A associação que se faz normalmente entre a discussão da divisão dos royalties do Pré-sal e a criação da Petrobrás se deve a uma leitura irônica do lema da Campanha do Petróleo durante o governo (democrático) de Getúlio Vargas. "O petróleo é nosso" guarda sempre a pergunta quanto a verdadeira identidade deste "nós".
Nos anos de 1950 "nós" se opunha ao capital estrangeiro e às empresas petrolíferas multinacionais interessadas em extrair e refinar petróleo no Brasil. Dentro dos embates ideológicos e mesmo de concepções econômicas da época os debates ficaram polarizados entre os "nacionalistas" e os "entreguistas". Em outras palavras, de um lado estavam os que defendiam o uso do capital estatal e, portanto, nacional, e do outro a abertura ao capital privado internacional.
A Capanha do Petróleo acabou levando a discussão para a praça pública e transformou um tema de política econômica em assunto popular. O governo, claro, aproveitou-se da situação e fez valer seu ponto de vista, conseguindo criar a Petrobrás e o monopólio estatal sobre a extração e refino em 1953. Sob esta ótica, estariam protegidos os interesses dos brasileiros. Situação que me parece bem diferente da atual, quando na maioria das vezes vemos governadores discutindo a participação dos ganhos do petróleo quase como hienas famintas.
De qualquer modo, é interessante observar que o tom nacionalista dado à campanha na década de 1950 permanece atrelado à Petrobrás e sobreviveu até mesmo à Ditadura Militar, túmulo do patriotismo.
Veja abaixo alguns vídeos oficiais, dois são Cine-Jornais produzidos pelo governo Vargas e o outro innfelizmente não consegui identificar a origem.
Atenção!! Não deixem de notar o tom ufanista.
Getúlio Vargas: campanha "O petróleo é nosso"
Concluída a instalação da Petrobras - 1954
Nasce a Petrobras - 1953
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