Os Três Estados
É fundamental termos em mente os conflitos existentes na sociedade francesa às vésperas da Revolução Francesa. Herança dos tempos feudais a política (e também parte das possibilidades sociais) estava dividida em três Ordens ou Estados. Este arranjo sócio-político tinha implicações também econômicas já que dizia respeito à distribuição de privilégios e concentração de poder. O clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado) eram isentos do pagamento de impostos e detinham o acesso privilegiado a cargos e à influência política. O povo - burguesia, trabalhadores urbanos e rurais - concentravam-se no Terceiro Estado. Talvez uma das melhores descrições do Terceiro Estado seja deste panfleto abaixo:
O plano deste escrito é muito simples. Temos três questões a tratar:
1. O que é o Terceiro Estado? Tudo.
2. Que foi ele até o presente na ordem pública? Nada.
3. Que solicita? Tornar-se alguma coisa.
Que é necessário para que uma nação subsista e prospere? Trabalhos
particulares e funções públicas. Todos os trabalhos particulares podem se resumir a quatro classes: os agricultores, os trabalhadores da indústria, os negociantes, as profissões científicas, liberais ou de recreio. Tais são os trabalhos que mantêm a sociedade. Quem os sustenta? O Terceiro Estado.
As funções públicas do Estado atual classificam-se sob quatro denominações: a Espada, a Toga, a Igreja, a Administração. Será supérfluo percorrê-las em minúcia, para ver que o Terceiro Estado forma em toda a parte dezenove vigésimos nessas funções com a diferença de que é encarregado de tudo o que é verdadeiramente penoso, de todas as tarefas que a ordem privilegiada recusa preencher. (...)
Panfleto do Abade de Sieyès distribuído em Paris, 1789.
O peso, real e simbólico, é retratado também nestas gravuras:
Em ambas o Terceiro Estado carrega ou é soterrado pelo peso dos impostos e dos grupos privilegiados.
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