Golpe da venda do diploma faz vítimas na internet
A reportagem (muito bem feita, aliás) comenta, entre outras coisas, o caso da jovem Ludmila que decidiu comprar um diploma de pedagogia. Ela tinha saído de uma pequena cidade para estudar em São Paulo. Como o pai é dono de uma escola ele esperava que ela seguisse com o negócio da família, mas ela queria ser atriz. Em resumo, ela não fez a faculdade que o pai queria e sem coragem de enfrentá-lo pensou em comprar pela internet um diploma.
A primeira pergunta que eu me fiz foi: mas porque raios alguém imagina que isso vai dar certo? Já a segunda pergunta foi um pouco mais séria: será que essas pessoas que tentam (ou conseguem) comprar diploma acham que estão agindo corretamente?
A situação é tão curiosa que a moça entregou dinheiro e documentos para o golpista, não recebeu o diploma, e também não pode ir à polícia, pois ela mesma infringiu a lei. Seria um caso clássico de ladrão que rouba ladrão?
Segundo Ludmila, a esperta,Eu achei que seria só uma mentirinha boba, porque eu não ia usar o diploma, só mostrar. Nunca imaginei que eu ia me envolver com uma pessoa perigosa. Agora eu tô morrendo de medo do meu pai. Morrendo de medo do que esse cara possa fazer com meus documentos.O peso na consciência seria o menor de todos os males, porém o que me intriga é chegar a cogitar a possibilidade de "arrumar" a situação por meio de uma atitude sabidamente errada. Aí está, no meio do desespero, a filosofia do malandro, do esperto. Claro que se ela tivesse conseguido ela se veria como a esperta, mas passada para trás ela só consegue se ver como o avesso do malandro: o otário.
Veja, são duas faces da mesma moeda. Esperto é aquele que, a princípio, é sagaz, inteligente, perspicaz. Mas que ao agir à margem da lei, ao se aproveitar das brechas para resolver seus problemas se torna um trapaceiro, um bandido mais ou menos perigoso. O contrário de malandro não é o mané. Malandro e mané estão contidos na mesma pessoa!
Esta figura do malandro surgiu no Brasil e foi imortalizada nos sambas cariocas do início do século XX por ser uma forma de sobrevivência diante de uma sociedade autoritária, com um alto grau de corrupção e de pequena chance de mudança. Uma forma amoral de "dar os seus pulos". Depois de um tempo não se sabe mais se a esperteza é reação ou ação. A única certeza é que um dia o esperto vira otário e que colabora decididamente para a perpetuação da corrupção. Não a "grande corrupção", mas esta modalidade diária que segue o princípio da "vantagem": furar fila, não devolver troco a mais, falsificar o documento para entrar na balada, copiar trabalho da internet, etc.
Este é o mundo dos espertos. Mas o mundo não é dos espertos!
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