(...) a Revolução de 1789 não fez nada pelo operário: o camponês ganhou a terra, o operário está mais infeliz que outrora e os monarquistas têm razão quando afirmam que as antigas Corporações [de Ofício] protegiam melhor o trabalhador do que o regime atual.(Jornal Le Matin, 7 de março de 1885.)Com tal declaração, o escritor francês Émile Zola fazia um balanço dos efeitos sociais da Revolução de 1789, referindo-se A. aos confiscos dos bens dos nobres franceses emigrados e à política liberal implementada pelo Estado.
B. à baixa participação dos trabalhadores urbanos nas lutas sociais na França do final do século XIX.
C. ao apoio dos operários ao projeto de Restauração do absolutismo francês, como garantia de melhoria social.
D. à liderança política dos camponeses franceses nas revoluções socialistas e comunistas do século XIX.
E. à política de bem-estar social instituída pelo Partido Social Democrata francês ao longo do século XIX.
Como diria o esquartejador, vamos por partes.
Primeiramente, ao ler a citação oferecida no enunciado precisamos responder algumas questões. De cara é necessário notar que há uma diferença entre o momento da "fala" e a época referida. Zola escreve no jornal em 1885 comparando aquela época à Revolução de 1879. Ou seja, trata-se de um balanço entre as conquistas da Revolução Francesa e as dos movimentos populares e operários do século XIX, especialmente os de 1848 e a Comuna de Paris de 1871. Portanto, temos também neste cenário a questão do trabalho fruto da industrialização.
O escritor Émile Zola (lê-se ZolÁ) foi o grande expoente do naturalismo francês e especialmente envolvido com a causa dos trabalhadores, tendo escrito em 1885 sua maior obra, Germinal, sobre os trabalhadores das minas de carvão e fortemente influenciado pelas ideias marxistas. Aliás, são as ideias comunistas, especialmente as de Karl Marx que fariam a diferença no século XIX ao oferecer ao proletariado urbano a perspectiva de interferir na sociedade, primeiramente pela via eleitoral e depois revolucionariamente.
A história francesa foi marcada por um movimento pendular, ora com grande participação popular, ora com grande controle autoritário por parte dos segmentos mais conservadores. Temos, então, a participação dos sans-cullotes na Revolução Francesa, seguida de uma maior presença da burguesia até a restauração da monarquia coma derrota de Napoleão. Depois da onda de fome ocorrida na década de 1840, levantes populares em 1848 levaram ao retorno da República, superada pelo golpe do sobrinho de Napoleão eleito presidente ao se declarar Imperador, com o nome de Napoleão III. Seu governo só se encerrou com a derrota da França para os alemães na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871). Então novo levante popular deu origem à Comuna de Paris, movimento restrito à capital francesa onde todos os cargos públicos foram ocupados por representantes eleitos, desde vereadores até professores públicos. Mas a Comuna não sobreviveu à violenta repressão.
O pensador alemão K. Marx |
Mas por que Zola compara os camponeses de 1789 aos operários de 1885? Com o fim dos privilégios feudais e da Igreja com a Revolução Francesa, houve uma relativa reforma agrária ao mesmo tempo que o trabalho no campo não chegou a sofrer mudanças tão drásticas como na cidade. O desenvolvimento industrial, por sua vez, acabou com o trabalho artesanal e as Corporações de Ofícios, reunião de artesão que controlavam regiões e garantiam ganhos mínimos. O trabalho nas fábricas e a massa de desempregados gerou grandes mudanças urbanas, causando a piora das condições de vida. Foi justamente por isso que as ideias revolucionárias de Marx ganharam tanta força ao longo do século XIX culminando na Comuna de Paris. A Revolução Francesa, enquanto Revolução Burguesa e, logo, Liberal, estimulou o capitalismo e, como efeito colateral, a desigualdade social.
A resposta da questão é, portanto, a letra A.
Dúvidas?
Hino da Internacional Comunista entoado pelos participantes da Comuna e imagens referentes ao movimento parisiense.
Que venha domingo ! hahahahaha mais uma que eu acertei, viva a hist. =D
ResponderExcluirabração
Flávio,
ResponderExcluirCaso não nos falemos até lá: boa sorte, cadete!
E depois que você passar teremos uma conversa séria.
Professor,
ResponderExcluirObrigado, pois precisarei dela.
Aprontei algo? rs
Que medo dessa conversa.