho, no GIC.
Quando se tratar de textos ou comentários, minha tendência é postar neste espaço aqui. Afinal, ainda há a possibilidade de diálogo pelo blog, o que não existe no GIC.
Caso vocês sintam falta de algum material ou a necessidade de algum complemento, não hesitem em me procurar.

P.S. Esse recado vale principalmente para os alunos da 2a. série!

Mais leitura...

Para os que estão chegando agora ao blog ou para os mais distraídos é bom esclarecer um ponto importante. Um dos principais objetivos deste espaço é poder oferecer algo a mais, uma opção de leitura e aprofundamento. Por que? Oras, porque ninguém merece ficar na superficialidade ou no achismo e o tempo de sala de aula é muito curto para conseguir ir a fundo em todos os assuntos interessantes. Além disso, para o pessoal da 3a. série, leitura é necessidade um tanto urgente já que o bicho-papão Vestibular/ENEM está aí, no fim da caminhada. Portanto, sempre que possível farei sugestões de leitura.
Gosto bastante do trabalho desenvolvido pela revista Pré-Univesp com suas edições temáticas. Acho que divulguei todas as edições de 2011 aqui e vou continuar fazendo o mesmo este ano.
A edição número 17 é sobre Mundo Contemporâneo:

Além de um “click” e outro
Tecnologias digitais permitem formas invisíveis de vigilância e identificação dos internautas

Para além dos 7 bilhões
O crescimento populacional coloca em evidência desigualdades, desafios e oportunidades para o mundo em expansão

O dragão chinês
A China conta com sua história e cultura milenares para ser uma das principais potências da contemporaneidade

Vinte anos do fim da União Soviética
Entenda as causas e o legado histórico do colapso da superpotência

As reformas na economia de Cuba
Da queda da União Soviética à crise global

Falta um projeto à Europa?
A União Europeia vive uma crise inusitada que coloca em risco sua própria


Se você acha bastante, não viu o que ainda tem disponível nesta edição. Não deixe de conferir os outros artigos, além dos infográficos, vídeos e textos literários.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

As opiniões de um mestre

Sem dúvida alguma Eric Hobsbawm é um dos maiores historiadores vivos. Apesar da idade avançada (quase 95 anos) continua lúcido e atento ao desenrolar da história contemporânea.
Como sugestão de leitura, deixo aqui uma entrevista realizada pela BBC e publicada no último dia do ano passado. Em uma conversa breve, o historiador inglês retoma as Revoltas Árabes, os movimentos revolucionários de 1848, o papel das esquerdas, o movimento Occupy e os Indignados nos EUA.
Vale a leitura!


Revoluções de 2011 'me lembram 1848', diz Hobsbawm

Em entrevista à BBC, Hobsbawm ressaltou que desta vez os movimentos de contestação são impulsionados pela classe média, e não pelo proletariado.
Hobsbawm nasceu poucos meses antes da Revolução Russa, de 1917, e foi comunista a maior parte de sua vida, assim com um influente pensador marxista. Um de seus livros mais conhecidos, a Era das Revoluções, que retrata justamente as revoltas de 1848, é um clássico da historiografia."Foi uma grande alegria redescobrir que é possível que as pessoas saiam às ruas para se manifestar e derrubar governos", disse o historiador, que passou toda sua vida ligado às revoluções.
Além de escrever sobre as revoluções, Hobsbawm também apoiou algumas revoltas. Com mais de 90 anos, sua longa paixão pela política aparece no título de seu mais novo livro:How to change the World (Como mudar o mundo) e em seu enorme interesse pela Primavera Árabe.
"A verdade é que eu tenho um sentimento de excitação e alívio", disse, ao receber a reportagem em sua casa em Hampstead Heath, bairro no norte de Londres.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Vozes do Imperialismo

O ano começou devagar para o blog, mas em sala de aula a velocidade está a contento. E talvez por isso não tem sido tão fácil postar novidades por aqui.
Sei que todos os alunos da 3a. série já possuem os textos em mãos, pois estamos discutindo em aula. Mas para os demais interessados e caso alguém queira discuti-los por aqui, replico.

Em sala vimos dois textos, o primeiro de um político francês da virada do século XIX para o XX chamado Albert Sarrout. Suas palavras são interessantíssimas já que escancaram a mentalidade do europeu da Belle Époque. Notem sua visão de humanidade e de riqueza, assim como a noção de progresso.
“(...) A Natureza distribuiu desigualmente no planeta os depósitos e a abundância de suas matérias primas; enquanto localizou o gênero inventivo das raças brancas e a ciência da utilização das riquezas naturais nesta extremidade continental que é a Europa, concentrou os mais vastos depósitos de matérias primas na África e Ásia tropicais e Oceania equatorial, para onde as necessidades de viver e de criar lançariam o elã dos países civilizados. Estas imensas extensões incultas, de onde poderiam ser retiradas tantas riquezas, deveriam ser deixadas virgens, abandonadas à ignorância ou à incapacidade? A humanidade total deve poder usufruir da riqueza total espalhada pelo planeta. Esta riqueza é o tesouro comum da humanidade.” 
(Albert Sarrout)
O segundo testemunho é de Cecil Rhodes, homem de negócios, político, colonizador e ideólogo do imperialismo inglês na África.
“Ontem estive no East-End [bairro operário de Londres] e assisti a uma assembleia de desempregados. Ao ouvir ali discursos exaltados, cuja nota dominante era ‘pão! pão!’, e ao refletir, de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido, convenci-me, mais do que nunca, da importância do imperialismo... A ideia que acalento representa a solução do problema social: para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os políticos coloniais, devemos apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o excedente de população e neles encontraremos novos mercados para os produtos das nossas fábricas e das nossas minas. O império, sempre o tenho dito, é uma questão de estômago. Se quereis evitar a guerra civil, deveis tornar-vos imperialistas”.
(Cecil Rhodes)
Charge de Cecil Rhodes representando seu
ambicioso plano de construir uma linha
férrea do Cairo à Cidade do Cabo
Estes dois textos, na verdade, duas falas de homens do século XIX, expressam bem os pilares básicos da mentalidade imperialista e suas justificativas. Podemos ver a necessidade de matéria prima e de mercado consumir, o excedente populacional europeu e argumento racista segundo o qual os africanos e asiáticos não poderiam ser "donos" de tantas riquezas naturais.
Quanto a este pensamento racista, há outra citação de Cecil Rhodes que é imensamente esclarecedora:
"Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa chance de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês."


Por fim, recomendo que vocês leiam também os posts antigos sobre Imperialismo AQUI.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Gosta de arte?

A maior dificuldade para quem gosta de arte, principalmente a produção mais "recente" (da década de 1950 para cá), é que moramos no Brasil e os maiores nomes e suas obras circulam no eixo EUA-Europa. A alternativa seria a internet, mas nem tudo (ou bem pouco, proporcionalmente) está na net.


Portanto, é uma ótima notícia saber que a Fundação Guggenheim, cujo principal (mas não único) museu fica em Nova York, disponibilizou 65 catálogos desde 1937 em formato digital para consulta on-line. Um prato cheio para quem gosta de pintura abstrata, concreta, expressionista, e outras vanguardas, ou ainda Kandinsky, Bacon, e companhia.

Veja AQUI