quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um pouco da história do samba

Eu queria postar por aqui um pouco sobre o samba e sua história, afinal tratamos de modo um pouco pontual em sala. O samba acabou entrando nos conteúdos de aula não só por seu caráter identitário, ligado a um "espírito nacional", mas porque foi adotado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. No entanto este ritmo musical não surge nem acaba com Vargas, portanto é fundamental contemplar um horizonte mais amplo.
Como sabia que o aluno Matheus Mans Dametto (3a. série) é um apreciador do samba, pedi que ele redigisse um texto para o blog. Segue, então, a segunda contribuição de um aluno.


Uma reunião de músicos e compositores, em 1917, na casa da Tia Ciata, levou à composição do primeiro samba a ser registrado e gravado. O sambista Donga em parceria com Mauro de Almeida foram os sambistas responsáveis pela composição da memorável “Pelo Telefone” e que desencadeou uma série de outras composições deste novo ritmo, resultado de uma mistura de culturas africanas.
O sucesso que tal música causou na população pobre e suburbana da ‘cidade maravilhosa’ foi tamanho que novos sambistas e compositores deste novo estilo foram surgindo. Porém, este estilo musical não era bem visto pelas autoridades, sendo que quem fosse pego batucando nas ruas, era levado direto à delegacia da cidade. Foi só na década de 1940 que o samba foi aceito, promovendo um povo mais fiel ao Estado devido ao patriotismo embutido no novo ritmo nacional, sendo que a partir daí novos sambistas surgiram e os pioneiros se consagraram, a exemplo de Sinhô e Heitor dos Prazeres.
Esses sambistas começaram a se encontrar nas ‘noites’ cariocas e criar grandes grupos de apoiadores do novo estilo musical. Estavam criadas as escolas de samba. Caracterizadas pelo ambiente simples e pobre das recém formadas favelas do Rio de Janeiro, elas foram o ponto de partida para a disseminação do ritmo pelo resto do território nacional. Porém, os morros cariocas continuavam carregando o estandarte de grandes sambistas do país.
As músicas, não mais apenas sambas-enredos ou apenas canções para se tocar nas rodas de samba, foram aprovadas pelo governo de Getúlio Vargas e retratadas como identidade nacional. Aspirantes à músicos começaram a aparecer de outros estados e se apresentarem em rádios. Jovens cantores como Ataulfo Alves, Ary Barroso e Lamartine Babo se consagravam como sambistas e músicos, e não apenas como os malandros do Rio.
Na década de 1960, Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini em São Paulo mostravam que o samba poderia nascer em outros estados e que São Paulo não era “o túmulo do samba”, como dito por Vinicius de Moraes. Cartola e Paulinho da Viola, no Rio de Janeiro, voltavam a reaproximar o samba carioca dos morros nos quais teve origem.
Nos “anos de chumbo”, o samba foi um dos responsáveis pela expressão de opinião da população brasileira. Jovens compositores, como Chico Buarque e Caetano Veloso, compunham obras que atentavam contra a repressão dos militares brasileiros. Sambas como “Vai Passar” e “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” são exemplos claros da insatisfação dos músicos.
Os bambas de antigamente ainda faziam relativo sucesso, apesar de a maioria ter sido esmagada pelos novos ritmos brasileiros e internacionais que chegavam ao país. Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Cartola, Jamelão, entre outros, mostravam que ainda tinham “lenha para queimar” e o samba era revitalizado com a ajuda dos novos expoentes do samba e da Bossa Nova, como Caetano, Gil e Chico. Sendo que, apesar de modificado, está vivo até hoje como ritmo musical genuinamente brasileiro.


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