terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Imperialismo no século XIX

As 3ª séries do Ensino Médio tiveram como atividade avaliativa o texto abaixo e um verbete de dicionário.

“Explorar significava não apenas conhecer mas desenvolver, trazer o desconhecido e, por definição, os bárbaros e atrasados para a luz da civilização e do progresso; vestir a imoralidade da nudez selvagem com camisas e calças, com uma providencial e beneficente manufatura de Bolton e Roubaix, levar as mercadorias de Birmingham que inevitavelmente arrastavam a civilização para onde quer que fossem.”
(Eric Hobsbawm, A Era do Capital, 1848-1875. P. 83.)

“explorar. V. t. d. 1. Procurar, descobrir. 2. Percorrer estudando, procurando. 4. Tirar partido ou proveito de; fazer produzir; desenvolver (um negócio ou indústria); empreender, cultivar. 7. Abusar da boa-fé, da ingenuidade ou da ignorância de; enganar, ludibriar.”
(Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa)
As duas questões propostas foram bem amplas para que pudessem escrever à vontade.
Na primeira pedia-se as justificativas européias para o imperialismo. Eram esperadas tanto as justificativas ideológicas quanto as econômicas, ambas bem visíveis no texto de Hobsbawm.
Já a segunda questão pedia para explicar a ironia contida na palavra explorar. Apesar de a grande maioria entender a existência dos múltiplos significados na hora de explicar a ironia houve certa confusão.
Vamos tentar entender melhor o sentido de IRONIA, pois este tipo de questão tem sido comum em questões tanto de Língua Portuguesa e Literatura quanto de História nos Vestibulares.

Segundo o dicionário Houaiss, a ironia é para a retórica a "figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender". Seria o "uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria ser empregado", para definir ou denominar algo. Para a literatura é a figura de linguagem que "se caracteriza pelo emprego inteligente de contrastes", usada "literariamente para criar ou ressaltar certos efeitos humorísticos".
Bom, fica claro que para a piada ter efeito é preciso entendermos o contexto. Senão não terá graça!
Então, se não compreendemos que "vestir a imoralidade da nudez selvagem com camisas e calças" é uma gracinha do autor, pensaremos que ele de fato acha que os habitantes da África e da Ásia eram selvagens imorais que andavam nus, ou ainda, que era dever dos europeus acabar com esta pouca vergonha. Explicando a piada temos: ao mesmo tempo que os europeus não estavam interessados em compreender as diferenças culturais entre os povos beneficiavam-se da possibilidade de vender seus produtos têxteis para as populações africanas e asiáticas.

Sim, explicar a piada acaba com graça. Mas não entendê-la é pior!

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