Quando falamos em período entre-guerras, ou melhor, a década de 1920 na Europa, é obrigatório lembrar da precária situação econômica: desemprego, baixa produtividade do campo e da indústria e hiperinflação. Quando a conjuntura parecia um pouco melhor, veio a catastrófica crise de 1929 para fechar a década. Um cenário que, não por acaso, colaborou decisivamente para ascensão dos regimes autoritários nazi-fascistas.
Mas o que quer dizer hiperinflação exatamente? Não é difícil de imaginar uma inflação altíssima e descontrolada, com diários aumentos de preço. Um dos casos mais famosos é a hiperinflação da Alemanha (República de Weimar) em 1923. Para se ter uma ideia, entre janeiro de 1922 e dezembro de 1923 a inflação chegou a um patamar de 1 bilhão por cento. Difícil de visualizar? Então leia o texto abaixo retirado do livro Os Três Camaradas, do alemão Erich Maria Remarque:
1921...Fico pensando. Já não me lembro de nada. Aquele ano falhara, simplesmente. No ano de 1922, trabalhei como ferroviário na Turíngia e, em 1923, como chefe do departamento de propaganda de uma indústria de borracha. Isto aconteceu no período de inflação. Meu salário mensal ascendera às vertiginosas alturas dos duzentos bilhões de marcos. Havia pagamento duas vezes por dia, e logo após o recebimento, uma licença de uma hora para que se pudesse sair correndo pelas lojas, a fim de comprar ainda alguma coisa útil, antes de ser anunciado o novo câmbio do dólar; pois então o dólar só valeria a metade.
(Erich Maria Remarque. Os Três Camaradas. Rio de Janeiro: Record, [s.d.]. P. 8)
Para enfatizar: as crianças estão brincando com maços de dinheiro desvalorizado durante a crise de 1923 na Alemanha. |
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