quinta-feira, 10 de março de 2011

Racismo se discute na escola

Campanha AQUI
Aproveitando a temática do trabalho escravo no Brasil e suas decorrências chegamos à discussão das relações raciais com as turmas da 2a. série do Ensino Médio. Tema difícil, mas inevitável e importantíssimo. Após atividade de leitura e reflexão sobre um texto de Lilia Moritz Schwarcz  a respeito do "racismo à la brasileira" (realizado como tarefa de casa) retomamos o tema em sala. Para tanto trouxe alguns trechos de notícias recentes abordando manifestações de racismo.
O critério para escolher os trechos foi dos mais simplórios. Entrei no site da Folha de S. Paulo, procurei o mecanismo de busca e digitei "racismo". O resultado veio em ordem cronológica, então escolhi os casos mais recentes, de dezembro para cá. O resultado está aí para quem quiser ler e pensar mais um pouco a respeito. Em especial quando perguntarem se existe racismo no Brasil.

ATENÇÃO: Selecionei apenas trechos das notícias e os organizei, também, em ordem cronológica (da mais antiga para a mais recente)


RACISMO MACHISTAA cervejaria Schincariol já se encrencou com o Conselho de Autorregulamentação Publicitária, o Conar, por conta de um filme de propaganda de sua marca Devassa estrelado pela modelo Paris Hilton. Tratava-se de uma peça com apelo sensual. Foi considerado inapropriado, mas deve-se reconhecer que tinha qualidade.
Um novo anúncio da Schincariol, desta vez para sua cerveja preta, atravessou simultaneamente as linhas da vulgaridade e do racismo. Diz assim: "É pelo corpo que se conhece a Negra. Devassa Negra encorpada, estilo dark ale, de alta fermentação, cremosa e com aroma de malte torrado".
Para evitar dúvidas, o anúncio é ilustrado com o corpo de uma mulher negra.
(Elio Gaspari. A história do andar de baixo sobreviveu. 19.12.2010)


ANDERSON SILVA, LUTADOR
Em Curitiba, aprendeu artes marciais. Conheceu o racismo no primeiro emprego, como balconista de uma rede de lanchonetes. "Eu estava no balcão num domingo, a maior correria, e chegou um senhor: "Tem alguém para me atender?". Eu disse que eu poderia, e ele disse que não queria ser atendido por um negro." Anderson chamou o gerente e explicou a situação. O chefe disse ao cliente que, se não fosse atendido pelo garoto, não seria por mais ninguém."Confesso que fui para casa meio mal. Conversei com a minha tia e chorei. Mas foi bom, eu cresci como pessoa."
(Coluna de Mônica Bergamo, Folha de S. Paulo, 27.02.2011)


SUPERMERCADO É ACUSADO DE CONSTRANGER CRIANÇA POR RACISMO
A família de uma criança de dez anos acusa o supermercado Extra de constranger o menino por racismo no último dia 13. Ele foi obrigado a tirar a roupa para provar que não tinha roubado produtos do mercado, na zona leste de São Paulo.
Segundo reportagem veiculada no "Jornal Hoje", da rede Globo, o menino tinha comprado salgadinhos, biscoito e refrigerante --compra registrada em nota fiscal. Quando saía do mercado, foi abordado por um segurança e levado para um sala com outros três vigilantes, que suspeitaram que ele tivesse furtado produtos da loja.
Na sala também estariam outros dois adolescentes, segundo relato do menino à polícia.
Ele disse que foi obrigado a abaixar a bermuda e tirar a camiseta várias vezes. Afirmou ainda que tentou mostrar a nota fiscal aos seguranças, mas não adiantou. O pai do menino diz que os seguranças chamaram o filho de "negrinho sujo, negrinho fedido".
A criança conta ainda que um dos seguranças tinha um papelão enrolado, usado como bastão, e que o segurança dizia que "é bom para bater". Também diz que o ameaçaram com um canivete.
O pai do garoto procurou a polícia depois que ele chegou em casa chorando e contou o que tinha acontecido. Ele afirma que foi ao mercado, e que os seguranças confirmaram que abordaram o garoto porque acreditaram que ele estava com os outros dois adolescentes suspeitos de furto.
(Folha de S. Paulo, 28.01.2011)


SUSPEITOS DE TORTURAR VIGILANTE NEGRO EM SP SÃO INDICIADOS
Cinco seguranças do supermercado Carrefour de Osasco (Grande São Paulo) foram indiciados sob suspeita de torturarem o vigilante Januário Alves de Santana em agosto de 2009.
Na época, o vigilante, que é negro, foi espancado após ter sido confundido com um assaltante quando tentava entrar em seu carro --um Ford EcoSport--, que estava parado no estacionamento. Ele diz ter sido vítima de racismo.
O carro estava registrado no nome da mulher de Santana, que fazia compras na loja com os dois filhos do casal.
(Folha de S. Paulo, 04.02.2011)


JORNALISTA ACUSA DE RACISMO QUIOSQUE NA ORLA DO RIO
O jornalista Felipe Barcellos, 42, acusa de racismo a gerente de um quiosque que funciona no calçadão da praia do Leme, no Rio.
Segundo ele, Maria Lúcia Loy, que trabalha no Espaço OX, impediu que suas duas filhas entrassem no local por tê-las confundido com crianças de rua, pelo fato de serem negras.
O episódio ocorreu na noite de quarta-feira (16). Barcellos estava no quiosque em uma mesa com 20 pessoas, comemorando o aniversário de sua filha mais nova, Dora, de 5 anos.
No final da festa, por volta das 22h30, Dora e a irmã mais velha, Lia, de 9 anos, foram ao banheiro. Na volta, a gerente impediu que se aproximassem da mesa, embora o local seja aberto ao público.
Quando Barcellos percebeu a situação, e disse que eram suas filhas, a gerente se desculpou, justificando que havia confundido com crianças de rua. "Por causa do cabelo eu pensei que fossem", teria dito, segundo Barcellos.
(Folha de S. Paulo, 17.02.2011)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Segundo o dicionário, liberdade de pensamento é o "direito que cada um tem de expor suas opiniões, crenças e doutrinas", e este direito é garantido aqui. No entanto, qualquer comentário sexista, racista ou de algum modo ofensivo será apagado.