terça-feira, 31 de maio de 2011

Esta vaga não é sua nem por um minuto!

Belíssima campanha educativa. Este blog apoia!


Concebido para circular nas redes sociais, o movimento “Essa vaga não é sua nem por um minuto” foi uma iniciativa de mobilização da TheGetz para chamar a atenção da sociedade para a necessidade de respeito às vagas de estacionamento para pessoas com deficiência depois de um episódio de desrespeito a uma deficiente em um estacionamento de supermercado em Curitiba. Em pouco mais de um mês, o movimento ganhou mais de mil adeptos no Facebook e se propaga por outras mídias online. O selo do movimento também ganhou pontos fixos na capital paranaense.
In: Blog DeficienteCiente

Os vestibulares e as apostas

E está aberta a temporada de apostas!
Como todo ano, os meios de comunicação e os cursinho tentam "adivinhar" o que pode cair nos vestibulares. O método é simples e bem parecido com o usado pela Mãe Dinah: datas comemorativas (tudo aquilo que faz aniversário "redondo" em 2011 tem chance de cair) e as notícias quentes do ano.
A Revista Veja, pelo jeito, inaugurou a temporada pensando nos exames de meio de ano e elencou seis temas. A listagem tem sentido e se você não é muito dado a ler jornal, bom, tente tirar o atraso.

Seis temas que podem cair nos vestibulares do meio do ano

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Época de provas

Pessoal,

Esta semana vai ser bem corrida para vocês, alunos, e para mim. Semana de provas é uma loucura para quem é avaliado e para quem corrige as avaliações, portanto, não sei se darei conta de atualizar o blog como eu gostaria.
Depois voltaremos com nossa programação normal.

Abraços.


P.S.: Boa sorte com as provas!!!

Piratas: sujos, maus e adoráveis

Lembro-me exatamente desta capa
Há uma semana fui ao cinema assistir ao novo filme da franquia "Piratas do Caribe". Não estava muito disposto a pensar, queria uma diversão simples e adoro o Johnny Depp em qualquer filme. Dentro destes quesistos "Piratas do Caribe" é sucesso garantido, uma fórmula que não falha. Mas tem um outro elemento importante, as histórias de piratas sempre dão certo: mocinhos e bandidos, lugares exóticos, espaço para algum romance, aventuras e tesouros. Quando criança me encantei com "A ilha do tesouro", escrito por Robert Louis Stevenson.
Este livro de Stevenson é um clássico e um livro "fundador". Escrito em 1883 coloca no mesmo barco (literal e metaforicamente) um garoto e piratas. Além disso, "inventa" para a literatura o esteriótipo do pirata com tapa-olho, gancho, perna de pau, papagaio, etc, e o mapa do tesouro com um X no local a ser cavado. Porém, já para Stevenson a pirataria era algo distante, pois seu ápice foi na Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVII e, especialmente, na região da América Central.
A pirataria marítima é algo consideravelmente antigo. Se a definirmos como saque ou pilhagem de embarcações e cidades por navios fora do contexto de uma guerra entre países e com o único objetivo de enriquecimento rápido, poderemos ver a pirataria praticada pelos gregos, fenícios e romanos no Mar Mediterrâneo, durante a Antiguidade. Depois, durante a Idade Média, teremos piratas muçulmanos na mesma região, assim como tivemos indianos e chineses no Oceano Índico.
Na verdade, a pirataria não depende muito da época ou do local. Fundamental é a existência de rotas comerciais extremamente lucrativas e uma brecha que permita a existência de um mercado paralelo, clandestino.
Com a descoberta da América e a colonização do continente, especialmente pelos espanhóis, mas depois também por ingleses, franceses e holandeses (região do Caribe e Antilhas), o fluxo comercial para a Europa era enorme. Em plena lógica mercantilista, o esforço da colonização tinha como intuito enriquecer as metrópoles, de modo que os produtos (com destaque para os metais preciosos) e os impostos deveriam ser remetidos para o outro lado do Atlântico. Do mesmo modo, seguindo o entendimento segundo o qual o entesouramento de metais preciosos, conhecido por metalismo, era a melhor forma de enriquecer um país, a ideia de "tesouros" torna-se uma obviedade.
"Piratas do Tietê", do Laerte, meus preferidos.
No contexto da política internacional, no entanto, os piratas acabaram se tornando peças importantes. O pirata, como um fora da lei, existia e povoava os mares. Contudo, havia também os corsários, aqueles piratas que tinham uma "carta de corso", ou seja, uma autorização para atuar como pirata em nome de uma coroa. No recente "Piratas do Caribe" vemos o personagem de Geoffrey Rush contando, não só com a autorização como também com o apoio financeiro e logístico da Coroa Inglesa para interceptar interesses espanhóis. Do mesmo modo, os bucaneiros franceses agiam em prol dos intereses da monarquia da França interessada em prejudicar seus "concorrentes".A pirataria entrou em declínio justamente quando as relações internacionais mudaram de figura. Com o fortalecimento dos Estados na região, promovendo mais segurança nos mares, e uma redistribruição das colônias, a pirataria vai sendo paulatinamente combatida até praticamente despararecer no século XVIII.
O que não se esperava era a volta da pirataria. Em uma entrevista de 2010 na Folha de S. Paulo, o historiador britânico Eric Hobsbawm foi perguntado sobre que eventos do século XIX foram absolutamente imprevisíveis. Entre diversas coisas que não esperava ver no novo milênio Hobsbawm citou a volta da pirataria no Oceano Índico, nas costas da Etiópia e da Somália. Por que a pirataria voltou e por qual motivo justamente ali?
A lógica é quase a mesma. Olhando no mapa veremos que aquela região é a rota que liga a Europa à Ásia pelo Canal de Suez concentrando as mais valiosas transações comerciais. Em terra, governos frágeis e muitas vezes com crises de continuidade (golpes, grupos rebeldes, etc.) e falta de Forças Armadas organizadas tornam os navios cargueiros de diversos países presas fáceis. Mas esqueçam os piratas de Stevenson, no século XXI não veremos mais barcos a vela, espadas ou papagaios. E o glamour... nem pensar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Tempo de recriar

Definir "revolução" não é tarefa fácil e muitas (mas muitas mesmo!) foram as páginas gastas para buscar uma definição deste conceito. O que não levanta dúvida é o reconhecimento da Revolução Francesa como autêntico movimento revolucionário! Não por causa da duração, ou pela violência, ou pela morte de um rei e de tantos outros opositores, mas porque a Revolução Francesa foi responsável por mudanças profundas no corpo político e social, e também porque evidenciou-se ali um desejo de criar algo novo, de recriar a França dos e para os franceses.
É claro que muito desse desejo não frutificou, ou tendo sido implantado foi, depois, descartado. Contudo, os revolucionários, especialmente em sua fase mais radical, carregavam a sensação de estavam colaborando para a construção de um novo tempo, que o longo inverno regido pela opressão e pelo atraso estava acabando. Herdeiros das críticas iluministas, carregavam as bandeiras da felicidade, do sucesso individual e do progresso como metas para todos. E nada mais poderoso, mais simbólico e mais... difícil de fazer que mudar o calendário!
Alegoria do mês Brumário
A lógica parece simples: se o mundo é novo precisa-se de uma nova forma de medir o tempo. O Calendário Revolucionário Francês ou, simplesmente, Calendário Republicano, foi aprovado pelo governo da Convenção em 1792 e pretendia apagar as lembranças do Antigo Regime e a influência do clero. Para isso pretendia acabar com as datas religiosas e com as referências a santos. Além disso cada mês teria outro nome e mesmo outra periodização. O primeiro mês começaria com o outono, ou seja, em 22 de setembro. Cada mês teria 30 dias e os dias que restariam (30 x 12 = 360 dias), seriam feriados nacionais. Para ser mais universal e sem qualquer sinal de religiosidde, optou-se por nomes que fizessem referência às características das épocas do ano. Assim,  o primeiro mês chamava-se vindário ou vindimiário (de vindima = colheita de uvas), seguiam-se o brumário (de bruma ou nevoeiro), o frimário (mês das geadas ou frimas, em francês), o nivoso (tempo de neve), o pluvioso (chuvoso), o ventoso, o germinal (relativo à germinação das sementes), o floreal (ou das flores), o pradial (em referência a prados), o messiador (originário de messis, palavra latina que significa colheita), o termidor (referente ao calor, como em "térmico") e o frutidor (relativo aos frutos e a frutificação).

Outono:
Alegoria do mês Germinal
Vindimiário (vendémiaire): 22 de setembro a 21 de outubro
Brumário (brumaire): 22 de outubro a 20 de novembro
Frimário (frimaire): 21 de novembro a 20 de dezembro

Inverno:
Nivoso (nivôse): 21 de dezembro a 19 de janeiro
Pluvioso (pluviôse): 20 de janeiro a 18 de fevereiro
Ventoso (ventôse): 19 de fevereiro a 20 de março

Primavera:
Germinal: 21 de março a 19 de abril
Florial (floréal): 20 de abril a 19 de maio
Pradial (prairial): 20 de maio a 18 de junho

Verão:
Messidor: 19 de junho a 18 de julho
Termidor (thermidor): 19 de julho a 17 de agosto
Frutidor: 18 de agosto a 20 de setembro.

Como o Calendário Revolucionário era solar, facilitava apenas na hora de conversar sobre signos. O mês praticamente bate com o zodíaco! Em todo caso, este calendário vigourou apenas de 22 de setembro de 1792 a 31 de dezembro de 1805, quando Napoleão Bonaparte ordenou o retorno ao calendário Gregoriano. Talvez se isso não tivesse acontecido (e se Napoleão tivesse vencido) hoje eu diria que meu aniversário é em 14 Pradial!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Disciplina e ambiente de estudo

Quando se fala em disciplina comumente se pensa em algo rígido, o silêncio, todos olhando para a frente da sala de aula. Este era o modelo consensual até pelo menos a década de 1970 e desde então ouvimos os saudosistas lamentando "aquele tempo que bom da disciplina".
Um professor na faculdade preferia encarar a disciplina por outro ângulo. Segundo ele (e vários outros estudiosos do tema), a disciplina deve ser encarada como a ordem necessária para o aprendizado, enquanto que por ordem se entende a disposição mental. Ou seja, seria possível pensarmos em disciplinas diferentes para cada matéria ou mesmo para cada tema tratado em aula.
Porém, de todo modo, bagunça é bagunça e atrapalha muito.
Segundo um estudo estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico,
a bagunça em sala de aula tem efeito direto sobre o rendimento dos estudantes.
"Salas de aula e escolas com mais problemas de disciplina levam a menos aprendizado, já que os professores têm de gastar mais tempo criando um ambiente ordeiro antes que os ensinamentos possam começar", afirma o relatório da OCDE.
Em outras palavras, a bagunça atrapalha mesmo é a própria sala de aula. Meio óbvio, né?
O estudo em questão se propôs também a comparar a percepção dos alunos quanto à indisciplina. Para isso perguntaram aos alunos de 66 países o quanto os professores precisam esperar que a classe se discipline. O famoso: "Classe, por favor, atenção! Pessoal, silêncio!". Na média, 72% dos alunos entrevistados disseram que "nunca ou quase nunca" os professores precisam esperar por atenção.
O positivo é que o resultado é melhor que há 10 anos, já o negativo... bom, no Brasil 67% dos alunos responderam "nunca ou quase nunca". Sim, estamos abaixo da média mundial, mas concorrer com os orientais e seu senso de hierarquia tradicional é um tanto complicado.
De acordo com o estudo, o que há de diferente é o relacionamento entre aluno e professor. Não se trata de amizade e sim do professor levar o aluno a sério.
Palpite meu: essa relação é via de mão dupla. Professores levando seus alunos a sério (eles não são desinteressados por princípio, preguiçosos em potencial ou qualquer outra imagem pejorativa) e alunos levando seus professores também a sério (eles não são torturadores sádicos, frustrados miseráveis ou algo pior) constroem um ambiente mais agradável e realmente propício ao aprendizado.

Fonte: Sala de aula brasileira é mais indisciplinada que a média, diz estudo

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mais uma vez...

Menina desmaia após agressão em escola de Santos (SP)
Uma estudante de 12 anos foi agredida por quatro alunos da escola estadual Barnabé, em Santos (litoral de São Paulo), após recusar-se a emprestar uma caneta para uma colega de classe. (...)
"Não posso definir se o caso foi uma prática clássica de bullying, mas a mãe da garota [vítima] contou que ela já tinha sido agredida outras três vezes no colégio", disse a delegada-assistente da Delegacia de Infância e Juventude Rita de Cássia Mendez. (...)
Bullying ou não bullyng, é realmente esta a questão?
Que tal discutirmos a violência como meio de expressão na sociedade brasileira? Se toda discordância é motivo para agressão a questão não é escolar, mas social. Arrisco dizer que não se trata de discutir quem pode bater, e sim se alguém pode bater!!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Da história para a fofoca...

Alguns dos meus bons amigos de faculdade eram do curso de geografia. Como eles tinham o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) acabei assistindo a muitas apresentações e comentários de professores. Um deles era famoso por ganhar a plateia de geógrafos fazendo piada com historiadores, e disse certa vez:

"História é fofoca com método."
Digamos que ele não está certo, mas também não estava completamente errado. Método, ou seja, o caminho investigativo segundo regras científicas (tese + antítese = síntese / rigor na análise, precisão das fontes, etc.) faz parte do trabalho do historiador como de qualquer outro cientista. E o fato de muitas vezes termos acesso a fontes que não são lidas comumente acaba nos transformando em bisbilhoteiros profissionais.
Imagine o que se pode encontrar lendo a correspondência pessoal de indivíduos que hoje são conhecidos como grandes artistas, políticos ou "herois". Torana-se comum tropeçar em casos de amantes, filhos bastardos, relações suspeitas, escândalos, apelidos, etc. E como as pessoas gostam da vida alheia, não é?
Não vou dizer que sou contra as "curiosidades históricas", mas é bom lembrar que elas, por si só, adiantam pouca coisa. Porém, podem servir de ponto de partida.
Vejamos um post do blog Superlistas, da Superinteressante: 7  reis com apelidos bizarros.
A pergunta por trás deste texto (bem divertido, aliás) poderia ser: qual a função dos nomes (ou sobrenomes) e como eles se estabelecem?
Apesar do uso corrente no Brasil, "nome" na verdade é  o prenome, ou seja, o nome individual, "de batismo". No entanto, em sociedades muito pequenas, rurais ou em cidades pré-industriais, o individual pouco importava. Durante a Idade Média e mesmo a Idade Moderna, era fundamental a sua rede social: qual sua família, clã, cidade ou região de origem, qual era a atividade dos seus. E daí vinha seu "nome", aquilo que designava quem você "realmente" era. Em uma sociedade anterior ao individualismo burguês (algo surgido mais ou menos a partir do século XVIII, mas consolidado como parte de uma mentalidade só no século seguinte) o importante não era saber que eu sou, e sim saber o que dizem as ligações com a comunidade da qual faço parte.
Poderíamos imaginar o seguinte diálogo em algum ponto de Portugal:
- Sabe o Manuel?
- Qual Manuel?
- O filho do Álvaro.
Logo, tratava-se de Manuel Álvares. Assim como em inglês temos o sufixo "-son", em dinamarquês o "-sen", em espanhol "-ez", o filho é designado em português pela terminação "-es": Esteves, Rodrigues, Fernandes, etc.
Ainda podemos pensar diferente:
- Sabe o Manuel?
- Aquele nascido em Braga?
Logo, trata-se de Manuel Braga. O nome da cidade acaba virando um "atestado": Braga, Moreira, Coimbra, Prado, etc.
Em outros idiomas ainda temos a ideia da profissão e é fundamental lembrarmos que os ofícios em época sem a disseminação de escolas era passado de pai para filho ou como parte de uma corporação tradicional. Portanto, John Miller, nada mais era (no passado) que João, o moleiro, aquele que possuía um moinho (mill = moinho). Em alemão, por exemplo, temos como nome de família profissões como açougueiro, alfaiate, ferreiro, carpinteiro, entre tantos outros. 
Com o tempo perdemos um pouco a noção do significado, afinal, os idiomas foram se modificando e o nome se banalizou. Atualmente, não há como encontrar alguém em cidades com milhares de pessoas sem o uso de um nome formal. Apesar que em alguns círculos menores os apelidos e referências familiares ainda são mais usuais. Na escola, por exemplo, alguns alunos se referem a colegas usando apelidos que fazem total sentido para eles, mas para mim pouco dizem...

Recado

Senhoras e senhores das 2as. e 3as. séries,

Já disponibilizei para download no site do Colégio aqueles materiais iconográficos e textuais usados em aula. Como combinamos, transformei todas as imagens e documentos em arquivos .pdf. Os esquemas e resuminhos não estão inclusos, ok?

Abraços

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Enem 2011: informe-se

Pessoal,
Fiquem atentos às datas e informem-se corretamente. O melhor caminho é pelo novo site do ENEM.


Clique AQUI.

Enem 2011

Unicamp decide usar Enem para compor nota final do vestibular

A Unicamp anunciou nesta segunda-feira que vai usar as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para compor a nota final do vestibular 2011, desde que o resultado do exame seja disponibilizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) até o dia 15 de janeiro de 2012. (Continua...)

A minha velha bandeira de sempre

Para pensar...





Este cartum do Laerte saiu na Folha (versão papel) de sábado, dia 21 de maio, no caderno Ilustrada (Laertevisão). Caso alguém se importe estarei à disposição para retirá-lo daqui e pedir desculpas pelo uso indevido.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Viagens ultramarinas

Você gosta de viajar? Então dê uma olhada na dimensão das viagens exploratórias portuguesas entre 1415 e 1543. Em verde estão os domínios portugueses efetivos.
Clique na imagem para ampliar
E aproveitem para ler o bem escrito post do prof. Luciano Pimentel, do blog Ronda Cósmica: AQUI.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A nobreza e a vida aristocrática

Para nós brasileiros é especialmente difícil entender o que significa exatamente ser nobre, ter sangue azul ou viver aristocraticamente. Na verdade, creio que isso seja difícil para qualquer não inglês, pois talvez só eles levem isso realmente a sério.
A revista inglesa Country Life tem como público alvo justamente os aristocratas e logo no título nota-se a primeira característica deste seleto grupo. O habitat de um aristocrata não pode ser a cidade e sim o campo, local onde pode aflorar toda a nobreza de seu caráter elevado. No entanto, não está em jogo apenas onde vive um nobre, mas especialmente o que ele faz e o que ele NÃO faz. Para isso, e preocupada com os futuros aristocratazinhos, a revista lançou uma lista com 39 dicas para um jovem alcançar maior aceitação social (!?). Na prática, um must do da granfinagem.
Eu sugiro a leitura dos itens 4, 6, 8, 9, 14, 16, 33 e 39!
  1. Poder cozinhar um jantar com três itens
  2. Saber dizer ''você pode me ajudar, por favor'' em outros idiomas além do inglês, como árabe, cantonês, urdu, espanhol e russo
  3. Tocar um instrumento musical, mesmo que seja apenas tambor ou gaita
  4. Montar a cavalo de forma adequada
  5. Ser capaz de dominar os mais recentes artefatos tecnológicos
  6. Conversar sobre cinco obras clássicas da literatura inglesa com autoridade e paixão
  7. Realizar ressuscitação de alguém que parou de respirar
  8. Aprender a cultivar cenouras, identificar cinco árvores nativas e 20 flores e saber fazer um buquê
  9. Manejar uma espingarda, tirar a pele de um coelho, limpar um peixe e depenar um pombo
  10. Consertar um pneu furado de bicicleta e a corrente
  11. Poder dançar uma dança folclórica, uma valsa de Strauss e uma música de Lady Gaga
  12. Saber discernir entre um Sauvignon Blanc e um Chardonnay e saber preparar um mojito ou uma margarita
  13. Escrever um carta de agradecimentos memorável
  14. Reconhecer músicas de Mozart, Elgar e Handel
  15. Montar uma estante e consertar uma tomada
  16. Fazer o nó de uma gravata borboleta e dois diferentes laços de gravata
  17. Conduzir um barco através do Solent (o estreito que separa a Inglaterra da Ilha de Wight)
  18. Saber cortar um pedaço de carne
  19. Saber diferenciar as arquiteturas gótica, barroca e paladiana
  20. Fazer um discurso, entreter uma palestra com um piada ou história e saber cantar pelo menos duas canções de memória
  21. Dirigir um trator, dar marcha-ré em um trailer, trocar o óleo e trocar um pneu
  22. Saber se orientar em pelo menos cinco grandes cidades
  23. Ser anfitrião de uma festa e fazer com que todos os convidados se sintam à vontade
  24. Ser capaz de devolver dez bolas seguidas jogando tênis
  25. Saber fazer fogo e montar uma fogueira
  26. Conhecer três bons truques com cartas
  27. Identificar cinco constelações e saber distinguir a Estrela Polar
  28. Manter a pontuação em uma partida de críquete
  29. Falar com conhecimento de cinco marcos da Grã-Bretanha
  30. Saber abrir e servir uma garrafa de champanha
  31. Passar uma camisa, coser um botão e costurar uma bainha
  32. Entreter crianças pequenas por pelo menos uma hora com truques de mágica e histórias
  33. Saber ler um mapa, montar uma barraca e empacotar uma mochila
  34. Demonstrar familiaridade com ao menos uma obra de da Vinci, Constable, Degas, Turner e Canaletto
  35. Controlar uma conta bancária
  36. Escapar de uma briga em um estádio de futebol
  37. Como se dirigir a um membro da família real
  38. Reclamar de forma eficaz, mas educadamente em um restaurante
  39. Realizar o parto de um cordeiro
Bom, com base nessa lista minha aceitação social beira a ZERO!


Fonte: BBC Brasil

quarta-feira, 18 de maio de 2011

ENEM 2011 - Inscrições

Saiu no UOL Educação:
O Inep, autarquia responsável pelo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), acaba de divulgar as datas de inscrição para o exame deste ano: de 23 de maio, a partir de 10h até dia 10 de junho, às 23h59. As inscrições serão feitas exclusivamente pela internet.
As inscrições vão custar R$ 35.


E esse ano eles prometem que não vai dar zica!!

As primaveras II

O mundo pós-napoleônico não constituía uma derrota para os princípios da Revolução Francesa, muito menos para os que mais se beneficiaram dela. Para a alta burguesia, todavia, a situação não foi desfavorável. O desenvolvimento econômico e tecnológico da Revolução Industrial era visível e inegável, o avanço do capitalismo modificava as paisagens rurais e urbanas, especialmente estas. Mas é importante salientarmos que esse desenvolvimento "fomindável" não atingia a todos do mesmo modo. Pelo contrário, a grande massa permanecia longe dos benefícios deste crescimento econômico bem como da participação política.
Era cada vez mais perceptível que o poder, a riqueza e o conforto cabia aos grandes financistas, industriais e proprietários de terras, enquanto o restante da população encontrava-se reunida sob o significativo apelido de "classes perigosas".
Essas "classes perigosas" viviam no campo e na cidade, via de regra em condições precárias, não tinham qualquer direito de participação política e via-se crescer, especialmente nas grandes cidades, as idéias republicanas e as propostas alternativas do que viria a ser o comunismo. Em alguns pontos da Europa ainda havia obrigações servis, de modelo medieval, em plena atividade.
O mapa sinaliza os principais pontos revolucionários de 1848. Observe a fragmentação política nas atuais Itália e Alemanha
Agora, junte este contexto "maravilhoso" com fome no campo (em algumas regiões), organização do proletariado nas regiões mais industriais, e ambições nacionalistas e republicanas especialmente entre pequenos burgueses letrados. Quando no começo de 1848 as manifestações na França tiveram início o restante do continente foi atingido como um rastro de pólvora.
Entretanto, é importante destacar que não havia um comando central, uma articulação entre as diversas manifestações ou lideranças locais. Cada "revolução" ao seu modo buscou derrubar seu governo e instaurar um regime provisório visando mudanças político-sociais. O resultado?
"(...) as revoluções de 1848 surgiram e quebraram-se como uma grande onda, deixando pouco para trás, exceto mito e promessa." (Eric Hobsbawm. A Era do Capital, 1848-1875)
O que era para ter sido uma nova revolução burguesa, republicana e de profunda mudança social acabou por se mostrar, aos olhos da burguesia, como uma ameaça à propriedade privada e aos seus ganhos politicos recentes. Diante do medo da radicalização popular, os moderados se uniram aos conservadores tomando o caminho da "ordem" ao invés do da "mudança".
Quais as semelhanças com mundo árabe contemporâneo? No momento temos a pressão social, o anseio por mudanças, a incrível disparidade entre o que querem os manifestantes e o que os detentores do poder possuem, a desilusão com os atuais governos, e um oceano de possibilidades. Onde isso vai dar é que não temos como saber... ainda.


Não deixe de conferir o belo banco de imagens de André Sena no Flickr. Sobre a "Primavera dos Povos", especificamente, AQUI.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sairam as datas dos próximos ENEM

O Estado de S. Paulo:


As duas próximas edições do Enem serão realizadas nos dias 22 e 23 de outubro e em 28 e 29 de abril. A data da segunda edição do exame em 2012 não foi definida por causa das eleições municipais. Como os locais de prova são os mesmo utilizados para votação e ainda há dúvidas sobre a capacidade de realizar o Enem entre o primeiro e o segundo turnos, o Ministério da Educação resolveu deixar a questão em aberto.

As primaveras

Quando nos deparamos com uma série de agitações políticas, manifestações pacífica ou armadas e derrubada de governos é quase obrigatório dar um nome a isso, algo que defina o que está acontecendo. No entanto, para os historiadores definir o que está acontecendo não é assim tão simples, afinal o normal é definirmos o que aconteceu passado um tempo não só para o ocorrido como também para podermos verificar dados, consultar fontes diversas, confrontar informações.

Praça Tahir, Egito - Foto: Misan Saleh/AFP
A alternativa, especilamente para os jornalistas que precisam de algo para "hoje", é recorrer para a comparação. O que não constitui, em si, grande problema, contanto que se tenha sempre em mente que uma comparação em história é (sempre) como olhar um sózia: parece muito com fulano, mas não é a mesma pessoa. É o que acontece quando chamamos os movimentos políticos que estão acontecendo no norte da África e Oriente Médio desde o começo deste ano. Apesar das diferenças de nomenclatura entre um jornal e outro, tem crescido o uso do termo "Primavera Árabe". Mas o que significa esta expressão?
A referência mais clara é à "Primavera dos Povos" acontecida em 1848 na Europa Central. Um onda de protestos razoavelmente autônomos varreu o continente indo da França até a Hungria, passando por Alemanha, Itália, Áustria e demais territórios no meio do caminho. Como é de se esperar os acontecimentos de 1848 não foram um raio em meio ao céu azul e foram tomando corpo em anos anteriores guardando particularidades em cada região da Europa. Em alguns lugares reuniu questões nacionalistas, então emergentes, e reivindicaram independência de seus territórios. Em outros as reivindicações partiam de camponeses sem terra e trabalhadores urbanos vivendo de forma precária. Ou ainda, havia uma baixa burguesia que ansiava por maior relevância política.
Quase 60 anos antes tivera início a Revolução Francesa, movimento burguês que contou com a presença maciça da população mais pobre em seu momento mais radical, quando da ação dos jacobinos. O questionamento da sociedade do Antigo Regime, o fim dos privilégios da nobreza e do clero, bem como dos mais variados monopólios, abriu perspectivas novas para a burguesia industrial e comercial. A radicalização do movimento definitivamente atrapalha os planos desse grupo social, de modo que a ascenção de Napoleão Bonaparte configurou-se como um processo de consolidação dos ganhos anteriores.
Por mais que Napoleão constituisse um governo mais autoritário do que imaginava-se com a República instaurada após a execução de Luiz XVI, ainda assim o general mantinha e propagava ideais da Revolução, especialmente no campo jurídico e econômico. Assim, a expansão napoleônica significou também um "espalhamento" desses princípios pela Europa continental, de Portugal, a oeste, até os limites da Rússia, a leste.
No entanto, a derrota de Napoleão nos campos de batalha levou inevitavelmente a uma rodada de discussões acerca do futuro dos países europeus. O Congresso de Viena - reunião desses países com destaque para Áustria, Rússia e Inglaterra - decidiu o retorno à antigas fronteiras e dos antigos governos. O que na prática significou o retorno das antigas dinastias e casas reais ao poder nos Estados do continente. Porém, não era mais possível voltar ao antigo absolutismo. Poderíamos dizer que as mentes estavam definitivamente contaminadas pelas ideias da Revolução. Na França, por exemplo, o retorno à monarquia significou a instauração de um regime constitucional.
(Continua...)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Os livros e o mundo

Sou um tanto inexperiente com relação ao uso do Twitter, tanto é que ele ainda não está integrado ao blog. Não sei ao certo qual o melhor uso para esta ferramenta, mas eu a uso para "reunir" notícias. Sigo vários jornais, museus, sites oficiais e agências de notícias, assim não preciso ficar entrando em diversos sites todo dia. Além disso, sigo alguns blogs. Um deles chama-se Livros só mudam pessoas e defende uma bandeira que considero muito nobre: o aumento de leitores.
Vez ou outra este blog posta algumas listas, os "10 livros que (alguma coisa)". Não sei se alguém já tentou montar um lista, mas não é nada fácil. Há um filme chamado Alta Fidelidade, baseado no livro homônimo de Nick Hornby, no qual um dos personagens tem por mania fazer listas. Depois que vi o filme tentei fazer as minhas 10 músicas favoritas, então diminui para 5 e estou até hoje sem saber quem merece ocupar a 1a. posição. A verdade é que toda lista é muito subjetiva e os critérios nem sempre são claros.
Bom, mas o blog Livros só mudam pessoas gosta de listas e postou recentemente uma com os "10 livros que estragaram o mundo", assinada por "Liliana". Seria muito forte dizer que discordo da lista, mas não concordo com tudo, a começar pelo título. Livro estraga o mundo ou as pessoas (leitoras ou não) o estragam?
A autora toma o cuidado de destacar logo no início que as leituras muitas vezes equivocadas causaram males, em alguns casos, superiores ao benefício da circulação das ideias ali contidas. Sou levado a concordar quando penso no 7o. colocado: Minha Luta, de Adolf Hitler. O único benefício da publicação deste livro em 1924 teria sido alertar o mundo para os riscos da ascensão de Hitler e dos nazistas ao poder. Porém "ninguém" prestou atenção ou, mais provável, poucas pessoas viram algum inconveniente em um defensor da pureza étnica, da eliminação de judeus, do expansionismo militar e do nacionalismo chauvinista ocupar o poder que veio a ocupar. Quando, em 1933, Hitler finalmente conseguiu o que tanto queria, se tornar o líder supremo da Alemanha, enquanto Inglaterra e França (ou qualquer outro país da Liga das Nações) mantiveram-se em considerável silêncio. Nem mesmo depois que o governo alemão começou a se armar, anexar os Sudetos, a Áustria, etc., essa posição mudou.
E porque não fizeram nada? Porque provavelmente os governos dos demais países concordavam em parte com esta lista. Na 2a. posição consta o Manifesto do Partido Comunista, de Marx e Engels, escrito em 1848. Este livro estragou o mundo? A não ser que, sob uma lógica extremamente conservadora, se considere que propor uma alternativa à exploração dos trabalhadores seja estragar o mundo. E nunca é demais deixar claro que da ideia à prática há uma enorme distância, tanto é que nem o marxismo se resume ao Manifesto, nem os regimes comunistas que existiram ao longo do século XX foram inspirados apenas neste livro escrito em sintonia com um mundo muito específico: a luta operária de meados do século XIX na Europa Central.
No entanto, o pavor gerado nos capitalistas (liberais na economia e conservadores na política) pela crítica comunista levou a uma interpretação muito peculiar do mundo no século XX, ainda mais depois da Revolução Russa de 1917: a onda vermelha poderia varrer todo o globo e isso era inadmissível para eles. Diante deste medo doentio e desejo supremo de garantir seus ganhos com a propriedade privada, os governos europeus das décadas de 1920 e 1930 aceitaram que homens como Mussolini e Hitler fizessem o serviço sujo de eliminar comunistas, socialistas e anarquistas. E aquele livro de 1924 que "estragou o mundo" foi ignorado.
Talvez a culpa desta situação se deva à leitura do 8o. lugar da Lista: O Príncipe, de Maquiavel. Segundo a autora do post,

É este livro que sugere a famosa expressão os fins justificam os meios, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico.

Escrito em 1532, O Príncipe tem cara de manual de governo, mas é na verdade um estudo de práticas de governantes segundo a obervação de Maquiavel. Considerar que este livro "estragou" o mundo apenas porque foi lido por Napoleão, Stalin e Hitler, parece-me um bocado absurdo. Ainda mais porque Churchill certamente também o leu, assim como todos que transitam pela política. E se, por um lado todos citam que "os fins justificam os meios" sem que esta frase esteja na obra, por outro lado, esquecem (ou não sabem) que Maquiavel também afirmava que o príncipe pode ser amado ou temido, sendo preferível que seja amado.
Depois de pensar essas três obras fico me perguntando qual o significado do 5o. colocado: Democracia e educação, de John Dewey. Para a autora, o que justifica a presença deste livro de 1916 na Lista é o convencimento do mundo de que a educação não é sobre fatos, e que "a educação está centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do aluno".
Hã? Isso estragou o mundo?!? Concordaria se Liliana tivesse dito que a má interpretação ou má aplicação das ideias de Dewey gerou adultos sem espírito crítico e autonomia intelectual. Mas dizer que a consequência da leitura equivocada de Democracia e educação levou a "uma geração de jovens com uma educação de qualidade inferior, que carece de uma sólida fundação em fatos e conhecimentos"?!
Certamente se houvesse mais espírito crítico não veríamos o século XX que vivemos onde os leitores de Minha Luta puderam combater com armas em mãos os leitores do Manifesto do Partido Comunista sem que sofressem qualquer interferência dos liberais-conservadores leitores equivocados de O Príncipe.

sábado, 14 de maio de 2011

Sugestão de leitura

Na verdade é quase uma leitura obrigatória, uma lição de casa. Ao fim de uma semana cheia de polêmicas nas redes sociais (especialmente para os paulistanos), o colunista da Folha, Luiz Caversan, apresentou um texto muito lúcido a respeito das recentes manifestações de intolerância: contra homossexuais, pobres e judeus. Sobrou pra (quase) todo mundo! Se a semana tivesse 9 ou 10 dias, chegaríamos aos ataques a negros, tenho certeza.
De brinde você ganha a oportunidade de refletir sobre democracia e liberdade de expressão em tempos de comunicação on-line.

Bichas, pobres, judeus

Boa leitura!

ENEM 2011

Alunos da 3a. série e vestibulando em geral,

Fiquem atentos!!! O MEC vai publicar na próxima semana o edital com as datas em que ocorrerão as próximas duas provas do Enem. Desta vez teremos duas datas: os exames devem ocorrer em 22 e 23 de outubro deste ano e em 5 e 6 maio de 2012.
Segundo a Folha de S. Paulo:

A realização de mais de um exame anual, prometida em 2009, quando a reformulação do Enem foi anunciada, era vista como uma maneira de dar mais chances para os candidatos a uma vaga no ensino superior e de reduzir a pressão dada por uma seleção baseada em apenas um final de semana de testes.
Além disso, o exame em maio seria usado para selecionar alunos para instituições que têm vestibulares nos dois semestres do ano.


Por garantia, todo mundo aí na torcida para que os problemas do ano passado não se repitam! Eu prefiro acreditar que duas datas de provas evita a pressão, inclusive sobre a organização. A outra opção é pensar que o INEP tem 2 chances de fazer aquela lambança...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Olisanfra II

Pessoal,

Peço desculpas pelas poucas atualizações do blog nesta semana.
Ontem teve início a VII Olisanfra e estou envolvido com a "equipe de mídia" responsável pela cobertura on-line do evento. É a primeira vez que o Colégio realiza algo do tipo e, apesar da disposição e da agilidade dos alunos e ex-alunos membros do time, tem dado bastante trabalho.
Prestigiem o trabalho da "equipe" e a dedicação de nossos alunos-atletas pelo Facebook e pelo Twitter, onde mantemos quatro perfis cobrindo em tempo real e com twitcam as partidas de Futsal, Volêi, Basquete e Handebol.

Ética na vida Contemporânea II

Cartaz elaborado por G. Santucci, aluno da 3a. série.

Hoje encerra o prazo de inscrições e em breve os alunos receberão a confirmação e os textos para leitura prévia. Aguardem!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A informação e seu poder

Estava navegando pela internet quando me deparei com uma notícia curiosa.  A Prefeitura de Taubaté proibiu a venda do jornal Bom Dia, de circulação local, e que havia publicado uma série de denúncias de irregularidades cometidas pela administração do prefeito Roberto Peixoto (PMDB).
Mas o que há de curioso nisso? Afinal, que os meios de comunicação costumam sofrer censura mesmo em plena democracia não é novidade. Irei por partes (como o esquartejador), começando pelas questões mais pontuais.
1. Uma prefeitura não tem poder para silenciar um jornal. Na melhor (ou pior) das hipóteses seria necessário que a Justiça o fizesse. Qual foi a alternativa encontrada pela administração municipal? Criatividade pura: não se impediu a publicação do jornal, apenas foi exigido o cumprimento de uma lei de 1991 que proíbe o comércio ambulante, neste caso os gazeteiros (aqueles jornaleiros que circulam pela cidade). Provavelmente (não conheço Taubaté e seus jornais) a maior parte dos leitores tem acesso ao jornal pelos gazeteiros, sem estes, nada de circulação das notícias e denúncias.
2. Para quem acha que censura a jornais é coisa que só acontece nos estados do Pará, Mato Grosso, Bahia, etc, fique atento. Se há grupos de poder, haverá interesse em controlar a livre circulação de informação.
3. E mais importante: o motivo real deste post.

Informação é poder. Isto é praticamente um clichê, mas apenas porque se trata de uma obviedade. Porém, é importante entender a informação em um sentido amplo. Não se trata apenas de denúncias, queixas e críticas de grupos descontentes. Pensemos também em dados que auxiliam o planejamento e a administração (censos, índices econômicos e sociais, etc.), ou a segurança (estado das fronteiras, agitações populares em regiões ou cidades, etc) e por isso merecem total atenção de qualquer instância do Estado.
Os grandes impérios, desde a Antiguidade, dedicavam especial cuidado à manutenção de redes de estradas percorridas constantemente por mensageiros, funcionários especializados na reunião de informações, e, finalmente, formas de levar as informações desejadas aos ouvidos da população.
É importante lembrar que até o século XX a vida política não passava pela massa da população e, via de regra, eram as cidades capitais as que respiravam mais intensamente os humores da política.
Nesse sentido, um dos casos mais expressivos foi a Paris do século XVIII. Ao longo do século já crescia a publicação de livros, mas o público leitor não era significativo devido às altas taxas de analfabetismo. No entanto, não eram raras as leituras coletivas "popularizando" ideias que nem sempre agradavam o Rei, a Nobreza ou a Igreja. A resposta era só uma: em pleno Estado Absolutista a censura era algo, por assim dizer, habitual. A liberdade de expressão, enquanto valor, não existia como nós pensamos.
Já nas últimas décadas do século XVIII com os ânimos cada vez mais exaltados graças ao desemprego, aos gastos públicos (e militares) elevados, crise de abastecimento, aumento nos impostos e nenhuma participação política, os "ataques com palavras" se multiplicaram. Não só livros, mas principalmente jornais, cartazes e panfletos passaram a circular pela capital do reino informando a população. A informação devastou a Corte. Os problemas isolados, as insatisfações de grupos variados, transformaram-se em motivos para uma contestação coletiva: a Revolução Francesa. Neste caso, a informação foi arma das mais poderosas contra o status quo.

Voltando ao Prefeito de Taubaté, ele está errado em tentar barrar a circulação de informação? Do ponto de vista de quem está no poder e quer garantí-lo a todo custo, não. Mas dentro de um Estado Democrático essa atitude é, no mínimo, arbitrária. Cabe aos que são contrários descobrirem meios de burlar essas amarras. Os revolucionários do século XVIII descobriram o uso do jornal, os rebeldes (revolucionários?) dos países árabes descobriram o uso do twitter e redes sociais. No fundo, a ideia é a mesma.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ética na vida contemporânea

Pessoal,
Reforçando a divulgação, já é possível fazer a inscrição pelo site do Colégio para o II Debate com Reflexão: "Ética na vida contemporânea", que ocorrerá no dia 20 de maio (sexta-feira), das 14h às 16h.
É fundamental que os interessados aguardem um e-mail confirmando a inscrição e no qual virá anexo o material para leitura prévia.
As inscrições vão até o dia 13 ou enquanto houver vagas!

Inscrições AQUI.

Política: teoria e prática

É recorrente discutirmos em sala os significados da ação política e a compreensão dessa prática. Fazemos política diariamente: desde as discussões do Grêmio até as eleições nacionais, passando pelas reuniões de condomínio. Porém, não são poucas as pessoas que dizem odiar política e tentam a todo custo evitá-la, como se isso fosse possível. O triste é que não poucas vezes aqueles que fogem da política (debate ou ação) acabam por entregar seu poder como cidadão a outras pessoas que se beneficiam de sua omissão. Ao mesmo tempo, passa-se a reclamar que "o brasileiro não sabe votar" ou que "este país não tem jeito". Sim, é mais cômodo. Não, não resolve nada.
Por outro lado, quando se evita a política evita-se também refletir sobre os desdobramentos de certas práticas. Algumas pessoas vão se tornando até mesmo incapazes de entender o significado de "populismo".
Populismo (ou demagogia, para alguns) é, em poucas palavras, oferecer o que o povo quer de imediato a fim de tê-lo como apoio fácil. Aparentemente é democracia, mas na prática é pura manipulação, uma política "pelo povo, mas sem o povo". Aditivado pelo paternalismo - traduzível por "não se preocupe, sei do que você precisa" - o populismo beneficia quem está no poder sem estimular o debate democrático e a participação ampla de cidadãos plenos.
Quem sabe fique mais claro com o discurso abaixo. No dia 3 de maio, as Deputadas Estaduais Clarissa Garotinho, do PR, filha dos ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Garotinho, e Cidinha Campos, do PDT, discutiram de forma agressiva na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Estava em pauta, pelo que pude entender, aumentos salariais para os bombeiros. O clima esquentou depois que Clarissa declarou que o governo atual, de Sérgio Cabral, era “constituído por ladrões”.

Vídeo AQUI.

Veja, não estou defendendo o governo de Sérgio Cabral. Do qual, como paulista, tenho poucas opiniões. Mas me chamou a atenção o discurso de Cidinha Campos não pelos ataques aos Garotinhos, e sim pelas críticas ao "falar o que se quer ouvir". Se eu ouvi bem, o discurso condena a política do espetáculo tão comum ultimamente...
Ah, impressionante como é difícil encontrar mais informações sobre este bate-boca!


P.S. Não faço ideia porque, mas não tenho conseguido incorporar os vídeos do Youtube ao blog.

Olisanfra

Ontem, no final da tarde, fui me encontrar com o Prof. Kaki (esportes) e um grupo de voluntários. A proposta é montar uma equipe para cobrir o evento esportivo chamado Olisanfra, uma espécie de olimpíada escolar bianual reunindo vários colegios convidados.
Como nunca se fez uma cobertura de mídia, tudo é novo, tudo precisa ser organizado do zero e sem qualquer ideia do que dá resultados ou não. Por outro lado, nunca houve tanto recurso disponível: site do Colégio, Twitter (e a TwitCam), YouTube, etc. E todo aluno sabe usar essas coisas, até quando não deve (p. ex.: na sala de aula).
O que eu estranhei foi a falta de alunos atuais, pois tinha mais ex-aluno disposto a colaborar. A proposta é que aqueles que não se interessam pelas competições poderiam participar de outra forma.
De toda forma, o grupo parecia muito interessado e as possibilidades são muito grandes.
Que comecem os jogos!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

II Reflexão com Debate

No final do ano passado fizemos uma experiência piloto batizada de Reflexão com Debate. A ideia, um tanto óbvia, era reunir interessados em discutir um tema específico - naquela ocasião foi "eugenia" - a partir da leitura prévia de textos que abordem vários aspectos do mesmo assunto. Por isso buscou-se a participação também de professores das mais diversas disciplinas, permitindo um ambiente realmente multidisciplinar.
Vai continuar só assistindo?
O piloto foi muito interessante e contou com um grupo bem engajado que opinou pela necessidade de outros encontros e que não fossem anuais. Pensando nisso voltamos a planejar outro RcD para este primeiro semestre de 2011, mas dessa vez contando com a colaboração ativa de parte dos alunos que participaram da atividade de 2010. A divulgação, organização dos espaços e das inscrições está tudo sob responsabilidade de um grupo de alunos da 3a. série. Portanto, se você tem interesse em participar, fique atento ao pessoal que passará em sua sala para expor a proposta nos próximos dias!
O tema desta vez será Ética na vida contemporânea e todos os alunos do Ensino Médio estão convidados.
Vamos ver no que vai dar!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Cinema no Colégio

Gostaria de dar os parabéns ao pessoal das 3as. séries que participou do debate sobre o filme A Onda, hoje à tarde. Bela postura durante a exibição do filme, clima leve e descontraído, mas um debate realmente rico. É sempre bom passar a tarde entre pessoas interessadas.
Vamos fazer mais vezes!

Uma ideia de igualdade

Os homens mudam junto com seus pensamentos, contudo há ideias que permanecem por mais tempo compondo uma mentalidade coletiva. Como herdeiros da sociedade ocidental europeia, bebemos também da fonte do Iluminismo que viria a influenciar a Revolução Francesa, marco significativo das ideia e práticas contemporâneas (apesar de muitos defenderem uma tal pós-modernidade).
Como estímulo à reflexão sobre a persistência e a superação de certos pensamentos ofereço a divertida leitura de um trecho do Dicionário Filosófico de Voltaire. O autor francês, um dos mais conhecidos iluministas, sempre foi um autor cheio de ironia e sarcasmo, mesmo quando falava seriamente. Para Voltair, o riso era uma arma para a crítica dos costumes. O que, no entanto, nos obriga a ter muita atenção, pois facilmente podemos nos perder na piada e desconsiderar a reflexão do filósofo.

E fica a pergunta: afinal, Voltaire defendia a igualdade? Ou seria o caso de perguntar que igualdade Voltaire defendia?


IGUALDADE
Que deve um cão a um cão, um cavalo a um cavalo? Nada. Nenhum animal depende de seu semelhante. Tendo porém o homem recebido o raio da Divindade que se chama razão, qual foi o resultado? Ser escravo em quase toda a terra.
Se o mundo fosse o que parece dever ser, isto é, se em toda parte os homens encontrassem subsistência fácil e certa e clima apropriado a sua natureza, impossível teria sido a um homem servir-se de outro. Cobrisse-se o globo de frutos salutares. Não fosse veículo de doenças e morte o ar que contribui para a existência humana. Prescindisse o homem de outra morada e de outro leito além do dos gansos e capros monteses, não teriam os Gengis Cãs e Tamerlões vassalos senão os próprios filhos, os quais seriam bastante virtuosos para auxiliá-los na velhice.
No estado natural de que gozam os quadrúpedes, aves e répteis, tão feliz como eles seria o homem, e a dominação, quimera, absurdo em que ninguém pensaria: para que servidores se não tivésseis necessidade de nenhum serviço?
Ainda que passasse pelo espírito de algum indivíduo de bofes tirânicos e braços impacientes por submeter seu vizinho menos forte que ele, a coisa seria impossível: antes que o opressor tivesse tomado suas medidas o oprimido estaria a cem léguas de distância.
Todos os homens seriam necessariamente iguais, se não tivessem precisões. A miséria que avassala a nossa espécie subordina o homem ao homem - O verdadeiro mal não é a desigualdade: é a dependência.
Pouco importa chamar-se tal homem Sua Alteza, tal outro Sua Santidade. Duro porém é servir um ao outro.
Uma família numerosa cultivou um bom terreno. Duas famílias vizinhas têm campos ingratos e rebeldes: impõe-se-lhes servir ou eliminar a família opulenta. Uma das duas famílias indigentes vai oferecer seus braços à rica para ter pão. A outra vai atacá-la e é derrotada. A família servente é fonte de criados e operários. A família subjugada é fonte de escravos.
Impossível, neste mundo miserável, que a sociedade humana não seja dividida em duas classes, uma de opressores, outra de oprimidos. Essas duas classes se subdividem em mil outras, essas outras em sem conto de cambiantes diferentes.
Nem todos os oprimidos são absolutamente desgraçados. A maior parte nasce nesse estado, e o trabalho contínuo impede-os de sentir toda a miséria da própria situação. Quando a sentem, porém, são guerras, como a do partido popular contra o partido do senado em Roma, as dos camponeses na Alemanha, Inglaterra, França. Mais cedo ou mais tarde todas essas guerras desfecham com a submissão do povo, porque os poderosos têm dinheiro e o dinheiro tudo pode no estado. Digo no estado, porque o mesmo não se dá de nação para nação. A nação que melhor se servir do ferro sempre subjugará a que, embora mais rica, tiver menos coragem.
Todo homem nasce com forte inclinação para o domínio, a riqueza, os prazeres e sobretudo para a indolência. Todo homem portanto quereria estar de posse do dinheiro e das mulheres ou das filhas dos outros, ser-lhes senhor, sujeitá-los a todos os seus caprichos e nada fazer ou pelo menos só fazer coisas muito agradáveis. Vedes que com estas excelentes disposições é tão difícil aos homens ser iguais quanto a dois pregadores ou professores de teologia não se invejarem.
Tal como é, impossível o gênero humano subsistir, a menos que haja infinidade de homens úteis que nada possuam. Porque, claro é que um homem satisfeito não deixará sua terra para vir lavrar a vossa. E se tiverdes necessidade de um par de sapatos, não será um referendário que vo-lo fará. Igualdade é pois a coisa mais natural e ao mesmo tempo a mais quimérica.
Como se excedem em tudo que deles dependa, os homens exageraram essa desigualdade.
Pretendeu-se em muitos países proibir aos cidadãos sair do lugar em que a ventura os fizera nascer. O sentido dessa lei é visivelmente: Este pais é tão mau e tão mal governado que vedamos a todo indivíduo dele sair, por temor que todos o desertem. Fazei melhor: infundi em todos os vossos súditos o desejo de permanecer em vosso estado, e aos estrangeiros o desejo de para aí vir.
Nos íntimos refolhos do coração todo homem tem direito de crer-se de todo ponto igual aos outros homens. Daí não segue dever o cozinheiro de um cardeal ordenar a seu senhor que lhe faça o jantar; pode todavia dizer: "Sou tão homem como meu amo; nasci como ele chorando; como eu ele morrerá nas mesmas angústias e com as mesmas cerimônias. Temos ambos as mesmas funções animais. Se os turcos se apoderarem de Roma e eu virar cardeal e meu senhor cozinheiro, tomá-lo-ei a meu serviço". Tudo isso é razoável e justo. Mas, enquanto o grão turco não se assenhorear de Roma, o cozinheiro precisa cumprir suas obrigações, ou toda a humanidade se perverteria.
Um homem que não seja cozinheiro de cardeal nem ocupe nenhum cargo no estado; um particular que nada tenha de seu mas a quem repugne o ser em toda parte recebido com ar de proteção ou desprezo; um homem que veja que muitos monsignori não têm mais ciência, nem mais espírito, nem mais virtude que ele, e que se enfade de esperar em suas antecâmaras, que partido deve tomar? O da morte.


O livro todo está disponível para download no Domínio Público.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Qual a educação que queremos?

Discutir o melhor modelo de educação é assunto que não acaba mais. E não importa se entre professores ou pessoas nem tão da área assim. O que eu não vejo é estudante falando sobre o que espera da própria educação.
Esta semana saíram alguns resultados de discussões que estavam em andamento há algum tempo a respeito de mudanças na área: aumento de carga horária e possibilidade de criação de áreas dentro do ensino. Por ora são apenas indicativos, a prática vai demorar um pouquinho ainda, de modo que nenhum dos meus atuais alunos verão as mudanças, ao meu ver, positivas.
O aumento da carga horária (aproximadamente uma hora a mais por dia), é sonho antigo dos educadores, especialmente dos que atuam no ensino público. Parte das escolas privadas já possuem uma grade extendida, porém o paraíso será o período integral. Claro que não um dia inteiro de sala de aula tradicional, porém é difícil negar os benefícios de uma educação mais ampla e que contemple um desenvolvimento mais plural do estudante.
O outro ponto em questão é a flexibilização dos currículos. Primeiramente, pretende-se permitir que o Ensino Médio tenha mais de 3 anos, o que seria ótimo para o ensino noturno que acaba espremido por causa da legislação atual. A outra parte da proposta é permitir que as escolas montem um programa pedagógico mais flexível e que o aluno possa optar por uma entre quatro áreas de atuação: ciência, tecnologia, cultura e trabalho (?). É clara (e interessante) a relação com os cursos técnicos e a constatação de que a formação dos trabalhadores brasileiros como um todo é falha. Mas também fica evidente a preocupação com a construção de uma escola mais "democrática" e adequada aos estudantes atuais.
Seria também louvável se essa revisão das diretrizes para o Ensino Médio de algum modo estimulasse a reflexão sobre os vestibulares e o entendedimento da formação universitária. Ao meu ver, devido a falhas da formação do Ensino Médio e do desenvolvimento do mercado de trabalho brasileiro criou-se a "mania" (por falta de palavra melhor) de considerar que a única formação válida é a universitária. Por consequência, todo o ensino ficou voltado para os vestibulares: estuda-se para passar no vestibular e não para aprender algo consistente. Mas só precisamos de profissionais diplomados?
Por fim, vejo aí um efeito colateral curioso. Pensando em meus alunos que sofrem para escolher uma carreira no vestibular, como seria ter de escolher uma área de "concentração" já no começo do Ensino Médio? Acredito que todos sejam capazes de tomar uma decisão desse porte, só vamos ter de abandonar aquele ritmo "quando chegar na 3a. série eu decido (ou começo a me preocupar)...".
Será que os estudante conseguirão pensar a educação como algo de seu interesse e não só como desejo de seus pais?

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ecotudo

Por mais que a ecologia não seja uma bandeira ainda tão forte por aqui como é na França, na Alemanha e em outros países europeus, as pessoas já falam abusando do eco- alguma coisa. O Brasil definitivamente incorporou o discurso ecológico, mas infelizmente pouco se faz de efetivo no sentido de alcançar uma prática ecológica. Imagino que quase toda criança sabe dizer o que é "biodegradável", ou o que significa "reciclagem", e em breve o mesmo acontecerá com o termo "sustentabilidade" (atual vedete da publicidade!).
É bem comum confundir-se a incrível taxa de reciclagem das latinhas de alumínio com consciência ecológica. Neste caso em especial não se modificou nada, as latinhas só são recicladas porque representam uma possibilidade de renda para muitas famílias, não representando uma opção por uma forma de consumo mais sustentável.
O que poucas pessoas (considerando o universo cotidiano e não os estudiosos e ativistas) visualizam é que o tal "desenvolvimento sustentável" ou a "consciência ecológica" implicam em profunda modificação em nosso modo de vida. Para alguns seria uma autêntica revolução, pois questionaria toda a lógica liberal capitalista em que vivemos ao menos desde o século XIX.
Vejam o trecho de um interessante artigo de Cândido Grzybowski:
Aqui e agora precisamos transformar nossos ideais, modos de pensar e os sistemas políticos, econômicos e técnicos que sustentam o desenvolvimento. A ruptura tem de ser total, de ponta-cabeça. Passar de uma civilização industrial e produtivista para uma biocivilização, comprometida com a vida no planeta, implica verdadeira revolução.
A ruptura é espinhosa. O desenvolvimento está incrustado na gente, é um valor. Desenvolvimento lembra imediatamente progresso. E quem não quer progresso? O problema é que deixamos de discutir a qualidade de vida que nos traz o progresso.
Quanto de lixo, poluição e destruição estão associados a esse progresso?
Basta lembrar o carro, um dos protótipos atuais do modelo de desenvolvimento. As nossas cidades são desenhadas para eles e não para nós, cidadãs e cidadãos. E, no entanto, quase não andamos, por conta dos monumentais engarrafamentos.
Será que para viver bem precisamos sempre de mais? Ter mais e mais bens, trocados sempre porque estragam logo (feitos para não durar) ou pela compulsão, que o ideal nos impõe, de adquirir o último modelo. Isso só gera destruição em todo ciclo, da extração das matérias-primas ao lixão onde jogamos os bens em desuso. Já paramos para pensar quem está ganhando nessa história? (Grzybowski, Cândido. "Mudar mentalidades e práticas: um imperativo". In: Le Monde Diplomatique, 02.10.2009)
 Para o autor trata-se de recriar a atual civilização em novas bases ou, do contrário, nos "consumiremos". Mesmo segundo os menos "revolucionários", a única saída seria uma mudança radical nos nossos padrões culturais.
Numa leitura ingênua poderíamos nos perguntar mais uma vez a respeito dos 3 Rs do desenvolvimento sustentável: reduzir, reciclar e reutilizar. Como é possível reduzir e reutilizar se a cada minuto somos incentivados a consumir mais, a comprar mais, sempre em busca do mais novo, do mais moderno, do último lançamento?
Não por acaso o Colégio tem estimulado constantes reflexões desde as séries iniciais da escola e este ano voltaremos a trabalhar a temática em um projeto interdisciplinar com as 2as. séries do Ensino Médio.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Debret e as imagens do Brasil

É comum na história das artes que algumas obras se transformem em ícones. Essas obras acabam extrapolando até mesmo o universo artístico ou círculo de especialistas, circulando até mesmo pela publicidades e meios mais populares. Podemos dizer que é o caso de uma Mona Lisa, você pode não entender absolutamente nada de arte, mas aquele meio sorriso lhe será familiar.
Guardadas as devidas proporções, quando se estuda história do Brasil ocorre o mesmo com duas obras, ou melhor, com uma obra específica e um artista, de modo mais amplo. Eu arriscaria dizer que independente de você ter ido alguma vez ao Museu do Ipiranga em São Paulo ou mesmo de saber quem foi o pintor, ao ver a imagem abaixo terá a certeza de já a ter visto em algum lugar
"Independência ou morte!", de Pedro Américo
O quadro é "Independência ou morte!", do pintor Pedro Américo, e deve ilustrar 9 em cada 10 livros didáticos (isso se não estiver em todos!), se tornando quase maior que o próprio tema do retratado. Esquece-se com frequência que o quadro é uma celebração ao momento da independência brasileira e não uma espécie de fotografia do ocorrido. Portanto, trata-se de uma representação como desejava o Governo Imperial em 1888,  quando o pintor entregou o quadro conforme lhe havia sido encomendado.

Cena doméstica retratada por Debret
Outro artista icônico é Jean-Baptiste Debret, pintor e desenhista francês que chegou ao Brasil na Missão Artística Francesa em 1816. Membro da "escola" neoclássica, Debret não só veio para ensinar pintura e desenho como acabou responsável por uma série de obras realizadas ao longo de sua estada no Rio de Janeiro e de sua viagem pelo Brasil. Depois de 15 anos por aqui, Debret havia retratado paisagens, costumes, tipos humanos, além da própria Corte.Pode verificar seu livro didático, tenho certeza que há alguma aquarela ou desenho de Debret. Talvez um escravo sendo castigado, uma dança ou festividade afro, ou uma paisagem urbana do Rio, entre outras possibilidades.
Mas para quem prefere ver o original, temos a possibilidade de dar um pulinho até a Avenida Paulista e conferir a exposição Debret – Viagem ao Sul do Brasil que entra em cartaz na Galeria Vitrine da Caixa Cultural (Conjunto Nacional) nesta quarta-feira, dia 4, e segue até 19 de junho.
Segundo o Catraca Livre:
“Debret – viagem ao Sul do Brasil” apresentará dois conjuntos de obras. O primeiro traz as célebres aquarelas feitas pelo artista na viagem ao Sul do Brasil, em 1827, na comitiva do imperador D. Pedro I, que percorreu os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O artista pintou belas marinhas da costa sul brasileira, paisagens da mata nativa, índio, brancos e negros e seu cotidiano, destacando-se as festas e as tradições populares.
No segundo, os visitantes poderão conferir as aquarelas realizadas no Rio de Janeiro, que retratam a vida urbana na Corte. Toda a pompa do Império, o dia a dia de escravos – seus hábitos, vestimentas, os trabalhos por eles executados -, toda a crônica do cotidiano urbano da cidade e de seus habitantes transparecem nas aquarelas de Debret.
Digo sem medo de errar que se trata de uma exposição de visitação obrigatória, tanto pela temática quanto pela representatividade do artista para a história do Brasil. Para aqueles que só entendem a linguagem dos vestibulares, se você vê antes se prepara melhor para a prova.


Serviço:
Data: de 04.05 a 19.06
Horário: de terça a sábado, das 9h às 21h; aos domingos, das 10h às 21h
Local: Caixa Cultural - Vitrine Paulista (Conjunto Nacional)
Endereço: Av. Paulista, 2083. Consolação - Centro.
Telefone: (11) 3145-6600
Entrada FRANCA

Leitura extra

Acabamos de ver nas aulas da 3a. série a Crise de 1929 e iniciamos o estudo do Nazi-fascismo. Se tudo correr bem e alguma força sobrenatural colaborar chegaremos até o fim do bimestre à história do Brasil com a crise da República Velha e o Estado Varguista. Mas até lá tem um pouco de chão.
Em todo caso, fica como sugestão de leitura extra um conjunto de artigos diferentes. O tema principal é a história das Copas do Mundo de 1930, 1934 e 1938, mas tudo está intimamente articulado com o contexto político e econômico da época (ou seria o contrário?).
Como o material é um pouco grande para o blog (6 páginas), deixei para download no site do Colégio.

Boa leitura!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Qual a real dimensão?

Não poderia deixar de comentar, mas ao mesmo tempo não é um assunto que me motive grandes reflexões. Talvez seja o esgotamento do tema. Ouço a palavra "terrorismo" e imediatamente surgem na minha cabeça duas imagens: ou uma explosão suicida ou um ataque militar em nome de uma guerra ao terror. E em ambos os caso a morte de inocentes é um brinde obrigatório.
Então hoje olhei as notícias na internet e dei de cara com a morte do Bin Laden. Sendo sincero, beeem sincero, primeiramente duvidei para logo depois dizer "e daí?". É claro que tem importância, mas no momento não sei dizer qual a real dimensão para nós, aqui no Brasil, da execução deste assassino.
Entretanto, uma coisa me deixou bem impressionado. As fotos da população estadunidense comemorando nas ruas. Não sinto pela morte de Bin Laden, mas me causa algo estranho brindar à morte, agradecer à deus e entoar gritos de alegria e alívio...

(P.S.: Não coloquei nenhuma das fotos que circulam por aí para não ferir os direitos autorais dos jornais...)


Leia+
Não deixe de ler a coluna Janela para o mundo de Clóvis Rossi: A morte não mata o discurso

Lembrete

Pessoal das 3as. séries,

Na sexta-feira, dia 6 de maio, teremos a exibição do filme A Onda às 14h, lá no Auditório. A presença é opcional, mas a seriedade é obrigatória!
Peço que confirmem a presença comigo na quarta-feira. Para quem estiver disposto, depois do filme faremos um pequeno debate.

Abraços