quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma opinião interessante

Na Idade Média, a primeira parte do ensino universitário era composta pelo trivium, conjunto de três disciplinas básicas: gramática latina, lógica e oratória. Lembrando que a lingua culta durante a medievalida e até próximo da Idade Contemporânea era o latim, de modo que aprender gramática latina era fundamentalmente aprender a escrever corretamente. A lógica pode ser entendida como princípio básico da filosofia, o próprio exercício do raciocíonio coerente. Por fim, a oratória ou retórica é a arte de bem dizer, da eloquência. Em outras palvras, para bem argumentar, discutir e, na verdade, se comunicar, são necessárias essas três "qualidades": linguagem correta, pensamento lógico e capacidade de se expressar com clareza. Não aprendemos mais segundo o trivium, porém as necessidades continuam as mesmas, seja na escola (muitos alunos dominam o assunto, mas não conseguem se expressar numa prova), seja no trabalho (reuniões, exames, apresentações, entrevistas, etc).
Eu me lembrei de disto ao ler a coluna do articulista da Folha de S. Paulo, Hélio Schwartsman. Nem sempre concordo com as opiniões dele, mas é inegável o domínio que ele tem da linguagem, da lógica e da oratória. Para que vocês possam ter uma ideia mais precisa do que estou falando, leiam o texto abaixo. Além de exemplo ainda serve como informação, pois discute um dos assuntos mais quentes (e chatos!) do momento: o ENEM e seu funcionamento.

Justiça ainda não entendeu o que é o Enem

Os chamados operadores do direito (advogados, juízes, promotores, procuradores etc.) ainda não entenderam bem o que é o Enem. Se tivessem compreendido, não teriam pedido --e nem concedido-- a suspensão do exame, por desnecessária.
É fato que, pelo segundo ano consecutivo, os organizadores da prova cometeram erros. Isso depõe contra a capacidade gerencial do Ministério da Educação (MEC) e dos consórcios que confeccionam os testes, mas não afeta os modelos matemáticos que sustentam a Teoria de Resposta ao Item (TRI), na qual o Enem se baseia.
Desenvolvida nos anos 50 e 60, a TRI torna possíveis testes mais refinados, que permitem comparar alunos submetidos a provas diferentes e a performance de uma mesma instituição ao longo dos anos. Assim, em vez de anular os exames de mais de 3 milhões de estudantes, basta que o MEC ofereça gratuitamente aos cerca de 20 mil alunos que podem ter sido prejudicados a oportunidade de fazer uma nova prova nas próximas semanas.
Embora seja "apenas uma teoria" a TRI é usada há décadas com bastante sucesso em provas já consagradas como o SAT (o Enem dos EUA) e o Pisa (usado para comparar sistemas de ensino de diferentes países). A ideia central da TRI em sua versão mais simplificada é que cada questão ou item possui duas características especialmente relevantes: o grau de dificuldade e o de discriminação.
(CONTINUA, e fica ainda mais interessante.)

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