quarta-feira, 14 de abril de 2010

Deixa que eu respondo

A Camila, da 2ª C, deixou a seguinte dúvida nos comentários do post anterior:
Tiradentes era um árcade?

Calma, Camila, sem confusões.
No momento em que (não) ocorre a Inconfidência Mineira "vive-se", literariamente falando, o Arcadismo.
Segundo Alfredo Bosi, grande especialista em literatura, a literatura do século XVIII no Brasil tem dois momentos: o poético (a Arcádia, ou Arcadismo), e o ideológico (resultado das ideias iluministas)
Mineiro por excelência, o Arcadismo reuniu a nata da sociedade letrada da época: homens de grandes posses e recursos financeiros, com condições de estudar em Coimbra. Entre estes homens estão dois dos maiores poetas luso-brasileiros e diretamente envolvidos no movimento: Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga.
Mas Tiradentes não era um homem propriamente letrado e nem escrevia poesia ou qualquer outra forma de literatura, portanto, não podemos considerá-lo um árcade apesar de ter respirado o mesmo ar puro e doce das montanhas das Minas Gerais.

Sugestão:
Confira as boas e confiáveis biografias, bibliografias e textos escolhidos dos dois poetas citados acima disponíveis no site da Academia Brasileira de Letras na seção "Acadêmicos", busca por membros.

4 comentários:

  1. Desculpa a demora. Bom a Inconfidência foi que nem a Revolução? Uma revolta do povo e da burguesia? Ou teria sido só do povo? Na época a burguesia já escrevia, mas Tiradentes não. Por isso posso considerá-lo como povo? Desculpe, mas quando eu gosto da matéria eu "briso" muito.

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  2. Camila,
    Calma! A Inconfidência foi inspirada pelas mesmas ideias iluministas que estiveram presentes na Revolução Francesa, mas as demandas, as reivindicações francesas era outras.
    A Inconfidência teve uma participação popular muito pequena, sendo Tiradentes um dos mais pobres. Ao mesmo tempo temos que tomar cuidado em falar de burguesia no Brasil daquela época. É melhor considerarmos que os envolvidos era, na maioria, proprietários de terras e lavras de ouro, magistrados e oficiais militares. Eles tanto não tinham apoio popular que não consideravam, em geral, a ideia de libertar escravos, por exemplo.
    Fique à vontade para perguntar.

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  3. Não tenho culpa por não conseguir acompanhar meu próprio raciocínio, suspeito de uma certa lerdeza da minha parte.

    Agora, revisando Literatura, acho que entendi. Então só para confirmar. Inconfidência objetivava ter a liberdade e se tornar "independente" da metrópole, ou seja, Portugal. Mas sofreu um insucesso e por isso condenaram os participantes, inclusive os famosos literários como Tomás Antônio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, que foram exilados. E Tirandentes, não possuía essa cultura de escrever, porém, assumiu a responsabilidade pela revolta.

    Não existia burguesia dita no Brasil na época, mas a revolta foi causada pelos brasileiros em si, os nascidos no país que queriam se libertar? Acho que estou pegando o jeito.

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  4. Camila,
    Nem todos era nascidos aqui. Ou seja, nem todos era brasileiros natos, mas era brasileiros adotivos: haviam consituído família e patrimônio na América Portuguesa. O importante é lembrar que antes de serem brasileiros esses homens da Inconfidência se viam como Mineiros. Esse detalhe chamará sua atenção para o espírito local do movimento: a "independência" seria de Minas Gerais, e não do Brasil.

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