A Grande Onda de Kangawa |
Recentemente uma charge do cartunista João Montanaro provocou uma polêmica inesperada. Em meio à comoção geral causada pela catástrofe no Japão, Montanaro fez uma releitura de uma tradicional xilogravura japonesa de 1830-33 do artista Hokusai.
A onda de Montanaro |
Muitos leitores da Folha, jornal que publicou o cartum, se manifestaram acusando mal gosto ou insensibilidade por parte do artista. O jornal se manifestou em defesa de Montanaro buscando, inclusive, a opinião de outros cartunistas. Por fim, ficou patente dois tipos de desconhecimentos:
- Nem toda charge precisa ser cômica. Críticas sociais, culturais, religiosaas ou outra qualquer podem ocorrer por meio do drama sem qualquer inconveniente.
- As charges, como todo tipo de arte, trabalha a partir de referenciais. Se o leitor não domina os "códigos" a mensagem não alcançará o sucesso pretendido.
Observem que o cartunista "exige" o conhecimento de ao menos duas referências. É fundamental que o eleitor localize no espaço e no tempo o estilo do desenho. Sem entender que se trata de reproduzir (de modo estilizado) uma inscrição egípcia do tempo dos faraós o leitor não saberá dizer qual o tema específico da charge e terá dificuldade em identificar o personagem que corre: Hosni Mubarak, o ditador recém deposto pela vontade popular.
Ironia, humor ou simplesmente sentido conotativo, sem o domínio da linguagem e das referências a interpretação e, logo, a comunicação serão apenas parciais.
Posto desse modo, faz mais sentido a insistência dos professores para que vocês ampliem seus horizontes culturais com leituras, cinema, música, etc?
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