segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Vozes do Imperialismo

O ano começou devagar para o blog, mas em sala de aula a velocidade está a contento. E talvez por isso não tem sido tão fácil postar novidades por aqui.
Sei que todos os alunos da 3a. série já possuem os textos em mãos, pois estamos discutindo em aula. Mas para os demais interessados e caso alguém queira discuti-los por aqui, replico.

Em sala vimos dois textos, o primeiro de um político francês da virada do século XIX para o XX chamado Albert Sarrout. Suas palavras são interessantíssimas já que escancaram a mentalidade do europeu da Belle Époque. Notem sua visão de humanidade e de riqueza, assim como a noção de progresso.
“(...) A Natureza distribuiu desigualmente no planeta os depósitos e a abundância de suas matérias primas; enquanto localizou o gênero inventivo das raças brancas e a ciência da utilização das riquezas naturais nesta extremidade continental que é a Europa, concentrou os mais vastos depósitos de matérias primas na África e Ásia tropicais e Oceania equatorial, para onde as necessidades de viver e de criar lançariam o elã dos países civilizados. Estas imensas extensões incultas, de onde poderiam ser retiradas tantas riquezas, deveriam ser deixadas virgens, abandonadas à ignorância ou à incapacidade? A humanidade total deve poder usufruir da riqueza total espalhada pelo planeta. Esta riqueza é o tesouro comum da humanidade.” 
(Albert Sarrout)
O segundo testemunho é de Cecil Rhodes, homem de negócios, político, colonizador e ideólogo do imperialismo inglês na África.
“Ontem estive no East-End [bairro operário de Londres] e assisti a uma assembleia de desempregados. Ao ouvir ali discursos exaltados, cuja nota dominante era ‘pão! pão!’, e ao refletir, de regresso a casa, sobre o que tinha ouvido, convenci-me, mais do que nunca, da importância do imperialismo... A ideia que acalento representa a solução do problema social: para salvar os 40 milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil, nós, os políticos coloniais, devemos apoderar-nos de novos territórios; para eles enviaremos o excedente de população e neles encontraremos novos mercados para os produtos das nossas fábricas e das nossas minas. O império, sempre o tenho dito, é uma questão de estômago. Se quereis evitar a guerra civil, deveis tornar-vos imperialistas”.
(Cecil Rhodes)
Charge de Cecil Rhodes representando seu
ambicioso plano de construir uma linha
férrea do Cairo à Cidade do Cabo
Estes dois textos, na verdade, duas falas de homens do século XIX, expressam bem os pilares básicos da mentalidade imperialista e suas justificativas. Podemos ver a necessidade de matéria prima e de mercado consumir, o excedente populacional europeu e argumento racista segundo o qual os africanos e asiáticos não poderiam ser "donos" de tantas riquezas naturais.
Quanto a este pensamento racista, há outra citação de Cecil Rhodes que é imensamente esclarecedora:
"Considerei a existência de Deus e decidi que há uma boa chance de que ele exista. Se ele realmente existir, deve estar trabalhando em um plano. Portanto, se devo servir a Deus, preciso descobrir o plano e fazer o melhor possível para ajudá-lo em sua execução. Como descobrir o plano? Primeiramente, procurar a raça que Deus escolheu para ser o instrumento divino da futura evolução. Inquestionavelmente, é a raça branca… Devotarei o restante de minha vida ao propósito de Deus e a ajudá-lo a tornar o mundo inglês."


Por fim, recomendo que vocês leiam também os posts antigos sobre Imperialismo AQUI.

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